Foto: Marcelo Camargo/ABr
A pouco
mais de um ano para as eleições, a presidenta Dilma Rousseff aparece como
favorita para a reeleição em todos os cenários para a disputa em 2014. É o que
aponta a pesquisa Vox Populi / CartaCapital realizada entre 7 e 11 de junho.
Nas
pesquisas de intenção de voto estimulada, quando o eleitor é submetido a uma
lista de candidatos, Dilma venceria em um eventual confronto os possíveis
candidatos Marina Silva (Rede Sustentabilidade), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo
Campos (PSB). Neste cenário, a presidenta conseguiria 51% dos votos, enquanto
Marina e Aécio teriam 14% cada um e Campos, 3%. Votos brancos, nulos ou
eleitores indecisos representam 18% do eleitorado.
Quando o
cenário apresenta Dilma, Aécio e Marina, a presidenta apresenta 53% das
preferências, enquanto o tucano mantém 15% e a ex-ministra do Meio Ambiente,
14%.
Quando o
eleitor tem de escolher entre a presidenta, o tucano José Serra e Marina, Dilma
volta a apresentar 51% dos votos, contra 18% do ex-rival da eleição de 2010 e
13% de Marina.
Performance
semelhante apresenta Dilma em um quarto contexto, quando o eleitor se decide
entre a presidenta, Serra, Marina e Campos. Enquanto a petista fica com 51% das
preferências, Serra mantém 18%, Marina tem 13% e Campos fica com 3% das
intenções de voto.
A
presidenta conquistaria a maior parte dos votos femininos e masculinos. Entre
os homens, 49% disseram pretender votar em Dilma – contra 17% que optariam pelo
mineiro, 14% por Marina e 3%, pelo candidato do PSB. Entre as mulheres, Dilma é
mais popular. Cerca de 53% das entrevistadas a têm como candidata preferida,
enquanto 12% preferem Aécio; 13%, Marina Silva; e 3%, Campos.
De forma
espontânea, 24% dos entrevistados disseram que votariam em Dilma se a eleição
fosse hoje, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é citado por
10%. Aécio Neves (PSDB) aparece com 4%, José Serra, com 2%. Marina Silva e
Eduardo Campos têm 1% cada um. Cerca de 8% dos entrevistados disseram que
votariam branco ou nulo e 48% não souberam responder.
Neste
critério da pesquisa, o nome de Dilma é mais recorrente no Nordeste: 33%. No
Sul, a presidenta conseguiria 30% dos votos; no Sudeste, 19%; e no conjunto
Centro-Oeste / Norte, 17%. Lula é citado por 18% dos eleitores do Nordeste, 10%
do Centro-Oeste / Norte, 6% do Sudeste e 5% do Sul.
Nível de
conhecimento. Dos possíveis candidatos à eleição presidencial em 2014, Dilma é
a candidata mais conhecida entre os entrevistados. Nada menos que 92% dizem
conhecê-la “muito bem” ou ter informações sobre a presidenta; 82% afirmam
conhecer Serra; 55% dizem conhecer Marina Silva; 39%, Aécio Neves; e 15%,
Eduardo Campos.
Quando
se trata de rejeição, Serra aparece com o maior índice. Dos entrevistados, 26%
disseram que não votariam nele “de jeito nenhum”. Dilma vem em segundo, com
16%, seguida por Campos (12%), Marina (9%) e Aécio (8%).
A
primeira rodada da pesquisa Vox Populi / CartaCapital foi feita antes dos protestos que
tomaram diferentes cidades do País contra a tarifa de transporte público. O
resultado, no entanto, mostra-se alinhado com levantamentos de outros
institutos, como o do Ibope de 25 de novembro de 2012, no qual Dilma recebeu
26% das intenções de voto, sete pontos a mais Lula (19%), os tucanos José Serra
e Aécio Neves somaram 4% e 3% cada, respectivamente, e Marina Silva ficou com
2%.
Para o
levantamento foram entrevistados 2.200 eleitores maiores de 16 anos em áreas
urbanas e rurais de 207 municípios, em todos os estados brasileiros (exceto
Roraima) e no Distrito Federal. A margem de erro é de 2,1 pontos para mais ou
para menos.
