A Suprema Corte dos EUA julga em abril um processo aberto
pelas 4 maiores tevês do país contra a Aereo, uma pequena empresa que criou uma
nova maneira de ver tv
Altamiro Borges
– Carta Maior
O jornalista João da Paz, do sítio “Notícias da TV”,
publicou nesta semana uma informação que deve causar pânico nos donos das
emissoras de televisão no Brasil. Segundo revela, a Suprema Corte dos EUA
julgará em abril um processo aberto pelas quatro maiores tevês do país (ABC,
NBC, Fox e CBS) contra a Aereo, uma pequena empresa que criou uma nova maneira
de assistir televisão. “O que a Aereo faz é pegar os sinais abertos dessas
quatro emissoras com uma pequena antena moderna e retransmiti-los pela internet,
dando ao telespectador a oportunidade de assistir a esses canais no computador,
em tablets e em smartphones, com a opção de gravar e pausar programas. Tudo em
alta definição”.
O novo serviço tende a promover uma hecatombe na forma de
assistir tevê. O internauta faz a assinatura mensal no valor de US$ 8 (R$
19,20) e tem a possibilidade de gravar um programa por vez, até o limite de 20
horas de armazenamento. Até o momento, os serviços da Aereo já estão
disponíveis em 26 cidades do país, incluindo Nova York, Boston, Washington,
Filadélfia e Dallas. Em outubro, o Wall Street Journal informou que somente em
Nova Iorque já seriam de 90 mil a 135 mil assinantes. Diante do risco da
acentuada queda de audiência e de recursos publicitários, as poderosas
corporações alegam que a Aereo rouba o sinal e infringe direitos autorais.
Na titânica batalha jurídica em curso, a inovadora empresa
até agora tem levado a melhor. Segundo informa João da Paz, “a Suprema Corte
vai dar continuidade ao caso julgado na Segunda Corte de Apelação de Nova York,
em abril de 2013, cujo resultado foi favorável à Aereo. Os juízes de Nova York
entenderam que o serviço prestado pela empresa é legal. O criador e
diretor-executivo da Aereo, Chet Kanojia, de 43 anos, disse em comunicado após
essa decisão que ‘esperamos apresentar nosso argumento na Suprema Corte, certos
de que o mérito do caso irá prevalecer’”.
A empresa conta com um trunfo nesta batalha. O magnata da
comunicação Barry Diller, ex-diretor da Paramount e da Fox, decidiu apostar no
negócio inovador. Ele hoje comanda a empresa de internet InterActive
Corporation e tem uma fortuna calculada em US$ 2,8 bilhões. “Diller é um dos
principais investidores da Aereo.
Neste mês, mesmo em meio a esse tumulto, ele conseguiu
atrair US$ 34 milhões para financiar a expansão da empresa. ‘Passamos por três
julgamentos em 2013 e em todos eles as Cortes Distritais decidiram que o nosso
negócio é perfeitamente legal’... Ele calcula que o Aereo poderia ter entre 10
milhões e 20 milhões de assinantes se pudesse operar amplamente, sem
restrições”.
A batalha, porém, será prolongada e sangrenta. “As quatro
emissoras agem agressivamente contra Aereo. A CBS é bem enfática sobre o
assunto e se posicionou de forma direta em comunicado. ‘Nós acreditamos que o
modelo de negócios da Aereo é alicerçado em roubo de conteúdo’, diz a emissora
de maior audiência dos EUA. A Fox se mostrou mais radical, ameaçando ir para a
TV por assinatura se a Aereo vencer na Suprema Corte. Quem também comprou a
briga das emissoras, e adotou um tom tão agressivo quanto, foram as ligas
esportivas NFL (futebol americano) e MLB (beisebol). Ambas têm acordos
bilionários com os canais abertos e divulgaram nota afirmando que vitória da
Aereo vai prejudicar os negócios”.
As quatro redes inclusive já trabalham com um plano B para a
hipótese da Aereo vencer a batalha jurídica. Elas planejam mudar a forma como
emitem seus sinais, com o objetivo de impedir que as antenas da Aereo os
captem. “Outro problema para os canais abertos, se derrotados na Suprema Corte,
será lidar com as operadoras de TV por assinatura, que pagam preços altos para
ter NBC, ABC, Fox e CBS em seus pacotes. A decisão judicial a favor da Aereo
pode mudar esse tipo de negócio”. O clima é de guerra nas tevês abertas dos
EUA.
A inovação da Aereo, mais um fruto da revolução
informacional promovida pela internet, coloca em perigo o modelo de negócios
das poderosas redes que exploram as concessões públicas de televisão. Caso
vingue nos EUA, a experiência rapidamente deverá se espalhar pelo mundo –
atingindo, também, o Brasil. Desta forma, mais uma vez a internet ameaçará o
império da TV Globo e outras emissoras da tevê aberta!

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