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© Foto: SCF
Ian Proud
strategic-culture.su/
Eles continuam tentando sabotar as negociações de paz em andamento, mediadas pelos EUA.
Se deixados por conta própria, os líderes europeus ficariam satisfeitos com a continuação da guerra na Ucrânia, sem se importarem com o enorme custo humano envolvido, a destruição contínua da infraestrutura, nem com as tendências cada vez mais corruptas e repressivas de Zelensky e seu governo.
Não foi surpresa, portanto, que os europeus tenham se empenhado em sabotar os esforços do presidente Trump – que já são extremamente desafiadores – para pôr fim à guerra. A abordagem dos EUA, caracterizada por uma publicação do vice-presidente JD Vance no LinkedIn, é garantir um plano de paz que seja “aceitável para ambos os lados”.
Esse é um princípio básico da diplomacia. Ninguém realmente vence uma guerra e, para pôr fim a ela, é necessário o domínio dos estadistas, com ambos os lados dispostos a fazer concessões em prol de uma paz mais duradoura. Apesar de continuar a pressionar o avanço do exército russo no campo de batalha e de estar em uma posição econômica muito mais forte para sustentar a guerra, o presidente Putin demonstrou disposição para negociar e traçar uma linha para cessar o derramamento de sangue.
No entanto, como Vance disse em sua postagem, “Existe uma fantasia [na Europa, em Kiev e em alguns setores de Washington] de que, se simplesmente dermos mais dinheiro, mais armas ou mais sanções, a vitória estará garantida. A paz não será feita por diplomatas fracassados ou políticos que vivem em um mundo de fantasia. Ela pode ser feita por pessoas inteligentes que vivem no mundo real.”
A dura realidade é que a Ucrânia também precisará fazer concessões para pôr fim à guerra e que os líderes europeus terão que reconhecer a inevitabilidade disso.
No entanto, depois que os EUA iniciaram negociações de paz detalhadas com a Ucrânia em Genebra, ficou rapidamente claro que os europeus ainda vivem em uma fantasia na qual acreditam poder forçar a Rússia a fazer todas as concessões necessárias para a paz, sem os meios econômicos nem a vontade militar para fazê-lo.
Após a publicação de uma versão inicial do plano de paz para a Ucrânia, com 28 pontos, a mídia ocidental rapidamente divulgou uma nova versão, editada pelos Conselheiros de Segurança Nacional da Alemanha, França e Reino Unido. (Surpreende-me – ou talvez não – que ninguém na mídia ocidental tenha questionado como o documento vazou tão rapidamente.)
O plano inicial dos EUA, com 28 pontos – que era menos um plano e mais uma agenda para as negociações – não era perfeito, de forma alguma, mas incluía elementos que tentavam abordar as preocupações tanto da Rússia quanto da Ucrânia.
O plano editado de 27 pontos dos europeus foi concebido com o objetivo claro de garantir que a Rússia não concordasse com um acordo de paz e continuasse lutando no campo de batalha.
De longe, o principal motivo para isso girava em torno da OTAN. A proposta dos EUA incluía uma cláusula segundo a qual a Ucrânia renunciaria à sua ambição de ingressar na OTAN e a OTAN incluiria em seus documentos constitutivos um compromisso de jamais permitir a adesão da Ucrânia.
A versão europeia alterou isso, permitindo que a Ucrânia ingressasse na OTAN apenas por meio de um consenso entre os membros, o que não existe. Mas isso deixa bastante claro a posição atual da OTAN em relação à adesão da Ucrânia: como não há consenso, a Ucrânia não pode aderir. No entanto, a posição frequentemente declarada pela Rússia é que esse consenso poderá ser alcançado um dia, por exemplo, sob um futuro governo democrata nos EUA. Portanto, tudo isso apenas deixa a porta entreaberta para a Ucrânia aderir um dia. E foi precisamente essa preocupação que o presidente Putin expressou nos frenéticos dias de diplomacia que antecederam o início da guerra: "Se não for amanhã, então o que será depois de amanhã?". Notavelmente, a cláusula 3 do texto preliminar dos EUA, que afirmava que "a OTAN não se expandirá mais", também foi completamente removida pelos europeus (daí o plano europeu ter 27 pontos, e não 28).
