terça-feira, 23 de junho de 2020

Dois genocidas, um governo moribundo e as Forças Armadas claudicantes, por Francisco Calmon

Os dois são ilusionistas, blefadores e caraduras, dois presepeiros, dois despreparados, e se há inteligência no comando do Exército, quero crer que sim, não irão cair em qualquer aventura bolsonarista

     Por Francisco Celso Calmon
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Dois genocidas, um governo moribundo e as Forças Armadas claudicantes

por Francisco Celso Calmon

Jair Messias Bolsonaro é responsável pelos resultados da Covid-19 no país.

Paulo Guedes é responsável pela velocidade dos infectados e mortos pela pandemia e pelo desemprego.

O presidente tripudiou sobre a gravidade do novo coronavirus, taxando-o de uma gripezinha, incentivou a população, em palavras e exibição de comportamento imprudente, a não seguir as recomendações da OMS e nem do seu próprio ministério da saúde. Defendeu a tese de que se tinha que morrer, que morresse logo, para salvar a economia; fez propaganda dos remédios cloroquina e hidroxicloroquina, sem comprovação e na contramão das pesquisas, importando o remédio e levando o Exército a fabricá-la.

Pressionou os governadores e prefeitos, que aplicaram em suas jurisdições as normas da OMS, a não fazer e criou uma relação inamistosa e até belicosa com alguns, levando a dúvida à população, e nesse cabo de guerra governadores e prefeitos acabaram por ceder, tudo em prol de uma economia e em detrimento da vida. Recentemente vetou a destinação de 8,6 bilhões de reais do fundo de reservas monetárias para o combate à pandemia nos estados e municípios.

O ministro da fazenda retardou o quanto pode o auxílio emergencial, mesmo sendo uma migalha de 600 reais, agora reduzida para 300, permitiu a burocratização para o recebimento e, sem os devidos cuidados para não haver aglomeração, ocasionou ambiente propício à propagação da doença.

Bolsonaro vetou o auxílio a pescadores, agricultores, motoristas, e diversas outras categorias prejudicadas pela pandemia.

O socorro às pequenas e micros empresas também lento e burocrático não foi acompanhado de contrapartida de assegurar o emprego; o desemprego aumenta sob os olhares frios do ministro.

O caminho escolhido para os auxílios emergenciais chegarem às pessoas e às pequenas empresas passa pelos bancos, que, por sua vez, não facilitaram e nem criaram uma rotina consoante à emergência da calamidade sanitária e econômica. Bom para o capital financeiro, ruim para a economia real e péssimo para os necessitados.

Sua política econômica, apesar de todas as comprovações de que não leva ao desenvolvimento, permanece inalterada na pandemia, provocando uma desaceleração econômica nunca vista na história do Brasil e de um provável contingente de desempregados e desalentados que deve chegar a 60 milhões este ano.

Poderiam e não criaram um imposto emergencial sobre as grandes fortunas para colocar dinheiro parado em circulação, poderiam e não fizeram colocar dinheiro novo na economia com a impressão de papel-moeda.

Os dois têm a chave do cofre do tesouro nacional. Não são os governadores e prefeitos. Mas à medida que relaxaram, pressionados também pelos empresários inescrupulosos, e liberaram a volta ao trabalho, passaram a ser igualmente culpados da tragédia de mais de um milhão de infectados e mais de 50 mil mortes de brasileiros.

A liberação só deve seguir um parâmetro: a existência de hospitais e ventiladores à disposição, enquanto os hospitais estiverem em colapso, não há que flexibilizar as normas da OMS.

O presidente do Brasil é sociopata e não tem arrependimento e nem autocrítica, quando recua é apenas uma tática para avançar novamente em seus propósitos, não tendo empatia pelo povo e nem pela dor alheia, até mesmo quando vai prestar homenagens póstumas ao paraquedista morto num treinamento, traz à lembrança de uma figura da ditadura, general Leônidas Pires, para afirmar mais um sofisma: “a missão das Forças Armadas é defender a pátria, é defender a democracia, e como dizia, que se tornou um grande amigo, o ex-ministro Leônidas Gonçalves, nós estamos a serviço da vontade da população brasileira”.
Por que evocar um militar que, inobstante ter tido um papel importante na transição, deixou suas digitais na ditadura.

As FAs destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (art. 142 da CF).

Não cabe e nem é papel delas fazer política. Não estão a serviço da vontade do povo, estão a serviço do que reza a Carta Magna.

As FFAA deveriam ter vergonha de estar a serviço de um péssimo presidente e ex-tenente delinquente, cujo exemplo foi o de mau militar, seu currículo no Exército é desabonador e à medida que for conhecido pelos da ativa e seguido, o Exército estará em situação de quebra de hierarquia permanente.

Preocupação maior é com os demais poderes da República, Legislativo e Judiciário, caírem no conto do vigário do Messias e recuarem nesse imperativo movimento de apurar as criminosas atuações da chapa Bozo/Mourão, as do presidente e dos bolsonaristas, a começar pela sua família.

Os dois são ilusionistas, blefadores e caraduras, dois presepeiros, dois despreparados, e se há inteligência no comando do Exército, quero crer que sim, não irão cair em qualquer aventura bolsonarista e se promiscuir com milícias assassinas e extorquistas da miséria da periferia.

Se todos são súditos da Constituição e das leis do país, não há porque temer em aplicá-las.

Se o STF e o STE tiverem que pedir licença aos generais, então, o Estado de direito já não existe mais.

Bolsonaro está infelicitando a nação e levando os que ainda o apoiam para a marginalidade institucional.

Os que representam o povo no Congresso e os que vestem a toga para defender a Constituição devem ter a coragem necessária para resguardar o Brasil da demência de um governo de fascistas.

Francisco Celso Calmon é Advogado, Administrador, Coordenador do Fórum Memória, Verdade e Justiça do ES; ex-coordenador nacional da RBMVJ; autor dos livros Sequestro Moral e o PT tenham com isso? e Combates pela Democracia (2012), autor de artigos nos livros A Resistência ao Golpe de 2016 (2016) e Comentários a uma Sentença Anunciada: O Processo Lula (2017).

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