quinta-feira, 28 de julho de 2016

Lumpenjornalismo da burguesia

Por Gilberto Felisberto Vasconcellos // http://www.carosamigos.com.br/

Acústica em falsete Moneyca Bergamo é a voz do dono em sintonia com o Lavaretaço fleugmático a bulir com os seus dedinhos o lépitopi da estatística positivista falsária. 

O papo risonho da dona Cristina Lobo, com cafezinho, simula beijinhos em hipocrisias as mais reacionárias. Ao seu lado o som fanho do capelão Camarotti, tucano engravatado que prontifica contra a memória de Simón Bolívar. 
A pimpona Castanheda com o seu espelho cosmético na tela se acha a Hanna Arendt do PSDB; na realidade lembra Marta Suplicy com paráfrase leviana livre-cambista. 

Falso grã-fino que não consegue apagar sua origem chinelão, Merval Pereira personifica o código punitivo da burguesia genocida lacerdista. Disseram-lhe (quiçá Arnaldo Jabor) que no Rio de Janeiro gente fina fala com lábios oclusos à maneira de Pedro Malan. 

O programa mamatacunequisô é um desfile tabaréu em Nova York que arruma patrocinador com a mensagem de quem não tem dinheiro, meu bem, não tem razão.

O anticomunismo do avoengo Boris Casoy continua patológico, sua gestuália nevrosíaca deveria ser interditada para maiores de 50 anos. 

Renata Lo Prete, que nada tem de aloprada, é o equilíbrio ponderado entre o lado bom e o lado ruim do capital. Claro que prepondera invariavelmente o lado “good” em sua dicção truncada, afásica e abduzida. Falar demais para não dizer nada.

O sisudo Fernando Mitre que alçou Pondé (não confundir com Pound), apilósofo viril da democracia, bate incansavelmente na tecla da reforma da Previdência. O seu objetivo udenobandeirante é suprimir o domingo do proletariado. Aí, sim, o povo, espoliado pela mais-valia absoluta de Mitre, iria ralar para fazer do Brasil o paraíso das multinacionais. Afinal, os proprietários de televisão, todos com fortuna mal adquirida, dizia Oswald de Andrade, não levam a vida com salário mínimo.

Mariana Godoy faz do seu programa de auditório um espetáculo pornô da política, seguindo o paradigma de Marília Gabriela que já foi a Krupskaiado showbiusines eleitoral.

O kitsch professoral, fala recheada de platitudes e acacianismos, é o cipaio William Waack, rodeado de consultores financeiros que operam as perdas internacionais da economia. Ainda seremos um imenso Protetorado Porto Ricão. O seu guru, que comete um erro de gramática por minuto, é (com licença da palavra) o politicólogo Bolívar Lamounier, cuja glória se deve ao infatigável puxa-saquismo nos corredores do Cebraprockefelliano. 

Paulo Moreira Leite foi contra o impiti, mas o efeito involuntário soou contra. Atabalhoado, linguisticamente anacolútico, ideologicamente petucano-eclético, não será surpresa se colocar sua mímica esquizoide em uma TV teocrática. Antípoda é Paulo Markun, marcha lenta, sono insone, em cujo programa o pobre deve saciar sua fome de ontem com o jantar de amanhã.

Na roda lorota, poleiro de vulgaridades e mesquinharias, Augusto Nunes exorbitou o jabaculê. Crente que está abafando. Lindão. Em seu currículo sobressai o sabão que lhe passou Leonel Brizola no Rio Grande do Sul.

Augusto Nunes apresentou José Serra como um jacobino radical, por pouco não o disse guevarista, personalidade épica, quando na verdade não passa de um herói de opereta. A entrevista mais desastrosa na história do jornalismo brasileiro. Signo de gagá trololó, erotismo senil fazendo gracinhas para as jornalistas ideologicamente desfrutáveis. 

Deplorável para um chanceler é o vamos invadir a Venezuela. 

irou na ambição de ser presidente da República. O seu alter ego invejado, ainda que medre com disfarces e dissimulações, não é senão Fernando Henrique Cardoso, a quem odeia por ter sido agraciado pelo zodíaco do capital estrangeiro com o pão de queijo de Itamar Franco. Com a reeleição, pensou que a bola da vez era dele, mas FHC se reelegeu. Serra ficou mordido com FHC, bem apessoado, simpático, sedutor, príncipe de moeda.

Personagem caricato de Machado de Assis, o romancista que nunca riu em sua vida. Decerto, o riso do chanceler exibe os seus dentes nanicos manducando como pobre nascido em berço quitandeiro na Mooca. Nada contra a quitanda, que is melhor than supermercado, mas o traço destrambelhado arrivista, como reparou lady Kátia Abreu, é querer dar uma de fino, charmoso, elegante e aristocrata. E nisso sobressai sua carcaça, pois trata-se de um sujeito cacogênico, careca desde jovem na era dos Bitols cabeludos e sem nenhum atrativo intelectual. O leitor haverá de perguntar: e daí? Feio, rico, cavando chegou ao poder. Isso de sucesso, no entanto não é critério. Bexiga no rosto, tosco, provinciano, inculto, pícnico, Stalin chegou ao poder, e não Trotsky, boa pinta, bem vestido, excelente orador e escritor.Década de 80. O Jornal A Folha de S. Paulo punha com deselegância Cláudio Abramo no olho da rua. Eu lhe perguntei: “por que você não vai dirigir a TV Cultura?”

“Não dá, é arame farpado do Abreu Sodré.” 

Saquei na hora o lance. Apêndice da Fiesp, a TV Cultura era e é a favor do golpe de 64. Os jornalistas introjetam e defendem os interesses dos proprietários. Imperativo essencial para que haja liberdade de imprensa é o jornalismo deixar de ser empresa. O PSDB domina inteiramente a televisão. Os jesuítas do PT aceitaram a linguagem tucana, mimetizaram e reproduziram a semiose do PSDB, isto é, a maneira de significar e comunicar. 

Todos os programas de televisão são iguais, ou seja, seu formato é misológico. Misologia é uma palavra que os gregos antigos curtiam, designa o ódio ao pensamento, expresso em palavras e imagens. Meu amigo Cláudio Abramo concordava com Pier Paolo Pasolini: urge acabar com todas as televisões particulares em nome da democracia.

Fascismo requer a existência de pequena burguesia desesperada e enlouquecida. A TV nos torna o que nós somos: o virtual é o real fascista, que sempre faz de conta que não é capitalismo. 

Quanto ao cretinismo jurídico, lembrar que o lucro e a justiça são incompatíveis. 

♦ Gilberto Vasconcellos é jornalista, sociólogo e escritor

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