sábado, 31 de março de 2018

O MBL é um grupo de papelão



A condescendência com o Movimento Brasil Livre, que começou a ruir no ano passado, parece ter chegado a um capítulo decisivo nesta semana. Kim Kataguiri passou de colunista do principal jornal do país a membro descoberto de uma rede espalhadora de mentiras. 

O marco zero da derrocada foi uma reportagem do The Intercept Brasil mostrando que o movimento era financiado e treinado por uma organização americana chamada Atlas. Seu principal interlocutor disse: “Estive nas manifestações no Brasil [2013] e pensei: ‘Nossa, aquele cara [Kim] tinha uns 17 anos quando o conheci, e agora está ali no trio elétrico liderando o protesto. Incrível!’”. Os líderes do MBL receberam financiamento da Atlas e fazem parte da nova geração de atores políticos que já passaram pelos seus seminários de treinamento.

Um mês depois, o El País mostrando o CNPJ que controla a máquina do MBL: “Renan Santos, um dos líderes do grupo, e seus irmãos são os associados da entidade que controla os recursos e as doações ao movimento. Família Santos é ré em 125 processos”. 

Mais um mês, e o site da revista Piauí mostrou o histórico de conversas de um grupo de WhatsApp do MBL no qual eles passavam o chapéu para agentes do mercado financeiro, que os alimentavam com dinheiro e até com milhas de passagens aéreas. Na surdina, claro – ninguém parece disposto a colar a própria imagem nessa gente.

Naquele mesmo mês, a Vice Brasil reportou que o MBL manteve ligações diretas com o site de propaganda enganosa (o que alguns chamariam de “fake news”) Jornalivre. 

Em janeiro, de novo o The Intercept Brasil: Andrew