
Curitiba, 29 de julho de 2019.
Lula
Continuo ainda sem saber como tratá-lo.
Só como Lula ou algum adjetivo antes do nome. Se for com algum adjetivo, qual seria?
Dias desses, num restaurante popular, enquanto esperava o almoço, peguei um guardanapo e fiz um ensaio de como deveria tratá-lo.
Sei que isto é secundário perante à injustiça de sua prisão e as desgraças que o povo está sofrendo no dia a dia.
Mas são tantas as desgraças que não sei por onde começar a carta.
Bem, vamos lá: lembra-se do diretor de teatro e dramaturgo, Roberto Alvim? Aquele que montou “Leite Derramado” de Chico Buarque?
Ele aceitou o convite do Bolsonaro para ser diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte. Disse que não poderia recusar, que o presidente foi muito gentil ao formular o convite.
Lula, você conhece o Bolsonaro. Será que alguma vez este homem soube ser gentil com alguém? Duvido.
Fiquei pasmo ao saber que ele (Alvim) aceitou o convite. Não sei se é esta a palavra certa, pois eu já estava pasmado desde quando ele declarou apoio ao candidato Bolsonaro.
Na época ele disse que estava saindo do armário. Naquele dia fiquei sabendo que no armário também se escondem fascistas.
Bolsonaro liberou a crueldade, seja ela institucional, empresarial e/ou individual.
Todos os dias ele estimula a violência: ameaçou prender o Glenn Greenwald; está entregando a Amazônia aos devastadores; líderes sociais são assassinados e presos.
Semana passada foi assassinato o cacique Emyra Wajãpi, da etnia Wajãpi. É o segundo no governo dele, lembra-se de que em fevereiro foi assassinado um cacique Tukano em Manaus?
Sabe aquele juiz valentão, que agora é ministro, o Sergio Moro, é cúmplice. Mataram o cacique e ele está mudo.
Não só ele, aquela tal de Damares, que é dos direitos humanos, tampouco falou. Falou nada, nadinha até agora.
Desculpe Lula, esta carta vai ficar um pouco longa, mas não posso deixar de lembrar que o Sergio Moro alardeava: ninguém está acima da lei; a lei é para todos!
Agora ele, o Deltan Dallagnol e a turma toda da lava jato estão em maus lençóis. A cada diálogo deles divulgado mostra que desrespeitavam a Lei.
Se a lei é para todos, cadeia para o Moro e para o Dallagnol.
Ah…Tem muita gente te enviando abraços.
Jorge Sanches.
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