quinta-feira, 30 de maio de 2019

O caso Avianca e o fracasso monumental da ANAC, por André Motta Araújo

Desde seu início a ANAC teve uma vida pouco edificante. Modelada pela FAA (Federal Aviation Administration) americana, copiou apenas a capa e não a cultura e o espírito da FAA.



O caso Avianca e o fracasso monumental da ANAC

por André Motta Araújo

A ANAC assistiu impassível ao desmoronamento da AVIANCA, tendo na sua cara uma solução rápida e eficiente para a crise. Quando a AVIANCA ainda estava voando, a AZUL, 4ª linha aérea no ranking, com 26 slots em Congonhas contra 41 da AVIANCA, 274 da GOL e 276 da LATAM, oferece US$ 104 milhões pela AVIANCA, para assumir de imediato a operação, sem cancelamento de voos e mantendo a empresa em funcionamento.

A ANAC nem se moveu e permitiu que as duas gigantes atrapalhassem a solução natural, sem oferecer nenhuma outra alternativa, a não ser ficar com os slots da AVIANCA de graça.

Com isso a AZUL retirou sua proposta, que já estava documentada como oferta firme. A ANAC permitiu que o cartel das duas gigantes inviabilizasse a AVIANCA gerando agora sua paralisia completa. A AZUL ficou tão decepcionada que saiu da associação nacional das empresas aéreas, acusando diretamente a LATAM e a GOL de interferir para impedir o salvamento da AVIANCA.

A AZUL é uma empresa de profissionais, seu maior acionista criou uma das grandes linhas aéreas americanas e está hoje criando uma nova empresa aérea nos EUA. É um americano nascido em São Paulo, construiu a AZUL em dez anos mesmo sendo-lhe negado por muito tempo (por pressão das gigantes e apatia da ANAC) ter operação em Congonhas.

ANAC, UMA AGÊNCIA MAL CONSTRUÍDA

Desde seu início a ANAC teve uma vida pouco edificante. Modelada pela FAA (Federal Aviation Administration) americana, copiou apenas a capa e não a cultura e o espírito da FAA. Enquanto a agência americana é tradicionalmente liderada por veteranos da aviação, como o atual Administrador Dan Elwell, comandante de aviões há 30 anos. A ANAC teve como primeira diretora-geral a onipresente Solange Paiva Vieira, economista, que de avião só conhecia a poltrona. Nessa linha, teve o ex-Deputado Leur Lomanto como diretor, que em plena greve de aeronautas se gabava na imprensa que para ele sempre haveria voo. No governo Dilma foi nomeado outro diretor, muito jovem, que de avião só conhecia o lanche, porque iria se casar com a filha de um importante Senador do Nordeste e este lhe prometeu o cargo como presente de casamento. Uma agência de aviação com poucos profissionais de aviação.

Nesse ambiente, de pouca seriedade e nenhuma eficiência, a ANAC assistiu a derrocada da AVIANCA sem nenhuma ação preventiva. Agora no final fecha a tampa do caixão, proibindo todos os voos. MAS PORQUE NÃO AGIU ANTES procurando uma solução? Proibir voos é solução?

A ANAC é a demonstração mais cabal de como não deve ser uma agência regulatória, foi um fracasso desde o início, hoje um imenso cabide de burocratas que, por sua ineficiência, permitiu a existência de um sistema aéreo disfuncional, com as passagens mais caras do mundo por quilometro voado, com pegadinhas como cobrar por bagagem para baratear as passagens, algo que jamais aconteceu, um imenso Pais sem linhas regionais.

Hoje, a aviação brasileira tem muito menos rotas do que em 1960, com passagens muito mais caras, desconforto desde o check-in, poltronas para anões e faquires, só falta cobrar o copo d´água, tratamento de passageiros como pedintes em casos de cancelamentos de voos. Há uma queixa generalizada do consumidor em relação à má qualidade do transporte aéreo brasileiro, com um sistema de tarifas maluco, taxas para tudo. A ANAC assiste de camarote como se não fosse com ela cuidar de alguma eficiência na aviação comercial brasileira. Uma agência caríssima em um prédio gigante no centro do Rio, faz o quê?

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