domingo, 28 de agosto de 2016

O constrangimento das vestais amoralistas

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Por Fernando Soares Campos

A imprensa empresarial brasileira, a facção manipuladora e golpista, está acusando, antecipadamente, a presidenta Dilma de estar preparada para "constranger" seus antigos aliados (senadores ex-ministros do seu governo com tendência a votar a favor do golpe do impeachment sem crime), quando de sua defesa pessoal no Senado, na próxima segunda-feira (29).

Há 6 dias (dia 19), o jornal Estado de São Paulo (Estadão), publicou matéria intitulada "Dilma pretende constranger seus ex-ministros".

No mesmo dia, rebati tal alegação em postagem no Facebook:

"Eu nunca faria parte de um clube que me aceitasse como sócio." 
- Groucho Marx
"Governo que me aceitou como ministro não podia ser confiável, mas, sim, incompetente." 
- Poderá dizer um senador golpista justificando o impeachment pelo conjunto da obra.

Quem está constrangendo quem?

A meu ver, a facção golpista da mídia é que está tentando constranger a presidenta Dilma e assessores. Acompanhe, leia quadro, matérias indicadas e nossas opiniões.

Estadão --- 19 Agosto 2016

Dilma pretende constranger seus ex-ministros

Petista quer instigar senadores que participaram do seu governo e hoje defendem o impeachment

Vera Rosa, Ricardo Brito e Isabela Bonfim

BRASÍLIA - Ao fazer sua defesa pessoalmente no processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff citará ex-ministros que hoje são seus julgadores para mostrar que todos eles acompanharam sua gestão no governo. A ideia é constranger ao menos seis senadores, que integravam o primeiro escalão e, na madrugada do dia 10, viraram seus algozes.


Nada é nada disso, a presidenta legítima do nosso país pretende apenas fazer os senadores que fizeram parte do seu gabinete ministerial lembrarem-se de o quanto ela agia com lisura, dedicação ao trabalho, boa-fé, e que toda competência de seu governo se deve aos seus auxiliares diretos, aqueles que conviveram com ela e conhecem seu impoluto caráter, como outros senadores reconhecem, são os casos, por exemplo, dos ex-ministros senadores Armando Monteiro e Kátia Abreu.

Por sinal, a senadora Kátia Abreu, participando da Comissão da farsa do impeachment e na Tribuna do Senado, falou contundentemente sobre as responsabilidades e a ingratidão dos traidores, deixando-os realmente constrangidos, e o fez coberta de razão.

Mas a presidenta Dilma não vai citá-los com essa intenção, a do constrangimento, conforme alguns órgãos "eretos" da mídia estão tratando essa questão, informando de maneira a fazer seus incautos leitores acreditarem que isso foi determinado pela presidenta e sua assessoria e que estes até revelaram o tal propósito de gerar constrangimento. Entretanto, eles, sim, são os verdadeiros constrangedores. Tentam constranger a presidenta e seus assessores, o que comprova seus maus caráteres golpistas.

Nessa postagem, cito, em quadro ilustrativo, que o Estadão não indica uma fonte que tenha confirmado a intenção do "constrangimento", mas, tão somente, faz tal alegação entre outras ilações.

Agora, seis dias depois, o jornal Zero Hora indica uma fonte que teria confirmado a intenção da presidenta Dilma e assessores de realmente gerar constrangimento entre os senadores a favor do golpe.

- A ideia é constranger os ex-ministros. A vinda da Dilma será muito importante para isso. Eles viram a coisa de dentro, sabem que é uma trama. Esses caras têm de explicar o que estão fazendo - afirmou Gilberto Carvalho (jornal Zero Hora, hoje, 25/08)

Estranho. O uso do substantivo "vinda", expressando o ato de vir, indica que Gilberto Carvalho teria feito tal declaração estando em algum ambiente do próprio Senado; não, em momento de "assessoria" à presidenta Dilma no Palácio da Alvorada.

(Estou preparando este artigo e ouvindo, neste exato momento, o senador Lindbergh Farias dizer que alguns senadores já informaram que não vão fazer perguntas à presidenta Dilma. Provavelmente, são os senadores ex-ministros do seu governo, certamente constrangidos, mas não que seja propósito da presidenta Dilma constrangê-los. Sabendo que tal constrangimento seria inevitável, a facção golpista da mídia adiantou-se fazendo tal ilação.)

A matéria do Estadão encerra informando:

"O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), adiou para a manhã desta sexta-feira, 19, um encontro com a presidente afastada para discutir os detalhes da participação dela no julgamento. Renan embarcou na tarde desta quinta-feira para o Rio com o presidente em exercício Michel Temer. Foi a primeira vez que os dois viajaram juntos desde 12 maio, quando Dilma foi afastada do cargo."

Essa informação me fez lembrar um "esquete" que escrevi, em setembro de 2007, baseado em fatos reais: Seção do Senado para julgamento e possível cassação do mandato do senador Renan Calheiros.

Acompanhe e "aprenda" como é que realmente se constrange senadores.

"Renan tem um boi chamado Dossiê" 

O Teatro Senado Apresenta!

Baseado em obra da Mendes Júnior

Sob o patrocínio da Schincariol

Estrelando: Renan Calheiros, Jefferson Perez, Pedro Simon e Heloísa Helena

Convidado especial: Agripino Maia

(12 de setembro de 2007) Renan Calheiros, ex-ministro da Justiça no governo FHC (cargo apropriado para montar dossiês, uma das poucas "utilidades" do Ministério da Justiça e seu Departamento de Polícia Federal, naqueles idos), acusado de receber propinas e de outras práticas indecorosas no cargo de senador, sobe à tribuna do Senado para se defender das acusações.

Depois de cumprimentar os presentes e dar algumas explicações sobre as suas suspeitas atividades, o senador Renan se dirige ao senador Jefferson Peres (PDT-AM).

Renan Calheiros: - Veja bem, senador Jefferson Perez, eu poderia ter contratado a Mônica [Veloso, ex-amante de Renan] como funcionária do meu gabinete, mas não o fiz.

Jefferson Perez calado estava, calado ficou, pois Perez contratou uma amante como funcionária do seu gabinete.

Renan agora encara o senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Renan Calheiros: Senador Pedro Simon, a Mônica Veloso tem uma produtora. Eu poderia ter contratado a produtora dela para fazer um filmete e pendurar a conta na Secretaria de Comunicação do Senado, mas não fiz isso.

Pedro Simon calado estava, calado ficou, pois certa ocasião Simon contratou a produtora da(o) amante para fazer um filme do Senado.

Renan dá uma olhada geral no plenário procurando alguma figura carimbada. Avista a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), que estava participando do julgamento na condição de membro do partido que impetrou as acusações contra Renan.

Renan Calheiros: Senadora Heloísa Helena, a senhora sonegou o pagamento de impostos em Alagoas, onde deve mais de R$ 1 milhão. Tenho um documento aqui que prova isso e nem por isso eu o usei contra a senhora...

Heloísa Helena deu um estremelique (como a gente diz lá no sertão onde ela e eu nascemos), soltou fogo pelas narinas e esperneou, mas não foi nada comparado ao que HH costuma soltar contra Lula.

Renan foi absolvido: 40 votos a seu favor, 35 contra e 6 abstenções.

À saída do teatro, o senador José Agripino (DEM-RN), praticamente dando graças a Deus, falou: "O Senado amarelou. Teve dificuldade de fazer aquilo que o Brasil queria", e correu para o banheiro.

Cai o pano

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