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No dia 16 de agosto a campanha eleitoral de 2022 começou oficialmente. Com ela, o eleitor terá a chance de conhecer os candidatos e suas propostas. Não há dúvida de que será a eleição mais importante e tensa desde a redemocratização do país, conquistada no final dos anos 1980 após um longo período de ditadura militar (1964-1985).
Olhando no retrovisor da história, foi justamente por não acertarmos as contas com o passado ditatorial que o pesadelo Jair Bolsonaro se faz presente — herança de um país cruel e sem alma. Até por isso, a posse de Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última terça-feira foi tão simbólica e pedagógica.
Diante de um Jair Bolsonaro constrangido, o evento que teve a presença de Lula, Dilma, Sarney e Temer, foi pautado por discursos em defesa das urnas eletrônicas e recados contra o golpismo galopante que tem marcado a gestão do atual mandatário da república. Moraes, que já foi chamado de canalha pelo presidente, marcou posição na agenda que pretende tocar: defesa da urna eletrônica e combate à desinformação. "Principalmente daquelas escondidas no covarde anonimato das redes sociais", disse.
Pra muita gente não é novidade que o chefe de Estado é também o ventríloquo de uma turma que pensa como ele, e que foi desnudada nesta semana pelo bom jornalismo na reportagem de Guilherme Amado no Metrópoles: "Empresários bolsonaristas defendem golpe de Estado caso Lula seja eleito; veja zaps".
Como explica o texto: "A defesa explícita de um golpe, feita por alguns integrantes, se soma a uma postura comum a quase todos: ataques sistemáticos ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a quaisquer pessoas ou instituições que se oponham ao ímpeto autoritário de Jair Bolsonaro".
Anota aí, porque os golpistas têm nome, sobrenome e CNPJ: Luciano Hang, da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.
Questionados sobre o tom conspiracionista no grupo de WhatsApp Empresários & Política, criado no ano passado, a turma diz que não é bem assim, o famoso "veja bem". Mas as mensagens são explícitas. "O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. Teríamos ganhado 10 anos", diz um. "Prefiro ruptura que volta do PT", diz outro. Um deles sugere "pagar bônus" para funcionário que votar em Bolsonaro — um crime, vale registrar.
Como bem lembrou o cientista político Cláudio Couto no twitter, "a concorrência de mercado permite também boicotar empresas de golpistas e optar por outras, cujos sócios e dirigentes não sejam canalhas desse tipo".
A 43 dias do primeiro turno a tendência é que os latidos antidemocráticos sejam intensificados — como a tentativa desesperada do presidente de tomar o celular de um crítico que o chamou de 'tchutchuca do centrão'. O recado dessa turma em seu delírio autoritário está dado: Bolsonaro deve permanecer no poder mesmo que seja derrotado nas urnas. Mas somos muitos e não vamos permitir.
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