Presidente dos EUA, Donald Trump, fala durante reunião de republicanos da Câmara no resort Trump National Doral, em Miami, Flórida - 27/01/2025 (Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz)
“Você pode me matar, mas eu sobreviverei na minha cidade que é anterior à sua, nas Américas. Somos pessoas dos ventos, do Mar do Caribe e da liberdade", Petro.
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Recentemente assistimos imagens estarrecedoras pela brutal deportação de cidadãos brasileiros e de outros latino americanos pelo viperino governo Trump. Na procura esperançosa por melhoria de vida, ao não vislumbrarem outras perspectivas em sua terra de origem, imigrantes indocumentados caíram na armadilha da busca de uma pseudo prosperidade.
Atraídos pelo desejo de uma virada na vida rumaram à quimera do sonho americano, que na realidade não passa de uma super exploração das energias vitais humanas pela venda da força de trabalho em condições de absoluta indignidade. Transformam-se em animais de carga, sugados até à exaustão por serem imigrantes ilegais, enquanto os ditos americanos raiz, descendentes de imigrantes até tornarem-se cidadãos estadunidenses, como Trump, os intimidam mantendo-os em trabalhos precarizados.
Comparo as condições de vida e de trabalho dessas pessoas no opaco império americano, como a existência em cárcere semiaberto pela vulnerabilidade de permanência nesse país impiedoso.
Apesar dos pesares desses últimos dias do mês de janeiro, os parlamentares bolsonaristas, denominados pelos lúcidos das redes sociais, como patriotários, são tão risíveis, que embora todas as humilhações que passam continuam fanáticos pela face revelada em caricaturas nazifascistas do abominável Presidente dos Estados Unidos. A extrema direita brasileira cultua com estranha veemência o mandamento americano de ‘Faça a América grande novamente’ (Make America Great Again). Reverenciam tal mantra como se essa epifania fosse beneficiá-los em alguma medida. São figuras políticas desprezíveis, tratadas por Trump como imprestáveis. Contudo, continuam mergulhadas numa absoluta falta de vergonha motivada pela grotesca oposição aos valores de União e Construção do governo brasileiro. Com práticas truculentas e interessadas em abrir caminhos para o retorno do segmento fascistoide ao planalto em 2026, esses políticos idolatram, reiteradamente, valores reacionários de seu líder alaranjado.Barrados no baile, a ex primeira dama Michele, vestida com falsificada elegância interna e externa ao lado da desqualificada figura de seu enteado, Eduardo Bolsonaro, insistiu na performance melancólica de penetra de quinta numa festa em que ela e seu acompanhante eram indesejados. Nos dias seguintes, após esse vexame anunciado, alguns membros da família Bolsonaro publicaram nas redes sociais comentários desairosos sobre os episódios de deportação dos brasileiros, com a mesma tônica agressiva do presidente americano, que não os recebeu em sua festa de posse.
Entre as reações aos voos de deportação, a do Presidente da Colômbia foi aplaudida em vasta medida pelos latinos americanos civilizados. No entanto, o Presidente Gustavo Petro ao enfrentar isoladamente o ditador teve que recuar horas após pelas ameaças tarifárias impostas ao seu país. Já o governo Lula agiu com estratégia ao articular medidas meticulosamente diplomáticas.
Na atual conjuntura política brasileira, criar uma crise nas relações entre o Brasil e Estados Unidos da América poderia impulsionar mais críticas indevidas da direita fisiologista, da extrema direita e da imprensa corporativa, mais conhecida como Partido da Imprensa Golpista (PIG).
Ultimamente essa imprensa hegemônica está a todo vapor pelo índice preocupante de aprovação do governo Lula, indicado na recente pesquisa feita pela Genial Quaest. O episódio da falsa taxação do Pix veiculado nas redes sociais pela extrema direita e a alta dos preços dos alimentos têm repercutido na popularidade do governo, inclusive pelo inédito descontentamento de parte da população nordestina.
A gestão de Lula está enfrentando uma enxurrada de Fake News por parte dos políticos de índole bolsonarista. Essa ala nunca proferiu uma crítica saudável, propositiva. Suas manifestações são destrutivas, enganadoras e estrategicamente mentirosas, além da monetização voraz pelas Big Techs aliadas ao extremismo nazi fascista espalhado pelo mundo. A finalidade é a de sempre obscurecer a verdade.
