Não se tem notícia de nenhuma ação espetacular da
PF nas empresas, bancos e grupo de mídia que cometeram um rombo de mais de R$
19 bilhões. O alvo é o Lula
Jeferson
Miola // www.cartamaior.com.br
A Operação “Zelotes”, uma alusão da Polícia Federal
ao “deus cioso”, investiga um esquema de corrupção no âmbito do CARF [Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais]. O CARF é o órgão público que recebe e
julga recursos de contribuintes – pessoas físicas e empresas – relativos a
pendências e dívidas fiscais e previdenciárias.
O CARF é composto por 216 conselheiros, dos quais
metade são auditores fiscais concursados da Receita Federal, ou seja,
funcionários de carreira. A outra metade é formada por pessoas indicadas por
confederações e entidades de classe que “representam os contribuintes” –
leia-se, o influente grande capital empresarial, midiático e financeiro.
É importante sublinhar que dentre os conselheiros
estatais, todos são funcionários concursados; nenhum deles é um dos 3.000
cargos de confiança [daqueles que podem ser indicados legalmente pela
autoridade eleita] que serão extintos pela inócua decisão “austericida” do
governo. De maneira explícita: nenhum deles foi indicado pelo PT.
É dispensável discorrer sobre os conselheiros
“voluntários”, indicados pelos “contribuintes” – são seres “altruístas”, não
recebem remuneração, se dedicam “espontaneamente” a este labor. As más línguas
dizem, todavia, que eles não recebem do CARF porque são antes pagos pelas
empresas, para defenderem os interesses delas na fraude contra o Estado.
Bem, o fato é que a Operação Zelotes investiga a
associação formada por mega-empresas com funcionários públicos para a prática
do crime de sonegação fiscal e previdenciária. De acordo com estimativas
iniciais, somente nos últimos 8 anos [esqueçamos a pilhagem praticada por eles
em 507 anos], esta associação criminosa lesou o erário em mais de 19 bilhões de
reais, igual à metade do déficit do orçamento de 2016.
Empresas luminares em termos de eficiência,
produtividade e modernidade; justamente aquelas que sempre querem dar aulas de
boa prática de gestão ao Estado, estão entre as mencionadas no noticiário:
Gerdau, Santander, Bradesco, RBS, Bank Boston, Safra, Pactual, FORD, Mitsubishi
etc.
Tratam-se de empresas que apregoam a primeira lição
da cartilha da “eficiência e da produtividade”, que começa com a tese de
Estado-mínimo para a maioria da população e Estado-máximo para eles. Não é nada
difícil presumir a fonte da eficiência e produtividade destas empresas
“modelares” da modernidade do capitalismo, esse sistema tão “puro e limpo” que
é contaminado pelo “mundo sujo da política”.
Pois bem, apesar da magnitude do escândalo que
deveria ser investigado na Operação Zelotes, o condomínio
policial-jurídico-midiático de oposição conseguiu a proeza de construir uma
variante em paralelo: alegam supostas negociatas entre o governo Lula e a
indústria automobilística para a aprovação de benefícios fiscais àquele setor.
Na falta de qualquer elemento concreto contra Lula, não hesitaram em implicar
nesta trama o filho dele.
Qual a alegação? Que a empresa de marketing
esportivo pertencente ao filho do Lula, que foi criada em 2011 – portanto, 2
anos após a concessão de benefícios fiscais ao setor automobilístico – em 2014
[5 anos depois] recebeu 1,5 milhão de reais por serviços prestados a uma
empresa envolvida nas fraudes no CARF. Qual o nexo entre a empresa do filho do
Lula e a Zelotes? Nenhum, a não ser o fato de ser o filho do Lula.
O condomínio policial-jurídico-midiático mirou no
filho de Lula para acertar no próprio Lula, coincidentemente na véspera do
aniversário de 70 anos deste que, com sua obra, já é um dos maiores personagens
da história do Brasil moderno.
Este método é parte de um plano estratégico de
desconstrução, no imaginário popular, da imagem e do patrimônio simbólico que o
Lula representa.
Antes, tentaram uma denúncia contra a nora de Lula,
que também não colou. Agora, atacam com uma denúncia contra o filho do Lula. E,
como esta armação também não vai vingar, passarão a atacar o bisneto, depois o
tataraneto, até acabarem com todos os Lulas e tudo o que eles representam
enquanto expressão de um Brasil mais justo e democrático.
Ao mesmo tempo, o “Ministro” Augusto Nardes
[ex-deputado do PP], do “Tribunal” de Contas da União, cuja empresa de um
sobrinho-sócio – essa sim citada por intermediação para o Grupo RBS no CARF –,
segue sua cruzada militante pelo impeachment da Presidente Dilma.
Também não se tem notícia de nenhuma ação
espetacular da Polícia Federal de busca e apreensão nos escritórios das
empresas, bancos e grupo de mídia fraudadores. Aliás, apesar da cifra
assombrosa, que é três vezes maior que o desfalque na Petrobrás, a Zelotes não
andou porque o juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal de
Brasília, obstruiu a investigação por longo período, e teve de ser afastado do
caso pela Corregedoria Nacional de Justiça para não continuar obstruindo as
investigações. Agora, quando a Zelotes é finalmente retomada, de maneira
curiosa o alvo da Operação não são os criminosos que cometeram um rombo de mais
de 19 bilhões de reais ao erário, mas sim o Lula.
Neste 27 de outubro, Lula completou 70 anos de uma
trajetória vitoriosa de vida. O condomínio policial-jurídico-midiático lhe
presenteou outra dose amarga do ódio que nutre não só em relação a ele, Lula,
mas pelo ódio nutrido em relação à maioria do povo brasileiro que ele, Lula,
trouxe à superfície de uma vida digna.
Para eles, Lula não pode sobreviver; tem de ter ser
morto, tem de ser aniquilado, porque ele não pode voltar em 2018!
Créditos da foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula
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