
Fontes: Revolta [Imagem: Vista aérea da Esplanada dos Três Poderes no dia da posse de Lula da Silva em 1º de janeiro de 2023. Créditos: Site oficial de Lula]
https://rebelion.org/
Neste artigo, o autor reflete sobre os discursos que vêm anunciando o fim do lulismo desde o momento em que Lula se tornou presidente do Brasil, há 20 anos.
Desde o seu nascimento, o lulismo foi diagnosticado em crise e até em fase terminal. Assim que o primeiro governo do PT começou, foi apontado que ele fracassaria. Isso continuou mesmo depois de seus governos bem-sucedidos. No entanto, ele foi eleito para quatro mandatos. E essa onda não acabou.
Em 2018, um dos muitos cientistas políticos da mídia brasileira publicou um livro intitulado O lulismo em crise [N. da ed.: refere-se a um livro de André Singer , pouco antes de Lula ser reeleito presidente do Brasil. Na mesma época, um colunista do Valor Económico [N. da ed.: refere-se a Cristiano Romero] com o título: “ A última chance de Lula ”.
Em suma, a trajetória de Lula e do PT sempre foi acompanhada de previsões catastróficas. Em suas primeiras eleições, Lula foi duas vezes derrotado por Fernando Henrique Cardoso nas disputas presidenciais, no primeiro turno. Lula era visto como um político fracassado e o PT como um partido incapaz de derrotar o PSDB.
O PT pretende ser mostrado como se estivesse sempre em crise, acumulando derrotas. Como se seu projeto fosse inviável. Parece que o lulismo nasceu para "viver em crise". A ideia é sempre criticar Lula, falar mal dele, desconfiar de suas palavras. O jornalista que escreve esse tipo de coisa certamente ganhará espaço na mídia, será convidado para debates, será convidado a escrever e será promovido a "especialista" em Lula e no PT.
Porém, na história política brasileira, não há sucesso tão grande quanto o de Lula e do PT. Nem mesmo comparando com Getulio Vargas e o Getulismo seria possível encontrar tamanho sucesso.
É preciso lembrar que Lula recebeu o país à época com grave estagnação econômica, inflação crescente e alto desemprego. Lula deixou o governo, após dois mandatos, com a oposição sistemática da mídia, mas com apoio popular de 76%.
A economia voltou a crescer e as desigualdades sociais e regionais diminuíram, assim como o desemprego. A ponto de Lula escolher Dilma como sua sucessora que, por sua vez, conseguiu ser reeleita.
Há 14 anos, o Brasil vive um ciclo inédito de crescimento econômico, redução das desigualdades, estabilidade política e prestígio internacional. O lulismo liderou esse processo, consolidando-se como a maior força política do país no século XXI, o que teria permanecido se não tivesse sido afastado do governo pelo golpe contra Dilma.
Após ser preso, condenado e encarcerado, Lula foi reeleito presidente, embora tenha recebido uma importante herança para governar o Brasil: o desastre institucional produzido pelo governo anterior que, somado ao clima de violência nos discursos de direita, foi acompanhado por um presidente do neoliberal Banco Central e um Congresso de maioria conservadora.
Lula é um enigma, que não é decifrado nem pela direita nem pela ultraesquerda, que acabam sendo devorados por esse enigma. Lula conseguiu perceber que o neoliberalismo é o inimigo a derrotar e vencer. O sucesso de seu governo deveu-se à sua capacidade de substituir a prioridade dos ajustes fiscais pela prioridade das políticas sociais, aumento do emprego formal, expansão das políticas de educação, saúde e assistência social. E políticas complementares, como o 'Bolsa Família' ou 'Minha Casa, Minha Vida', entre outras, para quem não está no mercado formal.
De um modo geral, os governos Lula, que enfrentam forte oposição da mídia, também são acompanhados por quem insiste na questão da crise do lulismo. Uma “crise” que já entrou em crise.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
12