terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O fantasma Lula


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A direita colocou em prática todo o seu plano para tirar o PT do governo. Tem o seu governo em Brasília, sua bancada no Congresso, conta com a blindagem da mídia, tem o grande empresariado a seu favor. Sua política econômica comanda a destruição do país e dos direitos das pessoas, liquida com o prestígio externo do Brasil, reduz o Estado brasileiro à sua mínima expressão, torna o país intranscendente no mundo.

Tudo está armado, as delações premiadas feitas, os processos sem provas constituídos, as acusações sem fundamento reiteradas na mídia, para consumar o golpe, mediante a blindagem do sistema político para tornar inviável que de novo um presidente possa voltar a governar o país. Já basta o pesadelo de mais de 12 anos.

Mas um fantasma segue rondando e tirando o sono de todos os que compõem a direita brasileira: o fantasma do Lula.

Porque pode-se fazer tudo com uma acusações feita só com convicções, com manchetes mentirosas, com capas de revistas falsas, com processos baseados em convicções, menos sentar-se em cima, governar sem nenhum apoio popular, contra o povo e contra a democracia. Nenhum governo pode resistir à força do apoio popular que o Lula tem.

Os editoriais especulam se ele será ou não condenado, quando seria, se poderia ainda assim ser candidato. Uns dizem que seria entre junho e outubro do ano que vem, em plena campanha eleitoral, ainda a tempo de ser excluído da disputa, eliminando o fantasma que tira o sono da direita brasileira.

Lula seria condenado em primeira instância, mesmo sem nenhuma prova, o que se repetiria em segunda instancia e pronto. Assim se daria a mágica de eliminar o Lula das eleições, como se fosse um ato administrativo, banal, mágico. E o governo seria definitivamente deles, para que dirigissem o Brasil como bem lhes interesses, como um prolongamento do pior governo que o país já teve, o que surgiu do golpe.

Lula se tornou assim a variável mais importante da história brasileira e do futuro do país. Se ele é candidato, ganha, e desfaz grande parte do que está sendo destruído pelo governo do golpe. Se o eliminam da disputa eleitoral, consumam o golpe. Nos dois casos se está decidindo a fisionomia que o Brasil terá em toda a primeira metade do século. Se consolidará como o país mais desigual do continente mais desigual, voltará ao Mapa da Fome e ao FMI. Ou retomará o caminho do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, voltará a diminuir as desigualdades e a exclusão social, será de novo referência para o mundo no combate à fome e à miséria.

Daí o nervosismo da mídia, da direita no seu conjunto, espelhada nos editoriais, nas especulações. Todos depositam nas "hands" do Moro suas esperanças, as últimas que lhes resta. Porque quando o Lula fala, quando recorda o que fez, o que eles estão fazendo, quando retoma o potencial que o Brasil tem e o que deveria ser feito, a direita treme, pelas verdades inquestionáveis das palavras do Lula. Só resta então o apelo ao tapetão.

Lula já foi enterrado tantas vezes pelos colunistas da direita, mas a jararaca segue cada vez mais viva. O governo do golpe – como vozes da direita constatam – trabalha para o retorno do Lula, é seu melhor cabo eleitoral. Quanto mais sobe o índice dos que reconhecem que sua vida tinha melhorado a partir de 2003 e agora piora radicalmente, mais sobe o apoio ao Lula.

O futuro da variável Lula e do Brasil se decidem neste e no próximo ano. Quanto mais se avança no tempo, mais ressurge a esperança na figura do Lula. Não serão fáceis as noites da direita até lá. O Fora Temer tem seu corolário imediato no Volta Lula!

Emir Sader

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