"Abraham Weintraub ataca os Bolsonaros porque a família entende o recado. Weintraub está avisando: eu conheço bem esse chiqueiro", escreve Moisés Mendes
Por Moisés Mendes
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Bolsonaro foi chamado de porco por seu ex-ministro da Educação Amadeu Weintraub. Como substantivo ou adjetivo, não acrescenta nada às centenas de palavras definidoras do genocida, ogro, besta, fascista, corrupto, burro, vagabundo, homófobo, racista...
Chamar Bolsonaro de porco faria algum sentido se tivesse o acréscimo de uma informação que mostrasse as porcarias cometidas.
É disso que as instituições vão precisar, quando Bolsonaro não contar mais com um chiqueiro só dele para chafurdar em Brasília, empregar generais e coronéis e comprar o centrão.
Quem sabe que Bolsonaro é porco e desonesto, como Weintraub disse em nota numa rede social, terá de dizer o que viu ou ouviu para escapar de ser cúmplice do que se anuncia.
O bolsonarismo deve sofrer, quando acabar, o cerco de mutirões do Ministério Público e do Judiciário. Não o cerco justiceiro do lavajatismo, mas da busca pelas reparações legais que têm sido adiadas.
Em meio a essa expectativa, prenuncia-se também que vem aí o que pode parecer esdrúxulo, mesmo que nada mais seja imponderável no Brasil.
Anuncia-se a PEC da impunidade, que blindaria Bolsonaro como senador vitalício e o livraria de processos e da cadeia.
Tudo é possível. O Congresso pode aprovar uma PEC por semana, como fizeram com a do estado de emergência.
A urgência agora é salvar Bolsonaro, porque um porco pode até acionar o caos, mas não terá depois como controlá-lo.
E os outros bichos que ficarem desamparados por um golpe fracassado? Não há como construir uma arca para todos eles.
A impunidade de Bolsonaro, se for levada adiante, criará uma classe especial de bandido e pode transformar ressentidos em inimigos furiosos, como é hoje o ex-ministro da Educação.
Abraham sabe que seu irmão Arthur Weintraub, ex-assessor especial do governo, está na lista do relatório da CPI do Genocídio. Ele e mais 78 nomes, 65 dos quais sem foro privilegiado.
A comissão pediu o indiciamento de Arthur como articulador do gabinete paralelo do Ministério da Saúde, que pregava o uso em massa do kit macabro da cloroquina.
Quando Bolsonaro tombar, Arthur e todos os que tentam escapar de indiciamento, sem o privilégio dos arquivamentos de Augusto Aras, estarão ao relento. Não há acordo capaz de segurar Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário.
Há outros casos, fora do relatório da CPI, dependurados em algum lugar à espera do fim do bolsonarismo como estrutura de poder.
Sem o porco-líder, estarão expostos os participantes do gabinete do ódio. O Supremo, que controla o inquérito das milícias digitais, terá de chegar a operadores e financiadores.
Sem o porco alpha, também saberemos finalmente o que irá acontecer com os mandaletes dos atos pró-golpe, investigados no mesmo inquérito dos propagadores de mentiras e difamações.
Conheceremos quem meteu dinheiro grosso no financiamento das milícias desde o começo, lá nas operações de disparo de mensagens criminosas na eleição de 2018.
Com o chiqueiro desocupado, a imundície será exposta, sem a menor chance de uma pacificação que signifique impunidade.
E esse é o drama de gente que sustentou os desmandos de Bolsonaro e agora se volta contra ele, ou irá se voltar depois da derrota na eleição.
Abraham pode saber alguma coisa de toda essa gente sob investigação, ou não teria dito o que disse.
Bolsonaro precisa apostar na proteção do Congresso para escapar da cadeia, mas seus filhos e outros investigados estarão sem pai, sem militares e sem milicianos com algum poder.
Abraham Weintraub ataca os Bolsonaros porque a família entende o recado. Weintraub está avisando: eu conheço bem esse chiqueiro.
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