Especialistas advertem, porém, sobre considerar Nietzsche um anticristão. Pelo contrário, tudo indica que o filósofo queria salvar o cristianismo com seu ajuste de contas. Mas este é outro exemplo da abordagem robusta do pensador, que mostrou com seus escritos – como ele próprio intitulou numa de suas obras – "Como filosofar com um martelo".
Fama póstuma
Teria o radicalismo de seus escritos sido um produto do avanço de doenças mentais e neurológicas? De fato, o filósofo sofreu de enxaquecas severas por muitos anos. Uma doença do estômago também o incomodava e mais tarde ele quase ficou cego – possivelmente por causa de uma sífilis não curada.
Após ter enviado mais e mais cartas e anotações com traços de megalomania, Nietzsche foi internado em clínicas psiquiátricas, primeiro em Basel e depois em Jena. Dos 45 anos em diante (1889), ele sofreu de uma doença mental que o incapacitou para o trabalho e negócios, tendo passado o resto da vida sob os cuidados da mãe e depois da irmã. Ele morreu aos 55 anos em 25 de agosto de 1900.
Friedrich Nietzsche não chegou a tomar conhecimento da fama alcançada no início da década de 1900. Sua obra, tão brilhante e diversa quanto seus leitores póstumos, foi administrada por sua irmã e única herdeira, Elisabeth-Förster-Nietzsche. Aparentemente, em parte por ignorância, em parte deliberadamente, ela conduziu uma publicação bastante seletiva dos escritos.
Assim, o Expressionismo descobriu o poder linguístico de Nietzsche e celebrou em particular o livro Assim falou Zaratustra. Mais tarde, tanto nazistas como fascistas, especialmente o ditador italiano Benito Mussolini, iriam se valer de conceitos como "moralidade do senhor" e "vontade de poder". Na Alemanha do pós-guerra, Nietzsche carregava para muitos a mácula da extrema direita.
Foram os filósofos da Itália e da França que redescobriram Nietzsche, como os existencialistas Jean-Paul-Sartre e Albert Camus. Posteriormente, pensadores como Jacques Derrida ou Gilles Deleuze também evocaram o pensamento do alemão. "Na mina deste pensador, pode-se encontrar todo tipo de metal", disse o filósofo italiano e coeditor das obras de Nietzsche, Giorgio Colli (1917-1979).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12