O presidente Donald Trump sobreviveu à mais recente e séria onda de controvérsias sobre o escândalo Epstein? Ou a forma como o governo Trump lidou com a divulgação de informações sobre o processo contra Jeffrey Epstein, um condenado por tráfico sexual de crianças e ex-amigo de Trump, prejudicou o presidente?
Vários jornalistas, citando pesquisas de opinião pública recentes, afirmaram que o escândalo prejudicou Trump. Outros argumentaram que o público em geral superou a situação e que a controvérsia envolvendo Epstein não representa mais uma desvantagem política para Trump.
Mas ambas as conclusões são baseadas em pesquisas limitadas sobre a controvérsia de Epstein e, portanto, podem ser prematuras.
Nossa recente pesquisa nacional da Universidade de Massachusetts Amherst inclui perguntas particularmente detalhadas sobre a controvérsia de Epstein e as atitudes em relação a Trump e, assim, fornece novos insights sobre como a controvérsia afetou o apoio público a Trump.
Descobrimos que a forma como Trump lidou com a controvérsia de Epstein causou danos significativos à sua posição, principalmente entre seus principais apoiadores.
Trump está 'atrapalhando-se com o assunto'
Os americanos estão atentos à prolongada controvérsia envolvendo Epstein. Nossa pesquisa revela que 3 em cada 4 entrevistados ouviram, leram ou viram "muito" ou "algo" sobre Epstein.
Além disso, a maioria acredita que Trump está atrapalhando a situação.
Sete em cada 10 americanos acreditam que Trump não está lidando bem com a questão. Isso inclui a maioria dos apoiadores mais leais de Trump, 43% dos republicanos, 43% dos conservadores e 47% daqueles que votaram nele em 2024.
Quando analisamos os 47% dos eleitores de Trump de 2024 que desaprovam a forma como Trump lidou com a controvérsia de Epstein, encontramos rachaduras significativas na fachada do MAGA. Entre os membros desse grupo, 28% agora desaprovam Trump como presidente.
Quando levamos em conta a demografia, a ideologia, o partidarismo e as avaliações da economia, a desaprovação da forma como Trump lidou com a divulgação dos arquivos de Epstein ainda está associada a um aumento na desaprovação de Trump.
Arrependimento do eleitor
Ainda mais significativo, descobrimos que entre os eleitores de Trump em 2024, opiniões negativas sobre a forma como Trump lidou com os arquivos de Epstein estão associadas a um desejo maior de fazer uma escolha diferente se a eleição de 2024 pudesse ser repetida.
Mais especificamente, entre os eleitores de Trump que acreditam que o presidente lidou mal com a divulgação dos arquivos de Epstein, mais de um quarto – 26% – indicam que não votariam em Trump se tivessem a oportunidade de votar novamente nas eleições de 2024.
Embora não haja novas eleições, está claro que o escândalo de Epstein prejudicou Trump entre sua base de eleitores.
Muita coisa pode acontecer entre agora e as eleições de meio de mandato em novembro de 2026, é claro.
Mas se Trump não conseguir satisfazer sua base política, a percepção entre os eleitores de que ele lidou mal com a controvérsia pode reduzir o entusiasmo e a participação nas eleições. Mesmo que a parcela de republicanos alienados pela controvérsia de Epstein seja relativamente pequena, isso pode prejudicar os republicanos em disputas acirradas.
Faltando mais de um ano, os fatos concretos provavelmente mudarão. Mas, até o momento, a controvérsia sobre a divulgação dos arquivos de Epstein permanece relevante. Se o presidente responderá de forma a satisfazer seus eleitores é uma questão que pode ter consequências políticas importantes.
Este artigo foi republicado do The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.
Tatishe Nteta, professora reitora de Ciência Política e diretora da UMass Amherst Poll, UMass Amherst; Adam Eichen, candidato a doutorado em Ciência Política, UMass Amherst; Alexander Theodoridis, professor associado de Ciência Política, UMass Amherst; Jesse Rhodes, professor associado de Ciência Política, UMass Amherst, e Raymond La Raja, professor de Ciência Política, UMass Amherst.
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