sexta-feira, 30 de março de 2018

A fake news do Globo

Sergio Moraes / Reuters


Vejam como a leitura dos jornais recomenda cautela e desconfiança. Na quinta-feira, O Globo publicou matéria em tons afirmativos garantindo que a decisão do TCU de retirar dois blocos valiosos do leilão de áreas de exploração de petróleo teria condenado o certame ao fracasso. O Tribunal entendeu o contrário: que as áreas excluídas - por próximas ao pré-sal– deveriam ser ofertadas pelo regime de partilha e não como concessão, modelo adotado no pós-sal. Na partilha, o Estado é dono do óleo. Na concessão, o petróleo é da empresa vencedora.

O TCU desconfiou que o Governo atual estava oferecendo pelo regime de concessão uma área que a rigor pertencia ao pré-sal e isto traria um prejuízo de cerca de R$ 2,3 bilhões ao cofres públicos. Flagrados nesta operação escusa, os operadores do mercado entraram em desespero. Afirmaram que a decisão reduziria a arrecadação em pelo menos cerca de R$ 3,5 bilhões, diminuindo o interesse dos investidores. Sem reservas, O GLOBO encampou a posição das empresas internacionais e de seus porta-vozes no Brasil como verdade absoluta - sem qualquer questionamento. E mais: aproveitou para pressionar a Assembléia Legislativa a rever a decisão retirar o Rio do Repetro, o programa de isenções fiscais para as empresas do setor, que corretamente está sendo rediscutido pelas autoridades fluminenses diante da crise por que passa o Estado.

Aos fatos: o leilão foi realizado, sem as áreas que criminosamente estavam sendo incluídas num ato de lesa pátria, e o resultado foi o melhor da história do regime de concessão no País. Ágio de 621% e arrecadação de R$ 8 bilhões.

Um jornal corretamente engajado numa campanha contra as fake news não poderia ter publicado a matéria incorretamente alardeando o desastre do leilão.

Docilmente, deixou-se manipular pelos operadores do mercado contra os interesses nacionais. E publicou a maior fake news do últimos tempos na imprensa brasileira.

Ricardo Bruno

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