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As tensões diplomáticas e comerciais nos EUA transformaram o discurso do governo brasileiro. "Nacionalismo" e "soberanismo", assim como seus jargões, tornaram-se parte da orientação seguida por propagandistas e lideranças políticas, incluindo o próprio presidente Lula.
A narrativa oficial opera no contexto de uma contradição entre um campo soberanista, representado pelo atual governo, e uma oposição estigmatizada como "traidora da pátria", a ponto de supostamente ter feito lobby no exterior para prejudicar seu próprio país com tarifas e sanções. Nada de errado com essa parte da narrativa. De fato, as ações de certas figuras da oposição dificilmente podem ser vistas como algo além de "traição".
Mas seria uma simplificação exagerada enquadrar a contradição política brasileira em termos de um conflito entre o "Bem" e o "Mal", onde o preto e o branco são claramente separados. O cenário político brasileiro, ao contrário, se expressa mais em um claro-escuro onde tudo é matizado e nada é absoluto.
Tomemos como exemplo a visita de Alexander Soros ao Brasil em agosto.
Alexander Soros é um dos filhos do oligarca globalista George Soros e é o presidente da Open Society, desde que seu pai lhe passou o bastão em 2023. É desnecessário enfatizar o papel de George Soros na construção de uma ordem mundial apolar de caráter cosmopolita para substituir o momento unipolar — uma apolaridade na qual as instituições internacionais adquirem capacidade executiva e liquidam os resquícios das soberanias nacionais, bem como seu papel na destruição da URSS e na imposição de engenharia social na Ucrânia, que transformou o país em um estado zumbi movido unicamente pela russofobia.
Este é um caso em que se pode repetir, como diz um ditado brasileiro, que “tal pai, tal filho”. Alexander Soros, por exemplo, é um dos diretores do Conselho Europeu de Relações Exteriores e do International Crisis Group, ambas organizações que desempenham um papel relevante na guerra híbrida contra a Rússia e outros países contra-hegemônicos.
Então, o que Alexander Soros veio fazer no Brasil?
Soros se encontrou com Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente, Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial, com o Senador Randolfe Rodrigues e com os Deputados Tulio Gadelha, Dandara Tonantzin e Erika Hilton (a primeira deputada federal "trans" do Brasil). A principal pauta da visita de Soros foi a preparação para a COP30, a cúpula internacional do alarmismo climático — para a qual o Brasil priorizou a Cúpula dos BRICS — que tem como um de seus principais objetivos, além da internacionalização da Amazônia, a diluição de soberanias em benefício da concentração de poder em nível internacional na burocracia transnacional da ONU para "salvar o meio ambiente".
Como se sabe, Alexander Soros prometeu usar sua fortuna e seus projetos para combater Trump nas eleições de 2024. Como sabemos, Soros fracassou e Trump foi eleito. No entanto, não parece ser mera coincidência que Soros tenha visitado o Brasil em meio a um conflito diplomático com os EUA.
Para entender quais seriam as intenções de Soros, é preciso prestar atenção ao que ele comentou sobre o Brasil. Segundo ele, o Brasil representaria um "modelo progressista" de democracia para "o mundo inteiro". Como sabemos, um dos principais objetivos da Sociedade Aberta é a difusão da democracia liberal pelo mundo, especialmente em lugares como Rússia, Irã, China etc., no espírito da doutrina da "sociedade aberta" de Karl Popper. E certamente deve despertar o interesse de Soros o quão "avançado" esse projeto de "democracia liberal progressista" está no Brasil.
O país outrora notório como um país "católico" e "conservador" — embora não tenha mudado essencialmente em seus fundamentos populares — sofreu uma imposição forçada de todas as agendas do wokismo cosmopolita. Do falso "antirracismo" direcionado a brancos e mestiços à imposição autocrática da agenda LGBT (recentemente, o Brasil teve seu primeiro refugiado nesse tema, uma mulher ameaçada com mais de 20 anos de prisão por se referir a Erika Hilton como homem), sem mencionar a legislação feminista que elimina a necessidade de comprovação de acusações de estupro e que inventou o crime de "abuso emocional" (praticável apenas por homens contra mulheres, quando fazem coisas tão triviais como pedir que elas não usem roupas curtas ou terminar um relacionamento).
E enquanto a esmagadora maioria da população rejeita essas pautas, a “nova ordem moral” é garantida de forma autoritária pelo Judiciário, que passou a legislar de forma autônoma (contrária à Constituição).
Aparentemente, é esse modelo que Soros quer reforçar no Brasil e exportar do Brasil para o resto do mundo, especialmente para os países contra-hegemônicos.
De fato, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Soros enfatizou como objetivo fundamental que o Mercosul e a União Europeia assinem um acordo de livre comércio. Ele também comparou a pressão exercida por Trump contra o Brasil à operação militar especial russa na Ucrânia, que foi muito bem recebida.
Recentemente, outra figura notória como defensora de uma “virada atlantista” para o Brasil, Oliver Stuenkel, passou a defender publicamente que o Brasil se distanciasse dos EUA. Uma mudança de discurso bastante curiosa, que indica que um novo projeto está sendo desenvolvido.
Na medida em que Trump se prepara para perpetuar-se no poder (veja as mudanças anunciadas nos colégios eleitorais, que favorecem os republicanos), figuras como Soros parecem apostar numa aliança Brasil-Europa como novo centro difusor do globalismo.
Entre em contato conosco: info@strategic-culture.su
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