A
consulta feita em parceria será realizada, em média, de dois em dois meses, o
que permitirá análises comparativas com base em uma mesma pesquisa.
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por Marcos Coimbra, em CartaCapital
A
primeira pesquisa da parceira Vox
Populi/CartaCapital confirma os dados mostrados por outras
recentes e ajuda a explicá-los. Como as demais, ela indica um elevado nível de
satisfação da população com a situação nacional e alta aprovação do governo
Dilma Rousseff.
Mundo
afora, são poucos os países e os governantes que alcançam resultados
semelhantes. Se na quase totalidade da Europa ou nos Estados Unidos saísssem
pesquisas como as atuais no Brasil, muita gente por lá soltaria foguetes.
A mais
evidente consequência da prevalência desses sentimentos é a folgada dianteira
de Dilma nos cenários para a eleição presidencial de 2014. Ela é a destacada
favorita, seja nas menções espontâneas, seja diante de qualquer simulação com
adversários possíveis.
De novo,
tanto quando se comparam suas perspectivas eleitorais com aquelas de outras
lideranças internacionais quanto com a situação de seus antecessores em momento
semelhante, a presidenta tem muitos motivos para se alegrar. A 15 meses do
pleito em que disputaram a reeleição, Fernando Henrique Cardoso e Lula tinham
números piores comparados aos atuais de Dilma. E ambos terminaram por vencer.
Quando
cotejamos as pesquisas de junho com aquelas realizadas há alguns meses,
registram-se, porém, quedas. Seja nos resultados publicados do Datafolha e da
CNT, seja em levantamentos não divulgados de outros institutos (entre os quais
da própria Vox Populi), elas são perceptíveis.
São
quedas pequenas, insuficientes para mudar o panorama geral. Satisfação (com o
Brasil), aprovação (da presidenta) e favoritismo (da candidata) continuam
predominantes, por largas maiorias.
A nossa
cultura política se desacostumou, no entanto, das oscilações negativas nas
pesquisas de avaliação do governo, tão comuns no resto do mundo e tão
frequentes em nosso passado recente. Qualquer queda, por menor que seja, passou
a ser considerada “anormal” e prenúncio de mudanças definitivas nos humores da
população.
Do lado
do PT, de seus aliados e simpatizantes, difundiu-se a crença de que na seria
capaz de arranhar a solidez dos sentimentos populares em relação ao governo. Do
lados das oposições, depois de tudo tentarem para abalá-los e sem obter
sucesso, o desalento passou a ser regra.
Vivemos
um longo ciclo de popularidade governamental em alta, iniciado com Lula em 2007
e que atravessou a transição para Dilma e durou quase seis anos. Desde quando Lula
saiu incólume daquele desastre aéreo em Congonhas, que tentaram tornar
responsabilidade sua, até agora, nunca tivemos qualquer inflexão nessa
tendência, nem mesmo no auge da crise internacional em 2008.
Há, é
claro, limites para esse movimento. O aumento ininterrupto da popularidade
esbarra na reação dos opositores, que se tornam mais combativos à medida que se
sentem mais acuados. Os segmentos recentemente incorporados às maiorias da
aprovação são menos convictos do que aqueles apoiadores de longa data. Suas
motivações são menos sólidas.
A nova
radicalidade da oposição, somada à votalidade do “neogovernismo”, bastaria para
explicar as quedas observadas. Mas não parece ser a única explicação.
Quando
no fim de 2012 ficou nítido que o grande circo armado em torno do “julgamento
do século” havia sido incapaz de alterar os prognósticos para 2014, as
oposições, especialmente seu braço midiático, assestaram suas baterias para
novos alvos e foram atacar a competência do governo. Passaram o primeiro
semestre de 2013 em dedicação exclusiva e tempo integral na missão de
desconstruí-la.
Seu
maior sucesso foi transformar uma situação crônica, mas relativamente
administrada, com a qual convivemos há mais de 15 anos, em problema agudo e
urgente: a inflação. De tanto insistir no risco de “explosão inflacionária”, o
coro da mídia oposicionista ampliou o tamanho da parcela da sociedade sempre
assustada com a “carestia”.