Nessa toada, a camada da população menos informada, com menores condições de análise sobre a totalidade e interrelações entre os fenômenos políticos, sociais, histórico-culturais e econômicos, infelizmente acaba sucumbindo às mentiras. As elites financeiras, ao contrário, patrocinam a universalização da inversão da verdade em defesa de seus objetivos de dominação. Trata-se de um fenômeno mundial visivelmente incrustrado no funcionamento estrutural e conjuntural dos continentes. Nessa materialidade, grupos radicais de extrema direita sentem-se cada vez mais à vontade.
Por outro lado, temos constatado algumas reações aos avanços extremistas, como na oportuna manifestação do povo alemão contra a extrema direita e movimentos neonazistas ocorridos na semana passada, logo após a reunião anunciada em que parlamentares do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) tratavam de uma proposta de expulsão massiva de imigrantes e “cidadãos não assimilados” apoiados por membros da elite empresária e de grupos neonazistas.
Neste panorama preocupante, torna-se imprescindível a participação mais incisiva do Brasil junto aos demais países latinos americanos e caribenhos na ativação de uma maior integração entre os organismos que tratam de interesses comuns para o continente. O coletivo de resistência às medidas indevidas do governo americano, que afetam diretamente a América do Sul deve ser urgentemente restabelecido, ainda que a ascensão do poderio de Trump e sua ofensiva intimide as economias de tais países.
Na semana que passou, a pedido de Gustavo Petro, a Presidente de Honduras, Xiomara Castro, que também preside a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) convocou, em caráter de urgência, uma reunião entre os países que a compõem. Entretanto, a reunião foi cancelada por “falta de consenso” segundo declarações da presidente da CELAC. Para o presidente da Colômbia o cancelamento deveu-se ao posicionamento de alguns países membros que segundo Petro: “privilegiaram outros princípios e interesses diferentes aos de unidade da região latino-americana e caribenha” (Portal G1 Mundo, em 29/01/2). A Argentina foi um dos países contrários à reunião, o que não constitui nenhuma surpresa, tendo em vista a subordinação do Presidente Milei ao governo norte americano.
Nessa perspectiva, a promoção de encontros frequentes entre os países membros da CELAC poderá representar alternativas mais incisivas nos enfrentamentos às deportações em massa de imigrantes pelos EUA, às questões ambientais e às ameaças de sanções e tarifas sobre os produtos desses países. A formação de blocos de resistência pode inibir a voracidade de impropérios do governo americano sobre assuntos relevantes que afetam a todos, como a questão do clima e o respeito à soberania dos países emergentes.
Trump fortalecido pela vitória obtida no voto popular e nos colégios eleitorais, por ter maioria republicana no congresso e uma suprema corte em sua maioria conservadora, tem colocado em prática decisões questionáveis que restringem direitos humanos das minorias, como a proibição da incorporação de militares transgêneros nas forças armadas ao extinguir programas militares de Diversidade, Equidade e Inclusão. A cada dia de seu governo mais direitos são suprimidos dos americanos, mais interferências em outros países são articuladas.
Todavia, temos observado diversas reações progressistas e humanizadas contrárias aos avanços espúrios do império agonizante.
Como disse Gustavo Petro, em sua breve carta a Trump: “Você pode me matar, mas eu sobreviverei na minha cidade que é anterior à sua, nas Américas. Somos pessoas dos ventos, das montanhas, do Mar do Caribe e da liberdade”.
Ainda que a reunião da CELAC não tenha acontecido pela postura subserviente de parte de alguns países ao prepotente personagem de tez alaranjada, resta-nos esperançar nesses tempos sombrios, para que as forças progressistas dos demais cantos do mundo e, principalmente da América do Sul reajam mais cedo ou mais tarde à tirania trumpista.
Encerro esse texto catártico, mais do que um texto analítico suavizando-o com a lembrança de um poema-canção de autoria de Gilberto Gil e José Carlos Capinan: Soy loco por ti América, loco por ti amores. Portanto, em vez de cultuar o mantra: “Make America great again”, vamos cultuar: Soy loco por ti América”.
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