quarta-feira, 23 de novembro de 2022

A fábula de Esopo e o golpismo de Bolsonaro

Bolsonaro e estrada bloqueada (Foto: Bruna Prado/Pool via REUTERS | REUTERS/Ueslei Marcelino)

"Basta lembrar das lições de Esopo para reconhecer que os rastros deixados pela extrema direita devem ser investigados até o fim", diz Paulo Moreira Leite

Paulo Moreira Leite
https://www.brasil247.com/

Conhecida há mais de 2000 anos, a fábula do Lobo e o Cordeiro, atribuída a Esopo (620-560 a. C), contém uma lição política de grande utilidade para o Brasil nossos dias.

A notícia é que, após semanas de reclusão e mistério no Alvorada, Jair Bolsonaro prepara seu retorno a cena política com ajuda da mais conhecida lenda de nossos dias -- a fraude nas urnas eletrônicas, que frequenta o imaginário artificial do bolsonarismo desde que a vitória de Lula nas urnas tornou-se inevitável.

A fábula de Esopo ajuda a lembrar que a tecnologia pode ter evoluído, a vida social também pode ter sofrido mudanças gigantescas, para não falar na atividade economica -- mas determinadas verdades permanecem indispensáveis como o oxigênio que respiramos.

Criada por um cidadão escravizado, contador de histórias da Grécia antiga, o enredo da fábula é de uma clareza exemplar sobre os perigos que rondam um sociedade que perdeu a capacidade de defender o bem comum.

Esopo mostra que isso não ocorreu pela violência -- mas foi preparado pela ideologia.

Com a consciência adormecida pelo acúmulo de notícias falsas, diz seu enredo, uma aldeia de camponeses torna-se incapaz de se defender contra os perigos da vida real, encarnados pela metáfora de um lobo selvagem.

A mobilização golpista do bolsonarismo perdeu a força dos primeiros dias que seguiram a vitória de Lula nas urnas, mas estes movimentos não devem ser confundidos com as idas e voltas da extrema direita em atividade no país.

Há 24 horas, foram localizados 19 pontos de bloqueio e interdições em estradas, informa a CNN.

Descoberto no fim de semana, o criminoso diálogo de um ministro do TCU, Augusto Nardes, ilustra atividades golpistas nas altas esferas do Estado, numa instituição que foi peça essencial no golpe que derrubou Dilma Rousseff, em 2016.

Nardes foi relator da fraude escandalosa que, em forma de denuncia, afastou Dilma do Planalto e abriu caminho para a trama que levou Bolsonaro a presidência.

Basta lembrar das lições de Esopo para reconhecer que os rastros e indícios criminosos deixados pela extrema direita devem ser investigados até o fim -- antes do lobo aparecer.

Alguma dúvida?

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