Segundo
os dados da pesquisa Vox
Populi/CartaCapital, 92% dos entrevistados perceberam que os
preços aumentaram nos últimos meses e 72% esperam que continuem a subir nos
próximos. Ou seja, para uma significativa maioria, a situação econômica se
deteriorou e tende a piorar no futuro imediato.
Metade
dos entrevistados diz preocupar-se “muito” e outros 38% se “preocupam, mas não
muito”com a inflação. Em maior ou menor intensidade, mostra a pesquisa, 88% da
população não está tranquila com o risco do “retorno da inflação”.
Quanto
desse sentimento é pura subjetividade e quanto é fato objetivo? Quem olha o
conjunto dos indicadores da economia brasileira não tem dúvidas: a maior parte
guia-se por temores artificialmente estimulados.
A
construção da inflação como “ameaça iminente” provoca (ou aguça) sentimentos
raros nos últimos tempos, quase desaparecidos: de insegurança em relação ao
futuro e à capacidade do governo de resolver os problemas do País.
A
população brasileira conhece bem a sensação: experimentou-a com José Sarney,
Fernando Collor, Itamar Franco e FHC. Para ficar apenas no último, quem não se
lembra do sobressalto com a volta da hiperinflação e o racionamento de energia
no segundo governo do tucano?
Dois
episódios encarregaram-se de ampliar a sensação difusa de insegurança de maio
para cá: os boatos a respeito do fim do Bolsa Família e a temporada de caos urbanos
em São Paulo. Esta começou com manifestações inteiramente comuns na democracia,
contra aumento nos preços das passagens de ônibus (assim contribuindo para
tornar mais consistente o “medo da inflação”), mas logo virou um quebra-quebra
e estimulou imagens assustadoras na cobertura dos canais de televisão. Quem
ganha com o aumento da insegurança da sociedade? Os porcentuais de popularidade
perdidos pelo governo se transformam em algo positivo para alguém?
Não,
sugere a pesquisa. Em parte pelo fato de o processo de perda não ser grande e
parecer limitado. Também pela ausência de uma oposição com credenciais para
capitalizar o desgaste. De seus possíveis candidatos, alguns têm um passado
bastante pesado para carregar, enquanto outros inexistem para a vasta maioria
do eleitorado.
O caso
mais complicado é o do PSDB. Embora houvesse aproveitado do tempo integral da
propaganda partidária nacional e de boa parte das inserções nos estados, Aécio
Neves mostrou crescimento pequeno entre março e junho. Subiu somente 4 pontos
porcentuais, de acordo com o Datafolha. Nesta pesquisa, varia de 14% a 15% das
intenções de voto, a depender do quadro de concorrentes.
Se a
primeira janela de mídia partidária foi-lhe tão pouco proveitosa, como esperar
um crescimento nas duas vindouras (no segundo semestre deste ano e no primeiro
de 2014), as únicas antes de começar o período da propaganda eleitoral
gratuita, em agosto do próximo ano?
Com
todos os acontecimentos desses primeiros seis meses de 2013, o saldo para Dilma
Rousseff e o governo só pode ser considerado satisfatório. No fundo, é a
oposição que deveria se preocupar. Quem acumula mais de 50% de intenções de
voto, equivalentes a quase 62% dos votos válidos, tem muitos problemas a menos.
E as
manifestações populares dos últimos dias? Por enquanto, é impossível estimar
suas consequências eleitorais. De um lado, falta-lhes sentido político direto,
pois a maioria dos participantes parece orgulhar-se de um vago viés apolítico.
De outro, exatamente por isso, não favorecem ou prejudicam os candidatos reais
na disputa, por mais que a direita queira se apropriar dos protestos.
Em 05 de
outubro de 2014, os eleitores terão nomes concretos dentre os quais escolher,
cada um com seu passado e suas propostas para o futuro. Até aqueles que são
“contra tudo e contra todos” terminarão por fazer uma opção.



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