segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Metalúrgicos: Não existe “acordo” com a Boeing, mas venda da Embraer; produção de cargueiro vai para os Estados Unidos

Metalúrgicos: Não existe “acordo” com a Boeing, mas venda da Embraer; produção de cargueiro vai para os Estados Unidos


Acordo entre Embraer e Boeing fere lei e entrega patrimônio nacional

Operação está sendo questionada por sindicatos em ação civil pública


A aprovação do acordo entre Embraer e Boeing, divulgada nesta segunda-feira (17), representa a entrega criminosa de um dos mais importantes patrimônios nacionais.

Ao contrário do que está descrito no acordo, não se trata de joint-venture, mas de aquisição.

A operação tem o repúdio dos sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos, Botucatu e Araraquara.

Todos os termos evidenciam que a operação fere a Lei da Sociedade Anônima (6404/76), a chamada Lei das S/A. Justamente por isso, está sendo questionada pelos três sindicatos, em ação civil pública na Justiça Federal de São Paulo.

Se ficarmos apenas nos termos jurídicos, a operação não poderia acontecer porque uma empresa de capital aberto (Embraer) não pode se juntar a uma de capital fechado (a Boeing, no Brasil).

Mais do que isso: uma joint-venture presume que as duas empresas envolvidas tenham uma parceria comercial e industrial.

Não é isto que vai acontecer.

A Boeing terá 80% do capital social e 100% do controle operacional e de gestão da nova empresa.

A Embraer não terá nem mesmo direito à voto no Conselho de Administração, exceto em alguns temas.

Trata-se, portanto, de venda.

Mas é preciso ir além.

A Embraer é uma empresa construída por trabalhadores brasileiros e com recursos públicos.

Perdê-la seria perder a soberania nacional, seria entregar décadas de conhecimentos em tecnologia de ponta desenvolvida pela terceira maior fabricante de aeronaves do mundo.

Também está prevista no acordo a formação de uma fusão para “promover e desenvolver novos mercados” para o avião cargueiro KC-390.

Novamente, o Brasil só tem a perder. O projeto só existe porque foi financiado pelo governo brasileiro.

Com a “joint-Venture”, 49% deste valioso programa de Defesa ficará com a Boeing.

Deve-se ainda considerar o impacto da medida para os trabalhadores brasileiros.

Como foi publicado anteriormente pela imprensa, existe a intenção da Embraer e Boeing em levar a produção do KC-390 para os Estados Unidos, gerando emprego lá fora e fechando no Brasil.

O risco de demissões e de transferência de operações para outro país é inerente a este tipo de negociação.

O próprio [jato executivo] Phenom prova isso.

Hoje já estamos presenciando na fábrica de São José dos Campos as demissões de funcionários que antes trabalhavam na produção do Phenom — agora produzido nos Estados Unidos.

Esta experiência certamente se repetirá quando o avião cargueiro estiver sob o comando da gigante norte-americana.

Está nas mãos do governo federal aprovar ou não a concretização deste crime de lesa-pátria.

Em nome dos trabalhadores da Embraer, os sindicatos lutarão para que a venda seja vetada pelo atual ou pelo futuro governo.
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região
Sindicato dos Metalúrgicos de Araraquara e Região
Sindicato dos Metalúrgicos de Botucatu e Região

Nenhum comentário:

Postar um comentário

12