Os anexos do Santander podem ter sido um dos últimos
suspiros de uma elite bancária acuada. Daí a Folha ter espalhado o caso do
aeroporto de Cláudio.
José Carlos Peliano (*) – Carta Maior
As árvores escondem a floresta. Há mais vida entre as
plantas do que se consegue ver pelos topos das árvores. Cada macaco em seu
galho e olhe que os macacos conhecem desde as folhas no chão aos galhos mais
altos das árvores. Eles são os exemplos certeiros dos que sabem o que ocorre em
cima e em baixo.
Vamos às árvores. Santander, nem se Satã der! O banco anexou
aos extratos de contas dos seus correntistas mais ricos que o voto em Dilma
pode vir a derrubar o valor das ações e empurrar os juros para cima. Disco de
mesma música. Saul Leblon dá conta desse assunto nesta Carta sob o título O
Santander e a lobotomia de uma Nação.
Esta notícia foi estampada na primeira página da Folha de
São Paulo, pasmem! Logo que veículo de informação cutuca no vespeiro dos manifestantes
escondidos sob as máscaras da elite branca brasileira! Contrários ao governo,
eles têm feito de tudo para inviabilizar direta ou indiretamente as ações e
atividades de cara popular há doze anos.
E foi ainda o mesmo veículo que jogou pó no ventilador do
senador de Minas, candidato a Presidente, ao denunciar a falcatrua até então
escondida do aeroporto construído no município de Cláudio. Dinheiro público em
negócio particular. A própria Folha sugere o descarte de seu apoio ao candidato
por ter se revelado impróprio na defesa de sua propalada luta pela ética e a
boa gestão pública.
Essas duas notícias vindas de um jornal que sempre fez parte
da oposição ao governo federal podem estar relacionadas, se não de mãos dadas,
pelo menos olho no olho. Há algo serpenteando os neurônios dos empedernidos
defensores do lado de lá que ainda não está claro às impressões e alertas da
turma do lado de cá.
Uma hipótese. A guinada da Folha, para onde?, vem após dois
acontecimentos visíveis. A formação do Banco e do Fundo dos BRICS e a dupla
rolagem na pista sem decolar das candidaturas do senador e do governador de
Pernambuco. Mesmo com indícios de manipulação nas pesquisas não houve como
sustentar os respectivos voos.
O que pode ter o Banco e o Fundo com isso? Primeiro, o
Brasil se expõe ao mundo e aos banqueiros dominantes alinhando-se ao grupo dos
países emergentes mais importantes e fortes na criação de outra organização
multilateral.
Segundo, com visão diametralmente oposta ao Banco Mundial e
ao FMI, a proposta agora é ajudar aos países membros e aos países pobres a
financiarem seus projetos de desenvolvimento a longo prazo em condições mais
favoráveis às existentes. Bretton Woods se vê à sombra agora do Brics Woods!
Racha a hegemonia americana e aliados pela ousadia de Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul.
O preço da ousadia é peitar os bancos tradicionais, entre
eles o Santander, por dar contornos financeiros diferenciados ao mundo na nova
organização. A competição agora vai minar as redes de influência e o sistema de
operações financeiras dominantes. O sistema quer juros altos para ganhar mais
espaço enquanto o novo vai apostar exatamente em juros baixos.
Com isso Dilma se cacifa ainda mais como uma das
protagonistas de um novo pacto de desenvolvimento e de apoio aos países mais
pobres do mundo. A influência dos 5 países será ampliada e aprofundada nas
regiões mais carentes e subdesenvolvidas do planeta. O Brasil abre espaço para
ter ele mesmo também melhores condições de crescimento, distribuição de renda e
cooperação entre os povos.
Os anexos do Santander podem ter sido um dos últimos
suspiros de uma elite bancária ameaçada e acuada. Daí a Folha ter percebido e
espalhado no ventilador do senador a má notícia de Cláudio com todas as letras.
Devem ter pensado seus articulistas, antes que o barco afunde de vez vamos
mudar de rumo. Para onde é ainda a dúvida.
Para completar a ameaça do Banco do Brics ao sistema
financeiro vigente chega a informação de que a Alemanha quer se associar ao
grupo! Relatório do Ministério Russo dos Negócios Estrangeiros, apresentado em
23 de julho último, informa que o Escritório do Governo Alemão entrou em
contato com Moscou requisitando um processo de filiação acelerada do país à
comunidade econômica do Brics.
A Alemanha pretende deixar a União Europeia sob o domínio e
a hegemonia americana. As sanções que vem sendo impetradas pelo governo Obama à
Rússia resvalam no país germânico. Pesa ainda a probabilidade de haver recessão
no 3o trimestre no país segundo especialistas locais. Daí a necessidade urgente
de a Alemanha abrir nova fronteira de integração econômica e financeira.
A vinda inusitada da chanceler Angela Merkel recentemente
para o jogo de decisão da Copa propiciou encontro com Dilma, sendo provável que
a consulta de filiação já tivesse sido feita com antecedência. Assim, na
reunião de lançamento do Banco e Fundo em Fortaleza dias após, o assunto deve
ter sido conversado entre os presidentes e representantes dos 5 países membros.
Como, então, o Brasil consegue se aliar a 4 outros países, e
quiçá mais a Alemanha, na construção de um sistema alternativo forte de
financiamento e fomento ao desenvolvimento estando em situação econômica e
financeira perigosa tal qual as manchetes dos jornalões e candidatos da
oposição ???
O “desespero” do Santander, a “retirada” da Folha do grupo
dos predadores e o sumiço do senador candidato da mídia essas duas últimas
semanas podem estar revelando a ponta do iceberg de provável revirada no
cenário político nacional.
O Brasil, de fato, passa por um período difícil na expansão
econômica, assunto tratado com exaustão aqui na Carta. Afora, então, as
dificuldades externas que rebatem nas contas nacionais e a atitude conservadora
da elite industrial brasileira, que não quer apostar no desenvolvimento junto
com as propostas do governo, o país segue a frente mostrando sua bandeira de
desenvolvimento social desfraldada aos quatro cantos.
Pois bem, o Relatório de Desenvolvimento Humano 2014 da ONU
realizado entre 187 países aponta o Brasil como modelo de políticas sociais
adotadas nos últimos 12 anos! Apesar dos banqueiros descontentes, da mídia
arrasadora e da oposição sem projetos novos!!!
(*) Economista
Créditos da foto: Ipojucã

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