Hora dos Piratas

Fontes: La Jornada


Um terceiro navio transportando petróleo venezuelano estava sendo abordado ontem por forças militares dos EUA. Embora alguns veículos de comunicação tenham noticiado que o navio já havia sido abordado e apreendido — assim como o Skipper, registrado na Guiana, e o Centuries, de bandeira panamenha, nos dias 10 e 20 deste mês, respectivamente — essa informação não havia sido confirmada até o momento da publicação.

Tal como em casos anteriores, a Casa Branca alegou que o navio pertence a uma “frota fantasma” composta por embarcações venezuelanas que operam sob bandeiras falsas “para traficar petróleo roubado” e com a cobertura de empresas sujeitas a sanções de Washington, embora não seja claro que os três navios se enquadrem nessa categoria.

Além dos argumentos jurídicos muito precários dos EUA, é evidente que são os Estados Unidos que têm perpetrado o roubo do petróleo venezuelano por esses meios e, nesse processo, violado as leis comerciais e marítimas internacionais.

Não se deve esquecer que a série de sequestros de petroleiros foi precedida por ataques injustificados contra pequenas embarcações, tanto no Caribe quanto no Pacífico, que já resultaram em quase cem mortes. Embora Donald Trump afirme que as embarcações atacadas eram usadas para transportar narcóticos destinados ao mercado americano — chegando a fantasiar sobre um número de “vidas americanas salvas” graças a esses ataques marítimos —, a Casa Branca não apresentou nenhuma prova para sustentar essas alegações, e há depoimentos de sobreviventes e familiares das vítimas indicando que, na verdade, as embarcações estavam pescando.

Mesmo que o argumento de Washington fosse verdadeiro, as agências de segurança pública dos países da região — incluindo a Marinha Mexicana e a própria Guarda Costeira dos EUA — têm vasta experiência em interceptar, abordar e deter, sem derramamento de sangue, suspeitos de tráfico de drogas no mar, portanto, o bombardeio de embarcações indefesas e precárias é um ato de barbárie e um crime flagrante.

Para o governo dos EUA, o sequestro de petroleiros traz um duplo benefício: por um lado, o roubo de grandes quantidades de petróleo bruto e, por outro, a desestabilização da economia venezuelana, cujas exportações de hidrocarbonetos foram significativamente reduzidas desde o início desses sequestros. Quanto aos assassinatos de tripulantes de pequenas embarcações, é evidente que não têm qualquer efeito sobre o narcotráfico da América do Sul para os Estados Unidos.

Mas, vistos em conjunto, ambos os tipos de ação enviam uma mensagem inequívoca: o direito internacional deixou de ser válido nos mares – pelo menos nos mares americanos – e foi substituído pela força da frota naval mais poderosa do mundo, e através dela, a pirataria está de volta.

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