
(RBA) - Neste singular momento da vida nacional, o
país está dividido, cada vez mais, em dois que parecem não compartilhar a mesma
realidade ou o mesmo território.
Para o Brasil da Lava Jato, do impeachment, da
mídia seletiva e conservadora, o que defende a volta da ditadura, a tortura e a
quebra do Estado de Direito, este é um país podre, quebrado, mergulhado até o
talo na corrupção, política e economicamente inviável até não poder mais.
Para o Brasil dos jatos Gripen, cuja transferência de
tecnologia a presidenta Dilma Rousseff foi negociar em outubro na Suécia, o
Brasil da Força Aérea, da Aeronáutica, do Exército, da engenharia, da indústria
bélica, da indústria pesada, da indústria naval, da indústria de energia, do
petróleo e do gás, do agronegócio, da mineração, este é o país que, mesmo com
todos os seus problemas, depois de anos e anos de abandono e estagnação, pagou
a dívida com o FMI; voltou a pavimentar e a duplicar rodovias; retomou obras
ferroviárias e hidroviárias; retomou a produção de navios e passou a fabricar
plataformas de petróleo, armas, satélites, sistemas eólicos, mergulhando, na
última década, em dos maiores programas de desenvolvimento de sua história.
Seria bom se o Brasil da Lava Jato se concentrasse em prender os corruptos,
aqueles com milhões de dólares em contas na Suíça, e não em libertá-los – como
está fazendo com o Sr. Paulo Roberto Costa, dispensado até mesmo de sua prisão
domiciliar –, no lugar de manter aprisionados, arbitrariamente, quase que
indefinidamente, dirigentes de partido sem nenhum sinal ou prova de
enriquecimento ilícito e executivos de nossas maiores empresas.
A maioria delas ligada, direta ou indiretamente, a
um amplo e diversificado programa de rearmamento e infraestrutura que engloba a
construção de nossos novos submarinos convencionais e atômicos; de nossos novos
(foto) caças Gripen NG BR; do nosso novo avião cargueiro militar multiuso
KC-390 – a maior aeronave já fabricada no Brasil; de 1.050 novos tanques
blindados Guarani; de nossos novos rifles de assalto IA-2; de nossos novos
sistemas de mísseis de saturação e de cruzeiro, como o Astros 2020 e o AVTM-300
da Avibras – com alcance de 300 quilômetros; de nossos novos mísseis ar-ar como
o A-Darter; de nossos novos radares como os Saber; de nossos novos e
gigantescos complexos petroquímicos e refinarias de petróleo, como Abreu e Lima
e Comperj; de nossas novas plataformas de petróleo com capacidade para produção
de centenas de milhares de barris de óleo por dia; de nossas novas e
gigantescas usinas hidrelétricas, como Jirau, Santo Antônio e Belo Monte – a
terceira maior do mundo; de nossa nova frota de navios da Transpetro, do tipo
Panamax, com capacidade de transporte de 650 mil barris de combustíveis cada
um; de nossas novas embarcações de guerra, que voltamos até mesmo a exportar;
de nossos novos satélites de comunicações; ou de portentosas obras de
engenharia como a ponte sobre o Rio Negro, em Manaus, e a ponte Anita
Garibaldi, em Laguna, Santa Catarina.
Esse é o Brasil da estratégia, do longo prazo, que
a mídia conservadora nacional optou, há muito tempo, como fazem os ilusionistas
das festas infantis, por esconder com uma mão, enquanto mostra como uma grande
novidade, com a outra mão, o Brasil de uma “crise” e de uma “corrupção”
seletiva e repetidamente exageradas e multiplicadas ao extremo.
Há um Brasil que deveria estar acima das disputas
político-partidárias, que cabe preservar e defender. Quem quiser fazer oposição
precisa, se quiser chegar ao poder, mostrar, com um tripé baseado no nacionalismo,
na unidade, e no desenvolvimentismo, que estará comprometido com o
prosseguimento desses programas, fundamentais para o futuro da Nação. Com todos
os seus eventuais problemas, que podem ser solucionados sem dificuldades, eles
conformam um projeto de Nação que não pode ser interrompido, cuja sabotagem e
destruição só interessa aos nossos inimigos, muitos dos quais, do exterior, se
regozijam com o atual quadro de fragmentação e esgarçamento da sociedade,
antevendo o momento em que retomarão o controle de nosso destino e o de nossas
riquezas.
Seria bom que o Brasil da Lava Jato –
considerando-se os que comandam a operação homônima – trabalhasse com
responsabilidade e cidadania em sua missão, separando o joio do trigo,
prendendo quem tiver de prender, mas evitando, no lugar de incentivar, os danos
colaterais para empresas e projetos estratégicos que empregam milhares de
pessoas, nos quais já foram investidos bilhões e bilhões de dólares –
protegendo e não arrasando, como já está ocorrendo, parte da indústria pesada e
da
engenharia nacionais.
Seria bom se o Brasil da Lava Jato –
considerando-se os que torcem pela “operação” – tratasse a questão da corrupção
sem partidarismo e seletividade, preparando-se para o pleito do próximo ano, já
que não há melhor lugar do que uma urna para que o desejo e a determinação – e
até mesmo a eventual indignação – de um povo livre, civilizado e democrático
possam se manifestar.
Seria bom, muito bom, se o Brasil da Lava Jato, o
do impeachment, o de quem defende uma guerra civil e o “quanto pior, melhor”
permitisse, em benefício do futuro, da soberania e da economia nacional, que o
Brasil dos jatos Gripen, da oitava economia do mundo, dos US$ 370 bilhões de
reservas internacionais, de uma safra agrícola de 200 milhões de toneladas, o
terceiro maior credor individual externo dos Estados Unidos – e que pertence
não a um ou a outro partido, mas a todos os brasileiros – pudesse continuar a
trabalhar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12