terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Estudantes chilenos rejeitam lei da gratuidade das universidades

wikimedia commonsOs estudantes qualificam a medida como 'improvisada', e pedem transformações 'reais' no sistema educacional.


Nesta terça-feira (22/12), uma marcha no centro de Santiago convocada pela Confech (Confederação dos Estudantes do Chile), expressou seu descontento com a chamada lei expressa para garantir a gratuidade na educação superior e acusaram “improvisação”.

Os estudantes marcharam com a consigna de “nem um peso a mais ao mercado, educação gratuita e de qualidade”, cortando o trânsito na chamada Alameda, a avenida principal do centro da capital, onde se registraram alguns incidentes isolados.

A porta-voz da Confech, Camila Rojas, manifestou que a presidenta Michelle Bachelet não deveria apresentar esta reforma em dezembro, devido à “improvisação com a que foi feita”.

Expressou que “parece insólito que depois de vários anos de mobilização, ainda não se alcance mudanças profundas, ainda não exista um compromisso real por parte das autoridades para realizar as transformações e, nesse mesmo sentido, o nosso chamado é para que a presidenta assuma pessoalmente a reforma”.

“Se vamos ter uma reforma como foi discutida neste 2015, em que não existiu uma discussão profunda, onde a improvisação levou o Tribunal Constitucional a impugnar a medida anterior, onde outra improvisação fez com que só percebessem que havia graves erros de redação poucas horas antes de apresentá-lo ao Congresso, tudo isso acabou com a possibilidade de uma reforma concreta, e acreditamos que a presidenta não deveria apresentar a reforma este mês”, afirmou.

Por sua parte, a presidenta da Federação de Estudantes da Universidade de Santiago, Marta Matamala, sustentou que “as mudanças que existiram até agora aconteceram justamente porque houve mobilização nos últimos dias, porque os estudantes foram às ruas, porque os reitores se manifestaram contra o modelo, e porque na medida em que exista unidade em torno à pressão para que as universidades estatais recebam um tratamento preferente, é possível sonhar com uma verdadeira reforma”.

“Apesar disso, não se sabe se existiu mudanças a respeito de quem receberá recursos do Estado dentro do projeto da gratuidade. Ainda não sabemos quais são as instituições que vão a se tornar gratuitas no ano que vem”, reclamou a dirigente estudantil.

Matamala assegurou que “os jovens ainda não têm certeza se sua universidade vai poder ou não receber fundos do Estado, não somente porque redigiram mal os projetos, mas porque a improvisação do governo de Michelle Bachelet frustra a todos nós, estudantes do Chile, reitores, e milhares de famílias que dependem de saber se seu filho vai ter ou não que pagar a educação durante o próximo ano”.

Após se aprovado pela comissão de Fazenda do Congresso com uma a indicação do governo que inclui um benefício às universidades que são fundações, a lei expressa foi aprovada pela Câmara dos Deputados, na tarde da mesma terça-feira.

Rádio Cooperativa: Sala do Senado aprova projeto de gratuidade

Após uma intensa sessão, onde manifestaram as posturas encontradas que existem em torno à constitucionalidade de algumas matérias da lei curta, a Comissão de Fazenda do Senado despachou o projeto que modifica a lei de orçamento n° 20.882, relativa às verbas do ano de 2016.

Depois disso, a lei foi apreciada em plenário pelos senadores, e entrou na pauta desta quarta-feira (23/12), por contar com urgência. Foi aprovada com 22 votos a favor e 13 abstenções – já havia recebido a mesma aprovação na Câmara no dia anterior. Na mesma noite, a presidenta Michelle Bachelet assinou a promulgação da lei.

Por sua parte, a norma relativa à chamada Bolsa Milênio, destinada aos alunos de Centros de Formação Técnica e Institutos Profissionais, obteve o respaldo unânime da Comissão.

Durante o debate, dois senadores de direita, Juan Antonio Coloma e José García Ruminot, manifestaram suas dúvidas sobre a constitucionalidade da lei, por causa da fórmula utilizada, que segundo eles teria vícios de discriminação.

Vale destacar que o projeto definirá quais instituições poderão receber verbas estatais para oferecer educação superior gratuita. Entre elas, as que decidirem se tornar gratuitas deverão postular a receber os recursos até o dia 27 de dezembro, manifestando esse interesse junto ao Ministério de Educação.

Tradução: Victor Farinelli


Créditos da foto: wikimedia commons

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