quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Povo responde à “QuantoÉ?” em tempo recorde

    Lula. Foto: Agência Brasil

Por Wadih Damous

Uma revista de baixíssima extração, um lixo que, embora oficialmente seja conhecida como IstoÉ, nos subterrâneos ganhou a alcunha de “QuantoÉ?, por estar sempre pronta a vender sua linha editorial para quem se dispuser a pagar mais, propôs o seguinte desafio : “Você votaria em um condenado pela justiça”?

Não tardaria a viralizar nas redes um vídeo-resposta, lembrando de heróis e estadistas que foram condenados e presos por regimes fascistas, colonialistas ou segregacionistas e depois acabaram ungidos pelo povo à liderança máxima de seus países, como Nelson Mandela, Hugo Chávez, Pepe Mujica, Mahatma Gandhi, dentre outros.
Mas, com certeza, os editores da revista não contavam com uma resposta tão rápida e contundente do eleitorado. Pesquisa do instituto Datafolha publicada nesta quarta-feira, 31 de janeiro, tem o efeito de um balde de água gelada sobre os protagonistas da caçada a Lula incrustados nos poderes do Estado e na mídia monopolista.

O levantamento mostra que a condenação unânime e cartelizada dos três patetas do TRF-4, de Porto Alegre, a despeito de todo o estardalhaço da Rede Globo e congêneres, não provocou um arranhão sequer na candidatura de Lula à presidência da República.

De acordo com o levantamento, feito nos dias 29 e 30 de janeiro, Lula lidera em todos os cenários, oscilando entre 34% e 37% das intenções de voto e bate com folga todos os adversários nas simulações de segundo turno.

A elite do dinheiro, formada pelos verdadeiros poderosos que se locupletam dos reais esquemas de corrupção, conforme nos ensina o professor Jessé Souza na sua obra monumental “A elite do atraso – da escravidão à Lava Jato”, morrerão sem compreender o fenômeno Lula, cujo lugar cativo no coração do povo brasileiro dá mostras a cada dia de ser irremovível.

Naturalmente quando o Datafolha pôs seus pesquisadores em campo na semana seguinte à farsa do TRF-4 dava como certo que a tão propalada, e falsa, inelegibilidade de Lula, após a condenação em 2ª instância, faria estrago na intenção de votos no ex-presidente. Deram, pela enésima vez, com os burros n’água.

Claro que muito provavelmente, durante a divulgação gradual dos próximos itens de pesquisa, o jornal Folha de São Paulo, ao qual o Datafolha é vinculado, abrirá manchetes para compensar a confirmação da dianteira de Lula, apontando, por exemplo, apoio expressivo na sociedade à prisão de Lula ou coisa parecida. Pouco importa.

E haja malabarismo para contornar a realidade. A Folha, em vez de estampar que Lula, apesar de condenado pela segunda vez consecutiva, segue impávido na liderança, resolveu enfatizar um hipotético cenário sem Lula, como se seu impedimento de disputar as eleições fosse favas contadas. Também houve uma nítida tentativa de mascarar o potencial extraordinário de Lula de transferir votos.

Em vão : 27% dos entrevistados disseram que votarão no candidato indicado por Lula, enquanto que outros 17% admitem que talvez levem em conta a indicação do ex-presidente na hora da definição do voto. Isso significa, simplesmente, que Lula exibe o poder de fogo invejável de levar qualquer candidato ao segundo turno.

Essa pesquisa só vem corroborar o acerto da decisão da direção executiva do PT de ir às últimas consequências em defesa da candidatura de Lula. Repito: quem vai decidir se Lula poderá concorrer ou não é a Justiça Eleitoral, a partir de 20 de agosto, quando abre o prazo para pedidos de impugnação. Na sequência, ainda restarão os recursos aos tribunais superiores. Não custa lembrar que vários candidatos em situação similar à de Lula foram autorizados a concorrer nas últimas eleições. É Lula 2018 com a força do povo.
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Wadih Damous – deputado federal e ex-presidente da OAB-RJ

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