segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Bolsonaro a caminho do fim. Por Moisés Mendes

             Publicado por Diario do Centro do Mundo

Originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES

Por Moisés Mendes

Os resultados da eleição deste domingo oferecem réguas e balanças para que seja medido e pesado o que vai sobrar de Bolsonaro. Vão sobrar dessa eleição apenas restos do Bolsonaro de 2018, que talvez não resistam até 2022.

Dizem sempre que uma eleição municipal é apenas uma eleição municipal. Que esse é um embate quase inútil para que se vislumbre o que acontecerá na eleição para a presidência da República.

Será também desta vez? Bolsonaro teve uma eleição atípica em 2018, quase como um cacareco, e em dois anos não conseguiu provar que é capaz de governar, de liderar e de agir com um mínimo de sensatez como presidente.

Mas ele poderia pelo menos ter criado base política, mesmo que seja incapaz de transmitir a sensação de poder. Bolsonaro não tem turma. A eleição municipal prova que ele não tem quase nada que o sustente politicamente.

Tudo para Bolsonaro é provisório. Bolsonaro não tem base orgânica. Não conseguiu fazer seus candidatos prosperaram. E foi alijado das disputas na maioria dos Estados, não porque tenha decidido agir com neutralidade, mas porque o afastaram das campanhas.

Bolsonaro virou um estorvo isolado em Brasília. A eleição prova que o sujeito não conseguiu um lastro político mínimo para continuar almejando não só a reeleição, mas a continuidade no poder com algum respaldo e alguma segurança.

Bolsonaro tem um apoio precário e protocolar de parte dos empresários (que ainda esperam ‘reformas’), não tem partido (a tentativa de criação da sua Aliança é o seu maior fracasso), não terá mais o respaldo de Trump e vê direita se esmoronar em outros países.

Não há um só país em que a direita extremada tenha lhe oferecido uma vitória desde que ele assumiu. Não citem o Uruguai, porque a direita de Luis Alberto Lacalle Pou não tem e nem quer afinidade com Bolsonaro.

E aqui a eleição provou que o Bolsonaro de 2018 não funciona mais e que um outro Bolsonaro, com outro perfil, é algo improvável.

As figuras medíocres que se elegeram na sua carona foram um fenômeno de dois anos atrás. A mágica da reprodução de extremistas, a maioria sem qualquer base ideológica consistente, não se repetiu.

Em dois anos, Bolsonaro extinguiu-se como referência. Se continuar fingindo que governa, acabará também com o país. A única chance para Bolsonaro é a oferecida pelo centrão.

Ele pode ser absorvido pela direita fofa, por algum tempo, em troca de todas as concessões possíveis, mas somente até o momento em que tiver garantia de sobrevida.

Se a economia desandar ainda mais, ele perder apoio popular e for um fardo para todos os tipos de PFLs, será jogado fora, bem antes da eleição. O centrão não pode perder o capital político que obteve na eleição.

Bolsonaro sabe que não pode contar com a fidelidade de ninguém. Sua única cumplicidade menos gasosa é a preservada com os militares, porque seu fracasso pode ser trágico para as Forças Armadas. Parece muito, mas é pouco. Hoje, politicamente, é quase nada.

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