O The New York Times estampou
reportagem sobre a Copa chamando a atenção sobre as previsões apocalípticas
lançadas pela mídia brasileira.
José Carlos Peliano (*) – Carta Maior
A velha e carcomida mídia
brasileira poderia ficar sem mais essa. Estilhaçou outra vez sua imagem na
imprensa internacional. Tentou se camuflar de árvore e hoje não passa de um
espantalho nos outdoors da cara de pau. Na sua campanha sistemática, antiética
e despudorada contra o governo federal tentou enlameá-lo e culpá-lo mais uma
vez empurrando a realização da Copa para o ralo e quebrou a cara no espelho.
Desnecessário listar e alinhavar
as investidas que a velha mídia utilizou para desfigurar os acontecimentos e
eventos que antecederam a abertura e os primeiros dias da Copa no país. Não
deram trégua os jornalões da vida brasileira escritos, falados e televisados.
Vale lembrar, porém, que a
primeira e monumental burrada foi de início ir contra as manifestações de junho
do ano passado. A velha mídia sem exceção culpava diuturnamente os
manifestantes como vândalos, irresponsáveis e marginais. A elite branca apoiava
enfurecida.
Não é que poucas semanas após
perceberam que entraram pelo caminho errado, o mote teria de ser outro. Deram
um giro de 180 graus e passaram a engrossar a fileira dos descontentes,
desavisados e mal informados. A bandeira era que o governo federal deixava de
atender as necessidades básicas da população brasileira e do país investindo
somas retumbantes na preparação da Copa de 2014.
As manifestações se diluíram no
tempo e continuaram em surtos esporádicos aqui e ali. Mas a manifestação da
velha mídia se manteve, ampliou e vendeu uma imagem profundamente depreciativa
e arrasada do país aqui mesmo e no exterior. O lema passou a ser, como todos
sabemos, não vai haver Copa!
Fizeram de tudo e por tudo para
que o lema tivesse efeito e se mostrasse realidade. Tudo virou problema,
dificuldade, irresponsabilidade, despreparo e corrupção. Infiltraram-se até
pelos gastos sociais vendendo a mentira deslavada de que se gastava mais na
Copa do que na educação e saúde. Infelizmente muita gente séria e informada
embarcou nessa canoa furada.
Até que chega junho de 2014 e a
Copa começa. Davi mais uma vez enfrenta Golias e o derruba com estilingue
tupiniquim. A farsa é exposta. Como começa a Copa num país que não se aprontara
minimamente adequado para tal? A velha mídia descarada, no entanto, não se dá
por vencida, retira apenas a camuflagem e passa a noticiar efusiva o espetáculo
do futebol. O mesmo que ela mesma ameaçava de não ter palco garantido.
Mas a farsa não passou
desapercebida pela imprensa internacional. Jornais de vários cantos do mundo
exaltaram a realização da Copa no Brasil, incluindo as mídias sociais. Passada
a primeira semana e quase ao fim a etapa classificatória, os elogios vêm
especialmente pela grandeza do evento e adequada organização.
A opinião de um estrangeiro é
importante para avaliar o que se viu e se vê aqui no país em relação a Copa.
Impressões isentas de alguém de fora, do ramo, capacitado e bem informado ajudam
a classificar como vem sendo o transcorrer do maior certame do futebol mundial.
O americano The New York Times
semana passada estampou reportagem do jornalista Sam Borden sobre a realização
da Copa sem deixar de chamar a atenção sobre a maldição lançada pela velha
mídia nacional que acabou por se transformar em pequenos problemas localizados,
segundo ele “soluços”.
Previsões apocalípticas de que
alguns estádios não estariam totalmente prontos a tempo ou que certamente
outros não estariam acabados mesmo. Violentos protestos nas ruas iriam ameaçar
torcedores e conturbar praticamente tudo. Greves em aeroportos e metrôs
perturbariam a vida de milhares de visitantes.
Essas entre outras previsões de
juízo final (literalmente ,“doomsday”), segundo o jornalista, eram preocupações
constantes lançadas pela mídia brasileira nos dias anteriores à Copa do Mundo
no Brasil.
Passada a primeira semana, no
entanto, Borden escreve categoricamente que a situação no maior país da América
do Sul é dificilmente desoladora. Para os fãs que se interessam por muitos
gols, resultados surpreendentes e futebol com estilo, o torneio tem sido até
agora de um sucesso inacreditável. Os jogos encantam os olhos e vêm sendo
perfeitos para a transmissão televisiva.
A qualidade técnica dos gramados
nos novos estádios foi destacada por um engenheiro inglês ao elogiar a
permeabilidade alcançada, especialmente em Manaus e Natal que passam por um
pesado período de chuvas.
Os pequenos problemas, os
soluços, ficaram por conta de defeitos elétricos localizados, estádios com
alguns reparos a fazer e cadeiras incorretamente numeradas. Nenhum deles foram
totalmente comprometedores. Coisas que vieram sendo reparadas a cada dia.
Outros soluços como melhoria da
segurança em volta dos estádios e uso de fogos de artifício prejudicaram alguns
torcedores e a organização do evento tem tomado providências para serem os
controles mais rigorosos antecipando dificuldades.
Soluços, no entanto, ocorreram,
cita o jornalista, por exemplo, nos Jogos de Socchi na Rússia este ano, quando
faltaram hotéis para todos os visitantes ou estavam incompletos para uso. Nos
Jogos de Verão de Atenas em 2004 ocorreram greves e problemas de
infraestrutura. No Park Olímpico de Londres em 2012 havia uma área ainda em
construção logo na abertura da cerimônia.
É cedo ainda para ser feita uma
avaliação completa do torneio. Afinal ainda faltam praticamente três semanas.
Como dizem que a primeira impressão é a que fica, entretanto, é possível e
bastante provável que a Copa continue transcorrendo em clima amistoso saudável
mesmo com o calor reclamado por algumas seleções europeias. Mas afinal lá
também no verão a temperatura circula entre 30 e 40 graus. E muitas vezes à
sombra!
(*) Economista
Créditos da foto: FIFA
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