Mal ou bem, forças progressistas estão à frente do governo há
12 anos: o 'enrosco', com ela diz , é pilotado pelo campo progressista. E o
atinge diretamente.
por: Saul Leblon / http://cartamaior.com.br/
A professora Maria da Conceição Tavares tem dois motivos para
não querer falar nesse momento.
A gripe alegada, que acentua o grave característico da
voz, é o menor deles.
O quadro difícil da crise brasileira, o mais contundente.
Estamos falando, porém, de uma mulher que não costuma deixar
desaforo esperando na soleira da porta.
-Perdemos, professora Conceição?
Ela hesita um pouco, tergiversa, mas só um pouco.
Em seguida dispara o grave com a inflexão de ordem unida
famosa, capaz de acionar todas as atenções ao redor, seja qual for o redor, tenha
ele a solenidade que tiver.
‘Perdemos. Isso está à vista, não? --devolve com a força de
uma pedrada.
Mas em seguida vem outra, mais na mira: ‘O primeiro tempo,
por certo’.
Num átimo recolhe o grave com a inflexão que vai buscar o distraído até no
fundo do auditório e o submete às prontidões incontornáveis:
‘Não digo que perdemos o jogo, que todavia é muito duro’.
Abriu a avenida para uma narrativa de longo curso, mas se contém.
A dificuldade em extrair da decana dos economistas
brasileiros uma avaliação mais desabrida do governo de sua amiga Dilma
Rousseff, sendo ela a economista a quem todos ligam quando o mundo despenca e é
preciso saber para onde ir, é ilustrativa da gravidade do momento brasileiro.
Não qualquer gravidade.
Desta vez, o ‘enrosco’, com ela diz , é pilotado pelo campo
progressista. E o atinge diretamente.
Mal ou bem, forças progressistas estão à frente do governo há
12 anos -- ainda que não no poder e,
sobretudo, na companhia não propriamente opcional de parceiros de uma ambígua
‘governabilidade’, em xeque nesse ‘momento Cunha’ da vida nacional.
Esse protagonismo singular explica a perplexidade do olhar
crítico que se enxerga no próprio objeto da crítica e não gosta do que vê.
A história não é um closet no qual se possa trocar o figurino
e recomeçar do zero. Neste filme, os protagonistas se defrontam com um enredo
de urdidura que pode ser modificada, mas não ignorada.
A correlação de forças é uma delas. Frequentemente evocada
para justificar rendições e traições, nem por isso deixa de existir.
É prima política das vantagens comparativas na economia –também
e não raro evocadas para justificar a submissão ao poder econômico existente e
o entreguismo conveniente.
Nem um, nem outro são fatalidade, mas construções históricas.
Até que ponto a camisa de força atual reflete recuos que
contribuíram para enrijecer essas circunstâncias quando a hora era de avançar e
dilatar os espaços, é uma questão em aberto.
Avaliações díspares que essa pergunta enseja retardam agora a
unificação de forças e agendas que dispersas se mostram incapazes de afrontar a
ofensiva conservadora em marcha.
Maria da Conceição Tavares é economista, não analista
política. Faz questão de observar a diferença.
Mas é uma personagem da história brasileira.
Sua experiência engajada nos principais acontecimentos
nacionais remonta a 1957, três anos depois de chegar de Portugal, onde nasceu - quando se naturalizou, passou a estudar
economia, ingressou no BNDES, conheceu Furtado, Ignácio Rangel, Darcy e outros
gigantes aos quais hoje se ombreia no referencial dos que lutam por aquilo que
eles sempre lutaram: o desenvolvimento que conduza à construção de uma democracia
social efetiva no país.
Conceição desembarcou no Brasil no ano em que Getúlio Vargas
com um único tiro impôs uma década de protelação ao golpe que a coalizão
empresarial-militar lograria desfechar em 1964.
A professora participou ativamente do esforço progressista
para dilatar esse prazo e empurrar a roda do desenvolvimento até um ponto que o
tornasse autossustentado pelas próprias forças sociais com ele beneficiadas.
