Da Redação
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Taylor Swift e Alex Jones: o confronto nos EUA. Reprodução
“Depois de alimentar o fogo da supremacia branca e do racismo durante sua presidência, você tem a coragem de fingir superioridade moral ao ameaçar com mais violência? ‘Quando os saques começam, os tiros começam’??? Vamos tirá-lo no voto em novembro, Donald Trump”.
A mensagem foi disparada pela cantora Taylor Swift para seus mais de 86 milhões de seguidores no Twitter.
Foi uma resposta a mensagem postada mais cedo pelo presidente dos Estados Unidos, que havia usado sua conta no Twitter para ameaçar com repressão manifestantes que protestam contra a morte de George Floyd em Minneapolis, estado de Minnesota.
Mais uma vez, a plataforma interferiu: assinalou a mensagem de Donald Trump como possível incitação à violência, embora tenha mantido a mensagem no ar por considerá-la “de interesse público”.
“O Twitter não está fazendo nada sobre as mentiras e a propaganda disseminada pela China ou pelo Partido Democrata da Esquerda Radical. Ele tem como alvo Republicanos, Conservadores e o presidente dos Estados Unidos. A Seção 230 deve ser revogada pelo Congresso. Até lá, o Twitter será regulamentado”, respondeu Trump em mensagem a seus 80 milhões de seguidores.
A Seção 230 de uma lei de 1996 à qual se refere o presidente diz: “Nenhum provedor ou usuário de um serviço de computador interativo deve ser tratado como o editor ou orador de qualquer informação fornecida por outro provedor de conteúdo de informações”.
Em outras palavras, a revogação tornaria as empresas controladoras das redes sociais suscetíveis a uma enxurrada de ações judiciais que praticamente tornaria o negócio insustentável.
As ações poderiam ser movidas por usuários em caso de remoção de conteúdo sem notificação antecipada ou direito de questionar a decisão.
Com as mortes por causa da pandemia de coronavírus atingindo 100 mil pessoas nos Estados Unidos e a economia em frangalhos, o presidente Donald Trump está tentando evitar o esgarçamento de sua base.
O democrata Joe Biden aparece com 5,3% de vantagem sobre Trump na média das pesquisas nacionais para a eleição de novembro, que demonstram a perda de apoio do presidente em sua base mais importante, a dos eleitores mais velhos.
Ao ameaçar os manifestantes de Minneapolis, Trump está posando como o “presidente da lei e da ordem”, o que agrada esta fatia do eleitorado.
Porém, corre o risco de desagradar o eleitorado negro, onde o presidente vem tentando reduzir a imensa vantagem dos democratas.
Em mensagem posterior à que foi assinalada como imprópria pelo Twitter, Trump se explicou: disse que distúrbios só causariam novas mortes, uma desonra à memória de George Floyd.
Mark Zuckerberg, o dono do Facebook, discordou publicamente da decisão do Twitter, afirmando que não cabe às plataformas arbitrar o conteúdo publicado.
Zuckerberg foi o principal alvo de uma campanha movida pela senadora Elizabeth Warren, ex-candidata à Casa Branca, que defende a regulamentação pública das plataformas privadas.
Segundo Warren, para não perder dinheiro, o Facebook fechou os olhos para as fake news que ajudaram a eleger Donald Trump em 2016, muitas vezes promovidas como conteúdo pago.
Para se proteger, Zuckerberg foi um dos principais apoiadores da criação das agências de checagem.
A previsão de uma eleição equilibrada em novembro torna fundamental para Trump o apoio do submundo das redes sociais.
Recentemente, um dos maiores apoiadores do presidente, Alex Jones, do site Infowars, foi banido do You Tube e de outras redes sociais, sob a acusação de propagar teorias de conspiração.
Jones obteve milhões de seguidores graças ao apoio de Donald Trump, que chegou a repetir em discursos oficiais “informações” mentirosas que chegaram a ele pelo Infowars.
Alex Jones duvida, por exemplo, que o homem de fato tenha pousado na Lua.
Sua teoria mais recente é a de que o isolamento social foi imposto pelo establishment como forma de treinamento para futura escravidão humana num modelo cubano-soviético.
O coronavírus foi, obviamente, criado em um laboratório chinês, segundo Jones.
Trump, assim, é colocado como o outsider, o homem de fora do sistema que luta contra forças titânicas para sobreviver em Washington.
Este discurso tem grande apelo eleitoral, especialmente entre os eleitores independentes e do Oeste dos Estados Unidos.
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