Além disso, outros trechos da proposta americana foram suavizados. A promessa de nunca estacionar tropas da OTAN na Ucrânia foi retirada; a cláusula europeia proposta afirmava que as tropas da OTAN não seriam estacionadas permanentemente na Ucrânia em tempos de paz. Isso deixava em aberto a possibilidade de destacamentos temporários de tropas da OTAN na Ucrânia e um destacamento permanente em caso de guerra futura.
Partindo do pressuposto de que a proposta visa trazer a paz à Ucrânia, a inclusão de um texto que permite o destacamento temporário de tropas da OTAN para a Ucrânia quando a paz for estabelecida parece ter como objetivo garantir que a paz não se concretize. Isso se deve, sobretudo, ao fato de que a versão preliminar americana, em sua forma atual, incluía uma linguagem contundente sobre garantias de segurança para a Ucrânia, prevendo uma resposta militar a uma hipotética guerra futura por parte da Rússia.
Outro aspecto marcante da chamada “contraproposta” europeia foi a sua postura amena em relação à futura adesão da Ucrânia à UE. Enquanto a versão preliminar dos EUA falava da adesão à UE como um “direito” da Ucrânia, os europeus alteraram a redação para dizer que a Ucrânia seria “elegível” para a adesão à UE e que a sua candidatura seria “avaliada”. Esta é uma forma diplomática evasiva de dizer “a adesão não está garantida”. Assim, embora a Rússia tenha afirmado que já não se opõe à entrada da Ucrânia na UE, os líderes europeus começam a concentrar-se nos enormes custos e perturbações que isso acarretará, como já salientei diversas vezes.
Sem dinheiro para pagar pela Ucrânia, os europeus também mudaram radicalmente a linguagem sobre o custo da reconstrução pós-guerra. A proposta americana de dividir e investir parte dos ativos soberanos russos imobilizados foi substituída por uma linguagem que exigia que a Rússia arcasse com todos os custos da reconstrução e que seus ativos permanecessem congelados até que isso acontecesse. Claramente, e como já mencionei anteriormente, manter os ativos russos desestimulará a Rússia a buscar a paz. Por que a Rússia iria querer encerrar uma guerra que deseja travar, pagando por todos os danos causados por ela, sem receber de volta suas reservas congeladas? Seria, sem dúvida, menos custoso continuar lutando.
Houve também outras adições curiosas por parte dos europeus. Uma delas removeu a proposta dos EUA de que as eleições na Ucrânia fossem realizadas 100 dias após a assinatura do acordo de paz, substituindo-a por um compromisso de realizar as eleições "o mais breve possível". Isso parece claramente uma concessão à equipe de Zelensky, deixando em aberto a possibilidade de as eleições presidenciais serem adiadas por um período indeterminado após o fim da guerra.
A linguagem sobre a promoção do entendimento mútuo e da reconciliação entre a Ucrânia e os Estados Unidos foi atenuada e as referências à ideologia nazista foram removidas.
Em teoria, o plano de 28 pontos dos EUA e a contraproposta europeia de 27 pontos pareciam bastante semelhantes. No entanto, analisando com atenção, o plano dos EUA revela-se um plano de paz, enquanto o europeu sugere mais guerra.
Apesar disso, os americanos parecem estar no comando das negociações, mantendo os europeus em grande parte afastados do conteúdo das conversas. Um dia adicional de intensas discussões com a Ucrânia em Genebra, em 24 de novembro, reduziu a proposta de paz a 19 pontos. Será um desafio monumental para o presidente Trump encontrar uma solução aceitável tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia. Mas ele tem uma chance muito maior do que qualquer outro na Europa.
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