Paulo Saldaña - O Estado de S.Paulo
Apenas quatro redes de ensino estaduais brasileiras têm
resultados superiores à média geral do Brasil, de acordo com dados do Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) de 2012. A rede
de São Paulo, o Estado mais rico do País, fica abaixo do Brasil na média das
áreas avaliadas.
Os dados desagregados pelas redes de cada Estado são do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que trabalha com
a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na
realização do Pisa. A OCDE realiza a avaliação nos 34 países considerados de
primeiro mundo e em outros convidados, como o Brasil.
Nesta última edição, o País ocupou 57.º lugar entre os 65
países participantes. O Brasil está entre os que mais cresceram em pontuação
desde 2000, quando a prova foi criada, mas ainda não conseguiu sair das últimas
posições. O índice geral leva em consideração as redes particular e pública.
Quando separadas apenas as redes estaduais (que concentram 85% das matrículas
do ensino médio, fase em que está a maioria dos alunos avaliados no Pisa), o
cenário é mais preocupante.
Até a rede estadual mais bem colocada no Pisa, a de Santa
Catarina, com 422 pontos, ainda fica a 75 pontos de distância da média dos
países ricos. A pontuação equivale a quase dois anos de aprendizado.
São Paulo. A rede estadual de São Paulo é a quinta melhor
rede estadual do País, mas está um ponto abaixo da média geral do País. Apenas
na área de Matemática o resultado paulista é superior à média do Brasil.
Se São Paulo fosse um país, estaria na 58.ª posição, abaixo
de Brasil, Uruguai e Chile e acima somente de oito países, incluindo Jordânia,
Argentina, Colômbia e Peru. A Secretaria de Educação do Estado tem como
objetivo (em seu programa Educação - Compromisso de São Paulo, lançado pela
atual gestão) que a educação paulista figure entre as mais avançadas do mundo
até 2030, com base nos dados do Pisa. O plano é que São Paulo chegue à 25.ª
posição. Se levar em consideração também a rede particular, São Paulo subiria
para 54.º, com média de 415 pontos.
Para a professora Maria Izabel Noronha, presidente do
Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp),
os resultados mostram uma falta de continuidade na política educacional nos últimos
20 anos. "São Paulo tem tomado medidas muito pontuais na educação,
responde a questões emergenciais. Falta um plano estadual de educação, um
projeto articulado", diz Maria Izabel.
A consultora em educação Ilona Becskeházy concorda que o
sistema educacional ainda é deficiente em São Paulo, mas ressalta que a amostra
do Pisa para a rede estadual pode, na comparação, esconder alguns aspectos
positivos. "São Paulo é a rede que tem mais gente dentro da escola e mais
gente no ensino médio. Fica difícil penalizar."
Análise. A Secretaria afirmou, em nota, que a análise do
Pisa 2012 é feita pela Coordenadoria de Informação e Monitoramento e Avaliação
(Cima). "As escolas estaduais de São Paulo são caracterizadas pelo
atendimento universal, inclusivo, e que respeita a diversidade da maior rede de
ensino do País, com 4,3 milhões de alunos."
A pasta refutou a comparação da rede estadual com a média
geral do País, afirmando que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb), do governo federal, aponta evolução no desempenho dos alunos de São
Paulo. No Ideb de 2011, o ensino médio de São Paulo teve melhora, mas os dois
ciclos do ensino fundamental ficaram estagnados, com o mesmo resultado no
índice de 2009.
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