segunda-feira, 27 de maio de 2024

Analista: 'Israel é uma base militar dos EUA e da OTAN que precisa ser salva no Oriente Médio'

© AP Photo / Jacquelyn Martin, Pool


Na semana passada, Espanha, Noruega e Irlanda anunciaram que vão reconhecer a Palestina como Estado soberano na próxima terça-feira (28). Para compreender o que realmente está por trás dessa decisão a Sputnik conversou com o analista internacional Nicola Hadwa.

Os EUA são os maiores aliados de Israel e a principal economia mundial que não reconhece a Palestina como Estado. Na Europa, os países mais próximos de Tel Aviv, que também lhe fornecem armas e não reconhecem a soberania palestina, são a Alemanha, Itália, França e Reino Unido. Para além deles, Canadá, Coreia do Sul, Japão, Austrália e Nova Zelândia também não reconhecem a Palestina. Então por que Espanha, Noruega e Irlanda decidiram caminhar no suposto sentido contrário de seus aliados mais próximos?

Sobre essa decisão aparentemente paradoxal, o analista internacional Nicola Hadwa alerta que devem ser feitas várias leituras, olhando-a do ponto de vista da realidade.

"Neste momento não temos dúvidas, e sabemos, que o Estado sionista é uma base militar dos EUA e da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] em uma área tão importante como a Ásia Ocidental, onde está localizada a energia que move o mundo capitalista internacional", explica o especialista.

Segundo Hadwa, essa iniciativa dos três países de reconhecer o Estado da Palestina se deve ao perigo real de que esta base militar dos EUA e da OTAN, chamada Israel, desapareça.

"Não tenho dúvidas de que a longo prazo desaparecerá. [Mas] para salvá-la, propõem a criação de um Estado [palestino], que seria um fracasso, de acordo com a Autoridade Palestina, que não representa o povo palestino, porque, segundo pesquisas, 90% dos palestinos o rejeitam. Portanto, a colaboração [da Autoridade Palestina] com os europeus concordaria com a criação deste Estado [palestino fracassado], porque isso lhes permitiria salvar a base militar do império e dos europeus. E, por outro lado, com os colaboracionistas poderiam formar um governo que reconhecesse o Estado infanticida [israelense] como legítimo", pontuou Hadwa.


De acordo com o especialista, a hipocrisia internacional liderada pelos EUA está disposta a criar um Estado palestino que defenda os interesses norte-americanos e ocidentais, muito diferente dos interesses do povo palestino.

"Neste momento, estamos vendo o povo palestino ser ignorado pela chamada comunidade internacional que teme o poder do capital financeiro sionista."

Para o especialista, a grande questão que desperta o interesse de Washington em Gaza, não é outra senão a tentativa de manutenção de sua influência regional em um momento em que as forças norte-americanas estão sendo retiradas de territórios como Líbano, Afeganistão, Síria e Iraque.

Os EUA "estão perdendo o poder de presença no mundo inteiro, não apenas na Ásia Central e Ocidental". Para Hadwa, o verdadeiro poder que o império norte-americano ainda manipula é o Estado sionista de Israel, que estimula o complexo industrial-militar norte-americano, o capital financeiro e até mesmo o Congresso, ao ponto de promover um racha entre a visão do povo americano que se manifesta nas universidades contra as barbaridades em Gaza, e os jovens que se alistam no Exército dos EUA sem saber exatamente pelo que estão lutando.

"O mundo precisa se libertar do sionismo. O sionismo não é apenas contra o povo palestino, é inimigo da humanidade, uma ideologia arcaica, primitiva, racista, exclusivista, supremacista que está absolutamente à margem da história. Essa é a realidade", conclui.




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