
Mauro Santayana
(Hoje em Dia) - Dizer que os serviços de telecomunicações no
Brasil são péssimos, já virou lugar comum. Milhares de queixas são feitas
contra as operadoras de telefonia, banda larga, celular e tv a cabo, todos os
meses, nos PROCONS e na ANATEL.
Reconhecer que eles estão entre os mais caros do mundo,
também é redundância. Segundo um estudo
da União Geral de Telecomunicações, divulgado em 2013, as tarifas de celular
cobradas no Brasil em termos absolutos, são as mais caras do mundo. O preço por minuto, em 2012, entre celulares, era de 0,71 por dólar, o
mais alto entre 161 países analisados. No México e na Argentina, o custo por
minuto é de 0,32 por dólar, no Peru, de 0,18, no Chile, de 0,14. Na Rússia,
país em que o salário mínimo está por volta de 2.000 reais, a ligação entre
diferentes operadoras é de 0,09 centavos de dólar, e na Índia, outro país dos
BRICS, de 0,02.
O brasileiro comum também já sabe que não adianta ligar para
as agências reguladoras. A Lei Geral de Telecomunicações, criada logo depois do
desmonte e esquartejamento da Telebras -
antes da implementação do sistema de telefonia celular no Brasil, para
que se entregasse esse “filé mignon” aos gringos, sem a concorrência da estatal
- prevê que as operadoras não podem ser multadas a cada infrração, mas só
depois que se acumula um enorme número de queixas de cada tipo.
O que não se sabia, ainda, e se está sabendo agora, é que as
multas não servem para nada, porque elas não são pagas pelas empresas -
principalmente as estrangeiras - que dominam esse mercado no Brasil.
Outro dia, denunciamos, aqui, que a Telefónica (Vivo) está
devendo, só de impostos atrasados, contestados, na justiça, como o ICMS, mais
de 6 bilhões de reais para a Receita Federal.
E a ANATEL acaba de reconhecer que, entre 2000 e 2013,
recebeu apenas 550 milhões de reais dos
4.33 bilhões de reais em multas que expediu. Centenas delas deixaram de ser
recebidas, por terem sido, também, contestadas e suspensas na justiça, da mesma
forma que a Telefónica faz com parte dos impostos que deve ao erário
brasileiro.
Mesmo que tivessem sido integralmente pagas, essas multas
não teriam quase nenhum valor punitivo, se considerarmos que o mercado
brasileiro de telecomunicações fatura, por ano, mais de 200 bilhões de reais,
ou quase de 500 milhões por dia.
Se você, caro leitor, deixar de pagar o imposto de renda ou
atrasar o pagamento de sua conta de telefone fixo, internet, tv a cabo ou
celular, vai ter os serviços cortados, suas propriedades serão penhoradas e o
seu nome vai para o SPC.
Se uma dessas companhias, espanhola, portuguesa, mexicana ou
italiana, que veio para o Brasil nos anos 1990, for multada, ou deixar de pagar
impostos, ela recorrerá na justiça, e continuará “trabalhando” livremente,
metendo a mão no dinheiro do usuário, e mandando bilhões de dólares em lucro
para o exterior.
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