quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Folha começa sabotagem das investigações sobre plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vice-presidente Geraldo Alckmin (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil )

“Jornal se alia às teses bolsonaristas e tenta desqualificar provas e indícios reunidos pela Política Federal”, escreve o colunista Moisés Mendes

Moisés Mendes

Qual foi a contribuição da grande imprensa para o desvendamento de detalhes encobertos do plano golpista contra Lula, que teve fases antes e depois da eleição e mesmo depois da posse? Zero. Nada. Não há contribuição alguma.

Sabe-se tudo sobre o golpe pelas investigações realizadas até aqui. São provas, indícios, evidências e suspeitas que se acumulam desde antes do 8 de janeiro.

Tudo o que vira notícia foi divulgado a partir dos resultados oferecidos pela Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário, em especial o ministro Alexandre de Moraes.

A grande imprensa não acrescentou uma vírgula ao que foi produzido pelo sistema de Justiça. É constrangedora a incapacidade das organizações de mídia na produção de informações relevantes sobre o plano golpista.

Essa inação é produto da falta de vontade e de iniciativa dos comandos das grandes corporações e das chefias das suas redações. Os profissionais da mídia hegemônica não foram mobilizados para fazer o que foi feito, como exemplo histórico, durante a ditadura.

E o que fez a Folha agora? Publicou nessa quarta-feira um texto em que tenta descontruir provas e indícios apresentados pelas investigações sobre o plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. A Folha fez uma lista de ‘lacunas’, apenas um dia depois das prisões.

Um dos pontos desqualificados pelo jornal é o da reunião na casa de Braga Netto, com Mauro Cid, o major Rafael Martins de Oliveira e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, três dias antes de 15 de novembro de 2022, a data do plano criminoso depois abortado. Oliveira e Lima estão presos desde terça-feira.

Segundo a Folha, não há provas de que Braga Netto e os outros três teriam tratado dos assassinatos. Para a Folha, é pouco dizer que pelo menos dois envolvidos trocaram mensagens entre si, informando sobre a reunião no local, nas circunstâncias que todos conhecem.

A Folha talvez espere que apareça um documento, uma fala ou uma delação que diga o seguinte: ‘Estamos aqui reunidos, nesse dia 12 de novembro, para definir como e quando matar Lula, Alckmin e Moraes’.

A Folha sabe que nem mafiosos profissionais são tão explícitos. Mesmo assim, pergunta-se: por que essas e outras dúvidas, todas elencadas com o tom de advogado de defesa dos golpistas? Talvez porque a Folha esteja avisando, mais uma vez, que irá sabotar as conclusões das investigações.

Essa é a Folha que em agosto escalou Glenn Greenwald para a empreitada de desqualificar o trabalho de Alexandre de Moraes no cerco aos golpistas, ao anunciar que tinha mensagens demolidoras trocadas entre assessores do ministro.

A mesma Folha que, segundo o próprio Greenwald, teria seis gigabytes de arquivos com dinamite suficiente para implodir os inquéritos conduzidos por Moraes, e que acabou recuando diante das suspeitas de que trabalhava para a extrema direita.

Agora, o jornal poderia ter se dedicado a entender o encadeamento coerente dos fatos relatados nas investigações, para montar o roteiro que leva ao plano do golpe.

Optou pela tentativa de desmonte do que foi feito, pouco mais de 24 horas depois das primeiras informações sobre os trabalhos da Polícia Federal. Em apenas um dia a Folha consegue fazer o que não fez, pelo jornalismo, em dois anos desde o planejamento do golpe, logo depois da eleição de Lula.

A apressada lista de lacunas elaborada pela Folha reafirma a índole do jornal como colaboracionista assumido de golpistas.



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