sábado, 31 de março de 2018

A Operação Skala é mais um marketing eleitoral do Golpe, por Alexandre Tambelli

    Foto: Mídia Ninja

Por Alexandre Tambelli


O Cientista Social Marcos Coimbra da Vox Populi fez uma colocação em artigo recente que a única vontade da direita que não cabe hoje é o cancelamento de uma Eleição, é fora de moda, e não cai bem no conceito popular, o que eu concordo.

Há diferentes razões para se tentar rifar, via Impeachment, o Temer agora, dentre elas, utilizar o cargo de Presidente (no caso do Rodrigo Maia), tendo ele a caneta na mão, para alguma jogada de marketing acenando “mudanças nos rumos da economia”, sem muda-las é claro, visando o resultado final de segundo turno. É uma tentativa desesperada do Golpe, que não viabiliza, ainda, candidatura capaz de enfrentar no voto Lula ou seu candidato ou, ainda, um candidato de oposição ao Golpe.

Sou realista. Temer tem 3% de aprovação e popularidade, mexer com ele agora é a coisa mais fácil do mundo, não significa que vão conseguir derrubá-lo, mas é fácil investir contra Temer e tentar ganhar o IBOPE de que dessa vez vai, que dessa vez ele cai colocando na berlinda alguns personagens; personagens que se sujeitam à tarefa: o Ministro Barroso, a PGR Rachel Dodge, alguns jornalistas da Globo e outros moralistas de plantão, todos como porta-vozes de uma outra narrativa, a "narrativa do Brasil passado a limpo", até dando voz ao fabricado - sonhado candidato do Golpe.

Esta Operação Skala é um Processo que busca o controle e a centralidade da narrativa eleitoral, que se fixe a Eleição no tema surrado e inofensivo da Direita: o combate à corrupção. E escamoteie e rebaixe o essencial: o modelo econômico ultra neoliberal, o social relegado ao deus dará e torne a discussão do modelo de desenvolvimento que se deseja para o Brasil secundária até a abertura das urnas em segundo turno.

Não daria para se queimar o cartucho do Impeachment de Temer antes da hora, porque o ultra neoliberalismo precisou primeiro agir até o limite possível para depois se repaginar, e, agora, já pode. Já feita a maior parte das vontades dos Mercado, do Império Norte-Americano e dos ricaços brasileiros e estrangeiros vamos embelezar as eleições e vamos dar claridade ao processo eleitoral.

Antes, seria enganação dobrada. A Globo quis, mas recuou logo, percebendo que o Impeachment de Temer moveria as pedras para lugar incerto e se necessitaria de discussão dos rumos do Brasil antecipadamente, o que o Rodrigo Maia não faria.

Hoje, temos a equação seguinte:

Tudo o que puderem jogar no atraso, de Lula passando por Temer se precisar Alckmin, Dória, etc. jogarão e que venha a novidade, o futuro, a candidatura que nascerá à fórceps.

Imaginemos os holofotes midiáticos, os microfones e flashes da Globo & Cia. nas mãos de políticos e personagens de direita aliados do ultra neoliberalismo, concomitantemente ao período eleitoral, bradando pelo Fora Temer e gritando contra à corrupção e discursando como o “NOVO”, contra tudo que está e esteve ai, associando Temer com Dilma, PT, Lula; Aécio, Alckmin, Dória se precisarem, etc.

Lembremos.

O Sistema (os mentores do Golpe) está montado para permitir jogadas X e não jogadas W, Y e Z.

Mexer com Temer é permitido hoje. Mexer com uma candidatura fabricada pelo Sistema ou mais de uma que se apresente competitiva não pode.

Exemplificando.

Se descola da rabeira das pesquisas eleitorais um candidato do Sistema e surgir uma grande denúncia de corrupção contra ele não se poderá dar visibilidade, para quem sabe, o candidato vencer e manter tudo como está.

Contra Temer vale tudo, porque é necessário aos mentores e donos do Golpe se dissociarem de Temer & camarilha & Governo no período eleitoral mais do que tudo.

Serra em 2010 virou o Zé, amigo do Lula e seus 87% de aprovação. A direita eleitoral precisa no caso de Temer se fazer de inimiga dele, certo?

Agora dissociemos a ideia de que atacar o Temer é uma ação Ideológica, moral, é apenas uma situação prática e que pode dar 15 minutos de fama para o Ministro Barroso, mas nada acontecerá de radical com Temer & Cia., porque como lembra o título de um clássico do cinema: "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado".

Uma coisa para se notar é que dentro do Golpe há rachas grandes. O Ministro Barroso sonhou em ser um artista do Teatro Skala e já deixaram ele pianinho com a história documentada e registrada no D.O. do Estado de palestra de 46 mil reais para o TCE de Rondônia.

Um participante do Golpe não vai mais além do quarteirão seu, esta é a realidade.

A única coisa que é certo é que o Golpe das elites mundiais controla todos os seus súditos e comprados, eles todos obedecem ao centro do Sistema, não tenhamos dúvida disto, tem quem manda e quem obedece por fama e/ou dinheiro. Adentrou no Sistema, dele se torna refém, um passo em falso se destrói a vida particular e familiar do serviçal do Sistema, está tudo documentado em uma pasta virtual. O Sistema escolhe a dedo seus representantes, a ficha corrida e a propensão a não ter compaixão e recaídas humanitárias é o passaporte para seus candidatos e defensores, não tenho dúvidas disto.

Lembremos que para a Eleição estar discursando pelo Fora Temer é embaralhar o jogo eleitoral, também. Confundir o eleitor, como disse, todos queriam em 2010 se passar por amigos de Lula, perto da Eleição todos quererão se passar por inimigos de Temer.

Está se evidenciando que há um problema no Golpe, a sua popularidade não chega aos 5%, então, a sua margem de arbitrariedade é até um ponto determinado, não ultrapassa a chance de adiamento e cancelamento da Eleição. Os eleitores esperam o dia da Eleição para se manifestarem na direção de suas convicções particulares, este é um fato importante, e acredito que a confirmação do até um ponto determinado é que, até a radicalidade de extrema-direita tem seu candidato: Bolsonaro. 

Centremos na Eleição.

A direita política e os mentores do Golpe criaram quatro fatos pré-eleitorais neste tempo de agora, dois (1 e 2) já parecem ser fiascos:

1) A prisão de Lula (HC no Supremo, O Mecanismo, Moro no Roda Viva);

2) A Intervenção Militar, um fiasco, agora, sendo substituída pela

3) Narrativa do Impeachment de Temer e o descolamento da direita política eleitoral do Governo Temer, sem contar que esta nova narrativa desvia do assunto mais importante, os fascistas no Sul atacando à tiros a caravana de Lula.

4) Tentar roubar, com o assassinato de Marielle, as bandeiras identitárias do campo da esquerda política, buscando se afastar da extrema-direita religiosa e dos apoiadores de Bolsonaro;

E as esquerdas vão à-reboque desses fatos que visam a Eleição de outubro, mais do que tudo. Visam desviar do debate eleitoral essencial: socioeconômico e desenvolvimentista e adentar em narrativas que a direita controlando a Mídia e a Justiça desejam ver como o centro de uma campanha política para Presidente do Brasil. 

A Skala é o mais novo marketing eleitoral da direita. Outros virão.

E ficamos crentes que vai haver adiamento das eleições, como ficamos crentes que a Intervenção Militar no Rio de Janeiro seria uma ação a ser um ponto de partida para um Golpe com os militares no Poder.

Tudo visa encontrar um caminho para a viabilidade eleitoral de um candidato do Golpe. Se vai dar certo, é cedo para saber.

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