(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Por Milton Blay
O capitão, kafkianamente eleito presidente da República, continua impunimente a cometer seus crimes cotidianos, em meio à indiferença do Procurador-geral da República, seu capacho.
Augusto Aras, homem dos mil instrumentos, fecha os olhos e os ouvidos para não ver nem ouvir as barbaridades perpetradas pelo chefete, tapa o nariz para não sentir o cheiro repugnante da merda que se amontoa no vaso em que jogou a ética (moral e jurídica), ao mesmo tempo em que rasga a Constituição, imaginando com certeza que a lei máxima se aplica aos mortais, não ao Messias.
Como o seu patrão, a quem deve lealdade cega, Aras é um ser amoral.
O Procurador-geral da República é cúmplice do genocídio que vem acontecendo no Brasil. Na hora de pagar a conta dos milhares de mortos vítimas da inexistência de uma política sanitária, deverá responder como tal. Afinal, cabe a ele denunciar e abrir investigação contra o presidente da República a cada crime e delito cometido na esfera penal. Muitos.
Porém, Augusto Aras finge ser cego, surdo e analfabeto jurídico. Seu último feito data de sexta-feira, 26 de fevereiro. No dia em que o Brasil registrava o recorde de mortos da Covid - 1.592 - Jair Bolsonaro limitou-se a criticar o uso de máscaras e o lockdown, cometendo assim um enésimo crime contra a saúde pública, em desrespeito das medidas de combate ao coronavírus ditadas pela OMS e seguidas por todos os países governados por gente minimamente séria. O procurador-geral, que tinha o dever de entrar com uma representação imediata junto ao STF, preferiu prosseguir no seu berço esplêndido, absorto pela indiferença absoluta.
Não é por acaso que os países que praticaram seriamente o isolamento social têm menos mortes a lamentar. Foi a única medida, paralelamente às ações básicas de higiene, que funcionou até aqui na contenção da pandemia do coronavírus, exatamente como há 670 anos, na Idade Média, contra a Peste Negra: quarentenas, confinamentos, toques de recolher, uso de máscaras e mãos limpas.
"Não há outra maneira de enfrentar a pandemia, além do que recomenda a ciência. Portugal está com a mais baixa taxa de contaminação da Europa graças ao confinamento e uso de máscaras.
Vários estados brasileiros estão decretando lockdowns de curta duração ou obrigando as pessoas a ficarem em casa durante a noite. Há lei seca, praias com tapumes e outras iniciativas. Mas a experiência de Portugal mostra que o que funciona mesmo é o confinamento geral. Claro que é muito mais complicado aplicar isso num país do tamanho do Brasil, pobre e sem comando, onde milhões se amontoam em barracos e saem de manhã para conseguir o que comer à noite. Mas a alternativa é tenebrosa: mortes e mais mortes."; escreveu nas redes sociais o jornalista Paulo Markun, direto de Lisboa.
Ao contrário, vale a pena lembrar que as novas variantes surgiram todas em países que deixaram o vírus circular livremente (como defende o capitão). É por isso que se fala em variante britânica, brasileira e sul-africana, mas é impossível falar-se em variante neozelandesa, porque na Nova Zelândia e em outros países que optaram por estratégias de erradicação não há propagação do vírus suficiente para que apareçam mutações.
Daí a necessidade imperiosa e urgente de se confinar já, com duplo objetivo: baixar a curva da pandemia e tentar evitar que uma variante mais letal e mais infecciosa se torne dominante. É uma luta contra o tempo.
Mas para tanto é preciso que o presidente e o sargento Garcia sejam lúcidos, o que é impossível, ou que Augusto Aras tire suas nádegas da cadeira e trabalhe. Esperar que o Congresso dos bandidos do Centrão acorde e abra um dos 60 processos de impeachment não é factível. Afinal, Lira e seus comparsas só estão preocupados consigo mesmos. Em outras palavras, em escapar da Justiça. Na verdade, muitos parlamentares não são deputados nem senadores, e sim fugitivos.
Ou o Brasil acorda ou morrerá, de morte morrida e de morte matada.
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