O percurso foi interrompido à força no meio do caminho, como
se sabe. Uma retomada seria ensaiada depois, nos anos 70/80, com a derrubada do
regime militar e a tentativa frustrada do Cruzado –da qual participou-- igualmente decepada com a ascensão neoliberal
nos anos 90.
Finalmente, em 2002, a agenda da construção de uma democracia
social tardia na oitava maior economia da terra seria resgatada com a vitória
presidencial do metalúrgico, seu amigo, Luís Inácio Lula da Silva.
Daí a pergunta inicial que a incita a romper o silencio
diante da encruzilhada que se ergue outra vez em seu caminho, aos 83 anos de
idade, e no do país, no seu ‘longo amanhecer’, como previu Celso Furtado, sua
maior referência.
Perdemos de novo, professora Conceição?’
Ouvi-la extrapola a curiosidade. É uma necessidade, aqui
entremeada da recuperação de reflexões anteriores que completam as atuais.
‘Essa crise não se parece com nenhuma outra que vivi’,
adverte com vagar escolhendo as palavras para comentar a gravidade do fator político
que trava a iniciativa progressista
–repita-se-- confrontada agora
com a própria imagem no espelho dos desafios a vencer.
‘Nenhuma das que acompanhei mais de perto –o pós-Getúlio e a
do golpe de 1964, para não falar das outras, como a do fim da ditadura—envolvia
um travamento estrutural e político tão difícil’, explica para sublinhar em
contraponto: ‘ Sem falar no quadro internacional, que é completamente outro,
marcado pelo ambiente financeiro destrambelhado’.
A diferença estrutural –‘estamos em uma transição de ciclo
estrutural’, diz ela—é que nos anos 50 e nos anos 70, depois do suicídio de
Getúlio, assim como após o golpe militar, havia espaço para se agregar novos
setores à estrutura econômica brasileira.
“Agregar é mais fácil do que reformar’, ensina a decana.
A agregação amortece a colisão dos interesses instalados com
os novos.
O que fez, afinal, Getúlio quando foi reconduzido ao poder em
apoteótica votação nas eleições de 1950, com o Brasil desordenado pela ‘malta
liberal’ de Dutra?
Getúlio viu espaço para agregar novos motores na economia.
Seu governo lançaria uma saraivada de iniciativas diante da
avenida aberta a sua frente.
O Plano de Eletrificação em 1951, o BNDES em 1952, a
Petrobrás em 1953. E o reforço convergente com uma industrialização ainda em
fraldas, onde muito havia por fazer.
Vargas modernizou áreas já existentes e acionou novas
turbinas: investiu no setor de bens de base
--de base porque produz equipamentos, componentes, insumos universais,
para todos os segmentos.
Interligou isso aos duráveis, amalgamando a economia com uma
cola política feita de expansão do emprego e extensão de direitos ao
florescente operariado urbano.
Aí acharam melhor eliminá-lo.
‘Mas a crise da morte do Vargas’, observa Conceição, ‘embora
violenta por todos os seus ingredientes, paradoxalmente durou pouco’.
Mais à vontade, ela puxa aqui a memória de acontecimentos que
acompanhou diretamente, jovem matemática atravessando a fronteira para a
economia.
‘Durou pouco porque havia toda uma avenida aberta, aquela que
Vargas deixou para JK agregar: a dos
bens de consumo’, interrompe para retomar o fôlego.
‘O que fez JK? Fez o Plano de Metas dilatando a
infraestrutura; trouxe o parque automobilístico, deslanchou um novo ciclo de
expansão’.
O impasse vivido por Jango seria um primeiro sinal de que a
agregação pura já enfrentava gargalos estruturais.
‘Tanto que tivemos um golpe, uma ruptura violenta’, pontua a
economista que se exilou no Chile durante a ditadura, onde assessorou a equipe
de Allende.
Quando Jango se viu na contingência de ampliar o espaço do
brasileiros miseráveis, excluídos do mercado e da cidadania, o que dilataria o
fôlego do desenvolvimento pela alavanca do mercado de massa, os interesses
estabelecidos reagiram violentamente.
