Trump toma posse como presidente dos EUA (Foto: Morry Gash/Pool via REUTERS)
"O ódio sobe um nível a partir de agora", escreve Márcia Tiburi
Márcia Tiburi
O discurso de posso de Donald Trump não deve ter espantado ninguém. O demagogo estadunidense falou tudo o que se esperava dele nos termos da agenda fascista.
Requintes de confusão para os desavisados têm uma função especifica. Ao citar Martin Luther King, ao falar em favor da população asiática e negra e, ao mesmo tempo contra a raça, Trump segue a pauta da extrema-direita. Se fazer passar por alguém digno, homem de bem, dono do seu mundo colonizado, inteiro em sua braquitude, ele falou para os racializados estadunidenses que votaram nele contra o fato de que são negros e latinos. Não devem ter entendido o que fizeram, como uma pessoa pobre não entende que é vitima do capitalismo. Quem é cidadão “americano” estará a salvo de uma deportação, mas os parentes ilegais serão expulsos com a ajuda compulsória dos próprios primos. Trump também falou que os americanos derrotaram fascistas e comunistas mostrando não saber nada do passado, do presente e, do futuro.
A retórica do desnorteio, certa ambiguidade na fala, a frieza e as certezas cínicas serve para paralisar os ouvintes e impedir a contestação. Nessa linha, Trump falou até contra o fascismo, como se ele não fosse o maior dos fascistas nesse momento. Na linha da promoção da perturbação e do caos, usando palavras como amor e respeito, ele conseguia ser odiento e desrespeitoso, mas usando uma máscara. Misógino e sexista, Trump afirmou que nos EUA haverá apenas dois gêneros de agora em diante como se alguém fosse deixar de ser gay ou lésbica a partir de seu decreto maníaco. Gays de direita podem ter se sentido ofendidos, mas como a submissão ao líder autoritário é uma norma no fascismo, eles apenas abaixaram a cabeça.
O ódio sobe um nível a partir de agora. Imigrantes e população LGBTQIA+ são os principais inimigos declarados pelo arcaico novo presidente. Ódio ao México e ao Panamá, bem como a China e aos países com quem os EUA tem relações comerciais, marcaram a cena. Apitos foram acionados para que comecem os ataques que trazem compensação emocional às massas fascistizadas. De todos os sinais do inferno na Terra - incluso a agenda anti ecológica - e ainda que possa haver muita falação, um deles é que, a extrema-direita raiz não tratará com amor nem seus lambe-botas. Os bolsonaros ficaram fora da festa, como pobres coitados barrados no baile porque Donald Hitler Trump não está pra brincadeira.
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