Os EUA designaram a Ansarallah como uma organização terrorista. (Design: Palestine Chronicle)
Por Robert Inlakesh
Com ataques a usinas de energia, geradores, postos de gasolina e complexos de apartamentos civis do Iêmen, parece que os EUA estão ficando desesperados em sua campanha aérea, devido à falta de inteligência e alvos militares.
O Iêmen é um dos países mais pobres do mundo, mas, em meio a uma guerra civil não resolvida, seu governo Ansarallah, sediado em Sanaa, está conseguindo repelir com eficácia a nação mais rica com o exército mais poderoso do mundo.
Ao contrário das alegações do presidente dos EUA, Donald Trump, de que Ansarallah, no Iêmen, foi "dizimado", mais de 6 semanas após o início do ataque militar americano e do que se estima ter sido um desperdício de cerca de 2 bilhões de dólares posteriormente, o governo de Sanaa está vivo e bem.
Na mais recente série de fracassos dos Estados Unidos no Iêmen, um caça F/A-18 Super Hornet foi forçado a cair no mar para evitar um ataque de míssil contra o porta-aviões USS Harry S. Truman.
Palestine ChronicleEstima-se que o caça custou cerca de 60 milhões de dólares, o que seria adicionado à lista de aeronaves que os EUA perderam durante sua campanha recente, incluindo pelo menos 7 drones MQ-9 Reaper, que custaram cerca de 33 milhões de dólares cada.
Enquanto as munições antimísseis e antidrones dos EUA custam potencialmente centenas de milhões para impedir a entrada de mísseis do Iêmen, estima-se que as munições de Ansarallah sejam construídas a um custo de apenas milhares.
No domingo, cerca de 100 oficiais das Forças Nacionais de Resistência (NRF), apoiadas pelos Emirados Árabes Unidos, decidiram mudar de lado e se juntar ao Ansarallah. Isso foi um golpe enorme que pode ter prejudicado os planos de uma operação terrestre apoiada pelos EUA no Iêmen.
Além disso, manifestações estão ocorrendo no sul do Iêmen contra o "Conselho Presidencial do Iêmen", apoiado pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos, que é sediado em Áden.
Os protestos ocorreram em reação à falta de eletricidade, de serviços básicos e ao declínio econômico, o que deixou cerca de 30% da população do país, que vive sob o governo de Áden, mais pobre, em média, do que o resto da nação sob o governo de Ansarallah.
Até o momento, nenhum líder importante das Forças Armadas do Iêmen ou do Ansarallah foi morto. Também não há indícios de que instalações subterrâneas significativas de mísseis tenham sido destruídas.
Na verdade, os EUA têm usado seus bombardeiros furtivos B-2 para atacar o Iêmen desde pelo menos outubro de 2024, quando o governo Biden não conseguiu derrubar um sistema de túneis construído em uma montanha.
Com ataques a usinas de energia, geradores, postos de gasolina e complexos de apartamentos civis do Iêmen, parece que os EUA estão ficando desesperados em sua campanha aérea, devido à falta de inteligência e alvos militares.
Os indicadores mais recentes desse desespero incluem o bombardeio do Porto de Ras Issa, que matou pelo menos 80 civis sem nenhum alvo militar à vista, e os ataques aéreos mais recentes contra um centro de detenção em Saada. O centro de detenção estava sob a supervisão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e da Cruz Vermelha. Os ataques dos EUA mataram mais de 100 civis, ferindo dezenas, a maioria dos quais eram migrantes africanos.
Esses tipos de ataques, semelhantes a um ataque americano anterior que teve como alvo uma reunião tribal, publicado pelo presidente Trump nas redes sociais, que se gabou disso, são sinais reveladores de que os Estados Unidos estão sem opções e estão matando civis para encobrir seus fracassos.
Enquanto isso, os objetivos da campanha aérea dos EUA, que já matou cerca de 240 civis, certamente não foram alcançados. O Ansarallah não só continua disparando mísseis e drones contra Israel, em apoio a Gaza, enquanto mantém o bloqueio do Mar Vermelho, como também está intensificando suas operações defensivas contra as forças americanas e demonstrando um alto nível de pensamento estratégico.
Em vez de infligir um golpe mortal no Ansarallah do Iêmen e desencorajar seu público, a campanha aérea dos EUA está apenas ajudando a administração sediada em Sanaa a aumentar o apoio popular.
Agora, seu povo o vê enfrentando Israel e os Estados Unidos, recusando-se a se curvar, enquanto as pessoas sob seu governo estão mais bem de vida do que aquelas que vivem sob as autoridades apoiadas pelo Ocidente no Sul.
(A Crônica Palestina)
Robert Inlakesh é jornalista, escritor e documentarista. Ele se concentra no Oriente Médio, com ênfase na Palestina. Ele contribuiu com este artigo para o The Palestine Chronicle.
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