Num certo sentido, em vez de apenas agregar, as reformas de
base buscavam democratizar o que antes era um privilégio dos herdeiros da casa
grande. A terra, por certo. Mas também a educação, o comando sobre riquezas
naturais; o controle sobre a moeda e os capitais; a ampliação da democracia na
base da sociedade.
Deu-se o que é sabido.
‘Só que os milicos do golpe eram eles mesmos
desenvolvimentistas! ‘, atalha Conceição rindo das ironias da história.
Os ‘milicos’ no entanto tropeçariam feio.
Fizeram o torto por linhas certas.
Em vez de agregar novos polos de ponta da industrialização
naquele momento, como eletroeletrônica etc, o regime ditatorial super-dimensionou os existentes, na
siderurgia, por exemplo.
Ainda assim a sobreagregação expandiu o PIB, mas endividou o
país sem contrapartida de exportações para os dólares tomados a juros baixos,
mas a taxas flutuantes.
Quando elas flutuaram ferozmente para cima, em 1979
--saltaram de 7,5% para 20,18% em 1980-- o regime perdeu o assoalho.
O que se tem agora é mais sério, de qualquer forma, do que a
transição de Vargas para JK e de Jango para o golpe.
‘É estrutural’, repete Conceição.
Estrutural no sentido que não se resolve adicionando um novo
motor na mesma máquina do crescimento -- como se fez antes para reacomodar o
conflito de classe.
‘O Brasil não vai acabar, nem o capitalismo e não temos golpe
à vista, embora haja golpistas à solta’, murmura.
Mas há um esgotamento desse correr para frente –típico do
sistema-- baseado em aditivos que se
sobrepõem à engrenagem anterior claudicante.
Não apenas isso.
O esgotamento, insista-se, acontece sob as asas de um governo progressista. O que
adiciona ao impasse econômico um auto-questionamento político de escolhas
passadas e futuras. Tudo coroado por um
ambiente internacional pantanoso, marcado pela mais anêmica, longa e
incerta convalescença de uma crise capitalista, desde a ruptura de 1929.
Então é diferente de tudo o que Conceição viveu.
‘Temos uma estrutura econômica montada. É preciso recauchutar
a máquina e, sobretudo, reorientar seu rumo’, a professora retoma o fio da
meada.
O Brasil viveu um período acelerado de consolidação
industrial no 2o PND (1975/79) , o plano de desenvolvimento da ditadura. Dificilmente repetirá aquele desempenho
característico da fase de instalação e consolidação de um parque industrial.
Esse tempo acabou.
Assiste-se a algo oposto até.
A indústria brasileira, na verdade, está sendo corroída por
duas inércias que o ciclo iniciado em 2003 não corrigiu.
De um lado, a valorização cambial acumulada nas últimas
décadas. Ela favoreceu a asfixia do parque fabril brasileiro sob a avalanche
das importações asiáticas (gerando um déficit comercial manufatureiro da ordem de
U$ 200 bi nos último anos ).
Simultaneamente, cristalizou-se uma inserção internacional
capenga da economia brasileira, que perdeu o bonde tecnológico dos anos 80/90
porque ruminava a dolorida digestão da crise da dívida externa.
O bonde perdido de um ciclo internacional não passa de novo,
adverte Conceição. Não existe aula de recuperação na história do
desenvolvimento.
‘Não vamos mais competir com os chineses naquilo que eles
tomaram de nós e se mostraram líderes no mundo’, adverte ao falar da erosão
sofrida em vários setores industriais.
Por isso o pré-sal e o mercado de consumo doméstico,
revigorado pelo ganho de poder de compra do ciclo Lula, bem como o PAC na
infraestrutura e, objetivamente, a escala do agronegócio, são tão importantes.
É esse o novo chão do desenvolvimento brasileiro no século
XXI.
Os encadeamentos inscritos no regime de partilha do pre-sal,
e na exigência de conteúdo nacional, ambos demonizados pelos interesses sabidos
e seus porta-vozes, encerram impulsos industrializantes de ponta, com escala
capaz de criar, aí sim, uma inserção virtuosa do país nas cadeias
internacionais.
