domingo, 24 de junho de 2018

Quem deve crescer, os jornalistas ou Neymar?, por Francy Lisboa


FRANCY LISBOA
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Quem deve crescer, os jornalistas ou Neymar?, por Francy Lisboa

Redoma, bolha, intocável, dissimulado, marketeiro, cai-cai, imaturo, mau-caráter. Essas são as palavras e adjetivos mais utilizados pelos ponderados jornalistas esportivos brasileiros quando o assunto é Neymar Junior, o principal nome da seleção brasileira na Copa do Mundo.

Há a necessidade de primeiro gostar da pessoa para depois desenhar linha da crítica que a ela será dirigida. Com o Neymar e a midia não é diferente. Um dia desses um dos programos debatendo a veracidade lacrimante do camisa dez canarinho disse que “Neymar é um ídolo não gostável”. Que raios isso quer dizer?

As misérias da futilidade humana atribuidas à Neymar se fazem presentes em pessoas que julgam pela bilis tentando porém, a todo momento, passar um ar de imparcialidade e trabalho jornalístico sério. Não é a toa que entre as marteladas e adjetivações extremamente rudes que o atacante do PSG toma diariamente há sempre o assopro de que ele é craque, gênio da bola entre outras compensações.

Tais compensações são típicas do mundo futebolístico que mimetiza mais do que ninguém a hipocrisia humana e o mundo fluido que nos encontramos. A rapidez com que criticas ácidas e até desrespeitosas se transformam em loas é caracteristica do dinamismo de uma partida de futebol, cheia de altos e baixos.

Esse jogo de morde e assopra com Neymar é o certo temor de que o rapaz faça novamente essa hipocrisia jornalistica ser exposta como no primeiro ouro olímpico da seleção brasileira. Sim, nem Romário, Ronaldo, R. Gaucho e tantos outros que sempre foram poupados, conseguiram isso. Jornalista detesta o “vocês vão ter que me engolir” por razões óbvias. A moeda da credibilidade tem seu valor associado às previsões.

Eles, os “abutres”, assim definidos pelo pai de Neymar, precisam de um ídolo gostável para se manteram estritamente profissionais e não adentrarem no campo da psicanálise ou mesmo do jornalismo “Contigo” capaz de justifcar a bateção com posts de redes sociais de um rapaz de 26 anos de idade.

Neymar é mídia? Não há dúvida disso. Mas não tentemos enganar a audiência com os ares de seriedade. Todos, de uma forma ou de outra, se aproveitam da mídia Neymar para arrebanhar seguidores e se manterem competitivos nesses tempos de pulverização da informação e das fontes, e é isso que retroalimenta essa caça ao Neymar.

Os imprompérios destinados a ele nada mais são do que o famoso mix de emoções que cobre e dirige toda a existência carnal. Essa dependência de um ser que eles odeiam está expondo a face mais mesquinha e hipócrita do jornalismo esportivo, que agora parece tomado por psicanalistas de redes socias e juízes do verdadeiro sofrimento. E não adianta dizer que “isso não me interessa” que “o que me interessa é que ele resolva no campo” porque se assim o fosse não haveria tanta irritação com o jeito com que o rapaz se relaciona com os “parças” ou com suas fotos durante a recuperação nas redes sociais.

Quem deve crescer, os jornalistas ou o Neymar? Resposta óbvia, não?

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