Os EUA estão desconfortáveis com o novo Banco de
Investimentos e Infraestrutura da Ásia, pois ele poderá ocupar um vácuo deixado
pelo Banco Mundial.
Antonio Gershenson - La Jornada / http://cartamaior.com.br/
No dia 24 de outubro de 2014, foi criado oficialmente o
Banco de Investimentos e Infraestrutura da Ásia (AIIB, por suas iniciais em
inglês), órgão que, segundo a imprensa internacional, surge do especial
interesse da China em sua criação, o mesmo país que também formou novos bancos
recentemente com outros parceiros. Muito já se falou, principalmente, sobre o
banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e na reunião
desses e de outros países emergentes no Brasil, em 2014. Também há iniciativas
semelhantes impulsionadas pelas novas instâncias regionais da América Latina.
Mas agora existe uma grande diferença: nenhum dos outros projetos abraça mais
de dez países. No caso do AIIB, se trata de 21 países asiáticos, e deixa de
fora alguns economicamente fortes, como Japão (do primeiro mundo), Indonésia,
Coreia do Sul, Arábia Saudita e Austrália (também do primeiro mundo).
Índia e Paquistão são países importantes que já participaram
em reuniões anteriores com China, Rússia e outros países, com os bancos entre
seus objetivos. A lista completa dos integrantes do AIIB inclui: Bangladesh,
Brunei, Cambodja, China, Índia; Cazaquistão, Kuwait, Laos, Malásia, Mongólia,
Myanmar, Nepal, Omã, Paquistão, Filipinas, Qatar, Cingapura, Sri Lanka,
Tailândia, Uzbequistão e Vietnã.
Os chefes de Estado dos países-membros assinaram um primeiro
documento para constituir o banco com sua participação. Funcionários dos
Estados Unidos mostraram certo desconforto, sobretudo pelo risco de que se
invada o campo do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, como
fizeram os outros bancos multinacionais mencionados.
Não se deve ignorar nenhuma parte importante das mudanças a
nível mundial. Desde princípios de 2012, nós vínhamos falando nessas mudanças,
cujos elementos vem sendo confirmados conforme previsto, como o estancamento da
União Europeia e o maior crescimento de países como China e Índia, e que agora
também podemos incluir a Mongólia.
Em julho de 2014, no Brasil, uma reunião dos BRICS contou
com numerosos eventos adicionais. Em setembro, na Ásia Central, se reuniu a
Organização para a Cooperação de Shanghai, sem seis países, entre eles Rússia e
China, mas com mais participantes, alguns em processo de integração ao
organismo, como Índia, Mongólia e Paquistão, que também representaram um
avanço.
Esse conjunto de iniciativas, às quais se inclui a criação
do AIIB, são alguns passos no processo de maior independência na relação com os
países que dirigem a maioria das empresas transnacionais. É evidente que a
política mexicana vai num sentido contrário, o de aumentar essa dependência, em
vários aspectos, mas principalmente nos setores energético e mineiro.
Este movimento internacional tem repercussão também nos
Estados Unidos. Nas últimas eleições, foi aprovada a proibição do fracking em
Denton, no estado petroleiro do Texas, onde esta técnica de perfuração usada
pelas transacionais é utilizada e causa enorme desperdício de água para a população,
em nome da busca por gás e petróleo. Uma conquista que já havia sido alcançada
em outros três estados do nordeste do país, e que será plebiscitada em vários
outros.
O governo mexicano, não só pela forma como a violência afeta
a imagem do país a nível nacional e internacional, mas também pelos problemas
econômicos – entre outros, as sucessivas baixas nos preços do petróleo em
exportação –, se encontra numa situação difícil, e ainda assim continua com sua
política favorável às grandes empresas, sobretudo as estrangeiras.
O preço do barril anda pela casa dos 74 dólares, quando
superava os 100 dólares há alguns meses atrás. Como o governo que já hipotecou
recursos e investiu dinheiro previamente sem calcular os resultados, fica
difícil cobrir suas carências apenas com discursos.
E se isso já não é suficiente, sua produção de petróleo
continua baixando. Enquanto isso, os movimentos populares se mantêm
mobilizados. É normal que de vejam sem solução contra uma autoridade que busca
responder com ainda mais violência, como se a já usada fosse pouco.
Estamos para ver como irão evoluir os temas mas devemos
estar atentos, e deixar claro quais são os fatos importantes das mudanças
globais que mencionamos no começo, e como elas afetam cada país envolvido.
Créditos da foto: reprodução
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