Luis Nassif // http://jornalggn.com.br/
Aposta no impeachment quem se
beneficia diretamente dele e não faz parte do país produtivo, afetado por
crises econômicas
Está na hora de dar um intervalo
no golpismo, um arrefecimento nessa disputa ideológica anacrônica e se começar
a pensar seriamente no próximo tempo do jogo.
A insistência no impeachment, por
parte de Gilmar Mendes e de setores do PSDB já ultrapassou os limites de
qualquer razoabilidade. A intervenção do STF (Supremo Tribunal Federal) e as
manifestações gerais de condenação ao impeachment, o racha no PMDB, o desmonte
da imagem de Michel Temer, comprovam que o impeachment é o caminho mais
traumático para o país.
A insistência na tese parte de um
tipo específico de pessoa: 1) a que vai obter ganhos pessoais e políticos com o
grupo que ascender e que 2) faz parte do país improdutivo, não afetado por
crises econômicas.
Integra esse grupo de
privilegiados-a-salvo-de-crises inclusive o presidente da FIESP (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo) Paulo Skaf cuja fonte de receita são
aluguéis e a pilotagem da FIESP. Verdadeiros industriais, como os representados
pela ABIMAQ (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) e IEDI
(Instituto de Estudos de Desenvolvimento da Indústria) defendem a estabilização
rápida do jogo político para permitir à economia respirar.
***
A disputa para enquadrar o novo
Ministro da Fazenda Nelson Barbosa na esquerda ou na nova matriz econômica
(como se os erros do período Guido Mantega fossem fruto de qualquer matriz) é
ridícula.
Com Joaquim Levy ou Nelson
Barbosa, o trabalho é o mesmo, de reduzir na medida do possível os gastos de custeio,
aprovar a CPMF e dar sequencias às propostas de reforma fiscal. Não é 0,2 ponto
percentual a mais ou a menos no superávit primário que define a ideologia de um
ou outro.
***
Nesses momentos de mudanças, o
mercado age sempre com comportamento de manada. Não significa que a sabedoria
esteja com a tendência majoritária. Pelo contrário, os verdadeiros campeões são
os que sabem jogar no contra fluxo.
Quem sabe das coisas conhece o
pensamento de Nelson Barbosa. Sabe que ele foi o principal comandante das
medidas anticíclicas de 2008 – que impediram que o país afundasse com a crise
global – e não teve participação nos desastres dos dois últimos anos do governo
Dilma. Sabe que tem um pensamento articulado e pouco propenso a aventuras.
Nos primeiros momentos, no
entanto, a visão dominante era a de um aloprado fiscal no comando da Fazenda. A
Bolsa cai, o dólar sobe e os profissionais realizam lucro.
Depois, haverá um momento de
calmaria com o dólar refluindo.
***
As análises iniciais do mercado e
de jornalistas financeiros sobre os desafios de Nelson Barbosa são típicas de
quem não consegue ir além dos limites da planilha. São críticas sem nenhum
realismo.
Uma estratégia bem-sucedida
precisa ser consistente do ponto de vista macroeconômico, e factível, do ponto
de vista político e social.
Por exemplo:
1. Se o maior fator de desequilíbrio é a
queda de receitas, que ameaça inviabilizar União e estados, é evidente que
estanca-la é prioridade número 1.
2. É evidente que não há o menos espaço para
aventuras fiscais e nem a menor possibilidade de sair do embrulho fiscal sem
uma CPMF.
3. Propostas de fim das transferências
constitucionais são inviáveis politicamente, selvagens e política e juridicamente
inviáveis, no atual estágio de desenvolvimento nacional. A não ser que as
Forças Armadas concordem em voltar ao poder.
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