O mercado de massa, por sua vez, é capaz de atrair plantas industriais e
lastrear segmentos ainda não triturados por décadas de importações baratas.
O PAC arremata o comboio puxando-o pela alavanca do
investimento público.
Conceição contextualiza esse tripé de forma realista, ciente
de que a areia movediça da crise estreita a margem de manobra e todas as
frentes.
‘Hoje isso depende muito do financiamento chinês para se
viabilizar. É por aí que vamos completar o investimento público do PAC; não
enxergo outra saída com as restrições impostas pelo ajuste fiscal’, suspira.
Seu próprio desalento, porém, sofre um safanão em tom de
advertência na frase seguinte: ‘Se não defendermos as políticas sociais, o PAC
e o pré-sal não teremos mais modelo nenhum’.
Destravar as concessões, o PAC, e preservar o pré-sal poderá desarmar a retranca do investimento
privado?
Sim, mas para isso não se pode destruir o mercado de consumo
de massa. Se a economia afundar com o estirão de arrocho, cercado de juros
altos por todos os lados, ninguém salva o Brasil.
A costura dessa travessia envolve uma operação essencialmente
política, como já explicou, porque mexe profundamente em interesses
cristalizados.
O nome do jogo não é mais ganha/ganha.
É correlação de forças e se joga na rua.
Não por acaso o debate da reforma tributária conquista
audiências nunca registradas na agenda econômica. A audiência das manifestações
sindicais contra o ajuste em benefícios trabalhistas, por exemplo, confrontado
com a alternativa da taxação das fortunas, do lucro dos bancos, das remessas
disfarçadas de assistência, das heranças etc.
´Não existe resposta técnica para o que se tem diante de
nós’, sentencia a professora de uma geração inteira de economistas, entre
alunos e amigos, que a ouvem e respeitam, mesmo quando dela divergem.
Incluem-se aí nomes como os de Belluzzo, Luciano Coutinho,
Mantega, a própria Presidenta, Dilma Rousseff.
Em uma homenagem à mestra, em 2012, Dilma declarou: “Não
houve momento importante na história do país, nas últimas décadas, sem as
considerações da ‘nossa professora’. Nós hoje não admitimos mais a
possibilidade de construir um país forte e rico dissociado de melhorias das
condições de vida de nossa população, nem tampouco acreditamos mais na
delegação da condução de nosso crescimento exclusivamente às forças de
autorregulação do mercado. Crença,
aliás, que Maria da Conceição Tavares sempre, corretamente, criticou”,
enfatizou a Presidenta.
Os ventríloquos da autorregulação do mercado preconizam
justamente isso agora: estabilizar o impasse desenhado pela professora, com
base nas premissas ‘técnicas’ dos mercados.
Ou seja, impedir que a luta pelo comando do crescimento
deslize para o campo aberto da disputa política, onde a estrutura de repartição
da riqueza e do poder seria questionada, escrutinada e repactuada em confrontos
desaguados em amplas negociações.
As considerações da economista enveredam cautelosamente por
essa seara.
‘Não é fácil operar essa coisa. Você tem que recauchutar e
redirecionar o mecanismo do crescimento com ele andando, entende? Com o trem em
movimento’, sobe a voz, refreando-a na volta da respiração: ‘É um enrosco’.
A palavra ‘conservadorismo’ resume o significado do obstáculo
maior no caminho.
A operação colide com massas gigantescas de interesses que
nada tem a oferecer à sociedade exceto uma obstinada resistência à mudança,
associada – aliás, indissociável, de uma não menos obstinada opção pela mórbida
liquidez rentista.
Pressões, chantagens, golpes, terrorismos e interditos
emanados desse aparato são vocalizados e potencializados diuturnamente pelos
veículos do ramo da semi-informação, enquanto o ‘ajuste’ cutuca a recessão com
vara curta e a promessa difusa de uma ‘purga redentora’.
É o torniquete dos dias que correm.
E a velocidade aqui não é uma metáfora.
