sábado, 27 de janeiro de 2018

Fascismo no sistema de justiça avança com retenção do passaporte de Lula

     Foto Ricardo Stuckert

Fascismo no sistema de justiça avança com retenção do passaporte de Lula

por Wadih Damous

O presidente Lula, queira a Rede Globo ou não, é reconhecido ao redor do mundo como uma estadista de primeira linha. E no quesito combate à fome ele se transformou em referência desde que implantou nos seus governos programas que lograram retirar da pobreza e da miséria mais de 40 milhões de seres humanos.

Nada mais natural, portanto, do que o convite feito pela União Africana de Nações para que ele participasse, na condição de um dos principais palestrantes, de uma conferência sobre o tema em Adis Abeba, capital da Etiópia.
Reunindo chefes de Estado, representantes da FAO - o órgão da ONU voltado para luta conta a fome-, e estudiosos do assunto, o evento vem sendo cercado de grande expectativa, encarado como um espaço no qual a simbiose entre as experiências recentes e as novas formulações de políticas possam resultar em ações concretas para a erradicação desse flagelo que ainda atinge parcela expressiva da população mundial.

Mas Lula, a poucas horas do embarque para a Etiópia, acabou impedido de deixar o país por uma decisão absolutamente intempestiva e despropositada do juizeco da 10ª Vara Federal de Brasília, Ricardo Augusto Soares. O mesmo que em sentença celebremente teratológica proibiu o funcionamento do Instituto Lula. O mesmo que foi alvo de reprimenda por parte do CNJ, que acatou representação protocolada pelo deputado Paulo Pimenta, atual líder do PT na Câmara dos Deputados.

Depois de ter livrado a cara de sonegadores e criminosos na Operação Zelotes, o juiz, como aliás virou hábito no poder Judiciário, voltou suas baterias contra Lula em busca de seus 15 minutos de fama. Daí o motivo da advertência do CNJ. É importante assinalar que o despacho desse juiz determinando que o ex-presidente entregue seu passaporte nada tem a ver com a condenação sem crime que Lula sofrera na véspera pelos três patetas do TRF-4 submetidos aos ditames da Globo.

Ao contrário, o TRF-4 já fora informado da viagem de Lula e não se opôs. E nem tinha porque fazê-lo já que Lula jamais se negou a comparecer às audiências e depoimentos sempre que convocado pela justiça. Inocente e de cabeça erguida diante da caçada infame que sofre, ele tampouco considera a possibilidade de deixar o país. Espero que o TRF-1, a segunda instância da Justiça Federal de Brasília, casse a decisão inconsequente desse juiz, que a bem da verdade já atingiu seu objetivo maior que é atrair os holofotes do noticiário para si.

A violação das garantias fundamentais do ex-presidente parece não ter fim e revela que o sistema de justiça está contaminado de alto a baixo pelo fascismo. Mais correto seria tratá-lo como sistema Laja Jato de práticas e procedimentos fascistas. A condenação cartelizada do TRF-4 e a cassação do passaporte de Lula são tapas na cara do povo brasileiro, cuja paciência vem sendo diuturnamente testada e desafiada. Até quando?
Wadih Damous – deputado federal e ex-presidente da OAB-RJ

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