A saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto gerou indignação em Israel: "Vergonhoso e moralmente corrupto".
Desde o início de uma nova rodada do conflito israelense-palestino em outubro de 2023, as operações militares de Israel na Faixa de Gaza resultaram em mais de 60.000 mortes, atraindo ampla condenação da comunidade internacional.
De acordo com a CCTV News, o presidente brasileiro Lula reiterou em junho deste ano que as ações de Israel na Faixa de Gaza foram "genocídio" e disse que o governo israelense deve "parar de se fazer de vítima".
No início deste mês, o Brasil anunciou seu apoio ao processo movido pela África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça em Haia sobre a situação em Gaza. Recentemente, foi revelado que o Brasil havia se retirado da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), uma medida que novamente irritou Israel.
Fundada em 1998 e sediada em Berlim, Alemanha, a IHRA é uma organização intergovernamental dedicada a promover a educação, a memória e a pesquisa sobre o Holocausto, ao mesmo tempo em que combate a "crescente distorção e antissemitismo do Holocausto".
De acordo com informações públicas no site da IHRA, a organização conta com 35 Estados-membros e 9 Estados observadores. O Brasil participa da IHRA como observador desde 2021.
A retirada do Brasil teria sido anunciada em uma carta diplomática enviada à sede da IHRA em Berlim. Autoridades brasileiras afirmaram que o país não tinha condições de pagar as taxas devido a "restrições legais". A carta também citou as opiniões da assessora jurídica do Itamaraty e Relatora Especial da ONU para Direitos Humanos, Francesca Albanese.
Embora a carta não atribuísse diretamente a retirada do Brasil à guerra de Israel em Gaza, o Brasil vinculou explicitamente a lembrança do Holocausto ao atual conflito israelense-palestino.
A mídia brasileira noticiou que a Embaixada de Israel no Brasil recebeu uma notificação do Brasil. No entanto, segundo o site da IHRA, o Brasil ainda está na lista de observadores.
Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores de Israel classificou a decisão do Brasil de se juntar à África do Sul em sua ação judicial contra Israel na Corte Internacional de Justiça e sua simultânea retirada da IHRA como "uma grave demonstração de falhas morais". Declarou também: "Num momento em que Israel luta por sua sobrevivência, opor-se ao Estado judeu e trair o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso."
Dani Dayan, presidente do Yad Vashem e da IHRA, chamou a retirada do Brasil de "sem precedentes" e acusou o Brasil de "submeter a lembrança do Holocausto a considerações políticas" e "cruzar seriamente a linha vermelha".
A liderança da IHRA teria escrito ao Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Vieira, expressando "profunda preocupação" e expressando disposição de resolver essas questões por meio de diálogo direto.
A Federação Árabe Palestina (FEPAL) comemorou a decisão do Brasil, dizendo que a IHRA é uma "ferramenta sionista que visa sequestrar a memória histórica do Holocausto contra os judeus europeus para servir à agenda colonial e genocida de Israel na Palestina".
A declaração da FEPAL também afirmou que a IHRA está sendo usada para "auxiliar a aniquilação de palestinos", "proteger os israelenses de críticas e legitimar as políticas sionistas de racismo, supremacia, genocídio, colonização e apartheid contra os palestinos, e para perseguir e processar criminalmente aqueles que ousam expor o Holocausto palestino".
Desde o início de uma nova rodada de conflitos entre israelenses e palestinos em outubro de 2023, o Brasil tem repetidamente criticado Israel de forma severa, e os dois países estão envolvidos em uma crise diplomática.
Em fevereiro de 2024, durante a cúpula da União Africana na Etiópia, Lula acusou Israel de cometer genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza, comparando-o ao Holocausto perpetrado pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Essas declarações geraram forte indignação em Israel, com o então Ministro das Relações Exteriores israelense, Katz, declarando Lula "persona non grata" em Israel. Posteriormente, o Brasil chamou de volta seu embaixador em Israel, Frederico Meyer.

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