O arrocho já bateu no consumo das famílias, derradeiro lacre
de segurança do ciclo petista que avançou de forma quase ininterrupta nos últimos 12 anos. Esse indicador caiu 1,5% no
primeiro trimestre, em relação ao final de 2014.
O consumo das famílias pesa 63% na demanda da economia e
arrastou junto a receita, o investimento, o emprego... O que sobra?
A sobra é insuficiente para sustentar uma nação, um governo e
um projeto progressista de desenvolvimento . O IBGE avisa que apenas 25% da
economia ainda operava no azul ao final de março.
Não melhorou de lá para cá. Ao contrário.
‘Você não enfrenta isso com debate econômico’, adverte
Conceição.
Nem pode paralisar um país para recauchutar a economia, que
deixada a sua própria lógica não criará o espaço necessário à mudança.
Uma frente? Uma frente de forças poderia funcionar como a
dissonância à espiral descendente em marcha?
‘Sim’, entusiasma-se a economista que sabe dos limites
daquilo que a ‘malta’ conservadora chama de ciência econômica.
‘Mas uma frente que apenas reitere o quadro existente não
adianta’, pondera, atenta ao jogo que no primeiro tempo, como já disse, mostra
que perdemos.
‘É preciso algo amplo, democrático que se imponha’, arrisca
para advertir de pronto: ‘Mas não me pergunte como; isso é com os políticos’.
Reserva, todavia, munição para um último disparo certeiro.
Dirigido justamente ao PT.
O partido que ajudou a construir, do qual foi deputada entre
1991 e 1995, dentro do qual sempre participou e com o qual caminhou e caminha.
‘O PT precisa decidir o que quer; nos anos 60, nós éramos
desenvolvimentistas. Mas o PT hoje parece dividido. Temos os
‘desenvolvimentistas’ – brinca com o termo hoje usado apenas como um marcador
genérico para o pensamento de esquerda na economia.
‘Ao lado dos desenvolvimentistas noto que há agora no PT uma
parcela grande de ‘estacionistas’, diz a professora.
A língua afiada encontrou um jeito de expressar o incômodo
que não quer explicitar. Conceição escande o achado com o riso que convida à
cumplicidade: ‘Tá cheio de ‘estacionistas’. Vão resolver o Brasil parando o
país?’.
É um fugaz momento de descontração na penosa alternância de
frases e silêncios sugestivos da intelectual que enxerga a encruzilhada do país
como uma encruzilhada também das forças das quais é uma expoente.
“Tem gente que acha que você pode estacionar para estabilizar
e que, feito o serviço, os capitais retomam o investimento. Isso num mundo há
seis anos mergulhado numa crise em que ninguém investe em lugar nenhum’.
Nem mesmo nos EUA poderia dizer.
A economia que se notabiliza pela ‘recuperação inequívoca’
–no dizer das colunistas de certezas graníticas em relação à saúde do
capitalismo -- acaba de registrar a sua terceira recidiva na crise.
O PIB dos EUA caiu
0,7% no primeiro trimestre, mesmo com taxas de juros entre negativas e
zero desde 2008, e sob o efeito de um regime de engorda de liquidez de U$ 1,5
trilhão, recém concluído.
O ‘estacionismo’, naturalmente, rechaça a ideia de uma frente
ampla, como a conjecturada por
Conceição, para negociar o passo seguinte do desenvolvimento do país em meio a
essa algaravia de sinais e lógicas em litígio, ao sabor do proficiente mercado
financeiro global e de suas agências (as de risco).
Basta estabilizar.
O mercado autorregulado que a amiga Presidenta criticou em
2012 fará o resto: os capitais que não investem no mundo voltarão a investir
aqui, o mel correrá das vertentes e o leite brotará nas curvas dos rios,
acreditam os ‘estacionistas’ cutucados pela professora.
O risco de o ‘estacionismo’ conduzir o Brasil a um beco sem
saída na boleia de uma recessão histórica não é pequeno.
Conceição não comenta.
Mas seu silêncio preocupa mais ainda que as palavras.
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