quinta-feira, 27 de abril de 2017

Brincando de Presidente, Temer destrói o país


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O presidente postiço Michel Temer está confiante que permanecerá no Palácio do Planalto até 31 de dezembro de 2018, quer chova ou faça sol. Embora acusado do recebimento de uma propina milionária de 40 milhões de dólares, embora sob ameaça de cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral e rejeitado pela quase totalidade do povo brasileiro, conforme atestam as pesquisas, ele não revela o mais leve sinal de apreensão. Muito pelo contrário, ele se mostra tranquilo, seguro, como se tivesse alguma garantia de que não será incomodado por ninguém, nem pelo Judiciário. E ainda afirma, em entrevistas, que pretende ser lembrado como o presidente que fez as reformas e que deixou o país mergulhado em tranquilidade.

O que será que está dando tanta segurança a Temer? O apoio da mídia? O controle do Congresso? O apoio silencioso do Supremo? Ou a amizade de 30 anos com o ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE? Ele faz declarações como se realizasse o melhor governo da história do país. E chegou a dizer, por exemplo, que "está triste" com o envolvimento de seus ministros em corrupção, como se estivesse limpo de qualquer acusação. Chegou, inclusive, a sugerir à Venezuela a solução para os seus problemas: eleições diretas já. Se não for piada, ele deve estar gozando com a cara de todo mundo, pois no mínimo é de um cinismo gritante um sujeito que tomou o poder, mediante um golpe, aconselhar eleições diretas para os outros. Temer está brincando com coisa séria, mais precisamente com uma nação de mais de 200 milhões de habitantes.

Na verdade, ele parece mesmo estar brincando de Presidente, sem perder a postura de vice. A assombração que o botou pra correr do Palácio da Alvorada na realidade foi a sua própria consciência, que certamente o acusou de usurpador, sem legitimidade para ocupar a residência oficial do Presidente da República. Portanto, não se sentindo à vontade para morar no Alvorada, ele preferiu voltar para a residência do vice, o Palácio do Jaburu, de onde nunca deveria ter saído. Resta saber se ele vai mesmo continuar residindo lá, depois da greve geral, até o final de 2018. Se depender do TSE tudo indica que fica, mas como está perdendo músculos no Congresso Nacional, onde seus aliados já se preocupam com as próximas eleições, não é impossível que perca sustentação.

O povo está de olho no comportamento dos parlamentares que votam a favor das reformas prejudiciais aos seus interesses e certamente dará o troco nas eleições de 2018. E muitos deles, pretendendo a reeleição, já cogitam de afastar-se de Temer, que se tornou o político mais impopular na história deste país. Nem adianta contar com a memoria curta do povo, porque os sindicatos estão aí mesmo para lembrar os eleitores com outdoors espalhados em pontos estratégicos das grandes cidades. Quem, portanto, permanecer ao lado de Temer na votação dessas reformas destrutivas dos direitos do trabalhador estará se suicidando politicamente, condenado a não voltar para o Congresso, que deverá registrar no próximo pleito uma grande renovação.

Temer, na realidade, não está apenas destruindo o país mas, também, os partidos políticos, a começar por sua própria agremiação, o PMDB, e, também, o PSDB, seu principal aliado. Prova disso é que os caciques tucanos perderam seus votos e ficaram longe de qualquer possibilidade de chegar ao Palácio do Planalto. Aécio, Serra, Alckmin e o próprio FHC estão na rabeira das pesquisas, atrás até do Bolsonaro. Mas a melhor prova de que o partido vai mal é o esforço para transformar o prefeito paulista João Dória na sua alternativa para disputar a Presidência da República em 2018. Os tucanos com isso sinalizam que não acreditam mais na recuperação dos seus quadros tradicionais, praticamente jogando a toalha. Enquanto isso, Lula vai de vento em popa, liderando todas as pesquisas.

Mas se por um lado os tucanos estão fracos na base, no eleitorado, de outro estão fortes, por exemplo, no Judiciário, onde nenhum bicudo está sendo incomodado, apesar da avalanche de delações contra os emplumados Aécio Neves, Serra e Alckmin. Eles contam com um homem forte, o mesmo que parece estar segurando Temer, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que não deixa passar nada contra o tucanato. Ele acabou de suspender, por exemplo, o depoimento que Aécio daria à Policia Federal, no inquérito aberto por solicitação do procurador Rodrigo Janot. Se algum dos ministros nomeados por Lula tivesse o mesmo peito de Gilmar, que foi nomeado por FHC, o depoimento dele ao juiz Sergio Moro em Curitiba já teria sido suspenso há muito tempo. E a segurança não precisaria montar nenhum esquema para evitar um possível conflito entre manifestantes pró e contra ele. A situação, hoje, seria bem diferente.

Ribamar Fonseca

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