Os cristãos favoráveis às armas costumam citar Mateus 10 e Lucas 12 para defender o projeto de Bolsonaro. Mas os dois capítulos da Bíblia são constantemente retirados de contexto para caber na narrativa da extrema-direita. O mesmo era feito por fascistas na Itália dos anos 1920-1930
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Jornal GGN – A Marcha Para Jesus de 2019 foi marcada por uma cena emblemática: Jair Bolsonaro, vestindo uma camiseta com “Jesus” estampado sobre uma cruz, fez o famoso sinal de “arma” usando as duas mãos, e fingiu disparar em direção ao solo. Ao seu lado no palco, políticos e lideranças religiosas que rendiam aplausos e risadas.
Bolsonaro costuma citar passagens bíblicas para argumentar que não há, em sua visão, conflito em ser “cristão” e defender, ao mesmo tempo, o armamento do povo.
Mas esses trechos do livro sagrado são constantemente retirados de contexto para servir à narrativa da extrema-direita. E isso não é sequer uma invenção dos Bolsonaro.
Já nos anos 1920-1930, o filósofo italiano Giovanni Gentile usava dos mesmos textos e dos mesmos argumentos para justificar o apoio de católicos às brigadas fascistas.
As brigadas eram grupos paramilitares de soldados e ex-soldados que combatiam “justiceiramente” aqueles que consideravam inimigos. Funcionavam, portanto, como milícias.
Movido por “profunda indignação” em relação às distorções dos textos bíblicos para defender a violência, Bruno Reikdal Lima – formado em teologia e filosofia, mestre em Filosofia Latinoamericana e doutorando em Economia Política Mundial pela UFABC – produziu um vídeo em sua página no Facebook, explicando o verdadeiro contexto das passagens utilizadas pelos bolsonaristas.
Mateus 10 e Lucas 12 são os principais capítulos. No primeiro, Jesus diz algo como “Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas a espada”; e no segundo, “Eu vim para trazer fogo sobre a terra e como gostaria que já estivesse em chamas!”
Segundo Reikdal, os entusiastas do armamento omitem o real sentido da mensagem de Jesus aos seus discípulos quando utilizou essas duas frases que envolvem “espadas”, “fogo”, expressões de violência quando tomadas no sentido literal da palavra.
São, ao contrário, metáforas que preparavam os discípulos para as reações sociais adversas aos seus ensinamentos.
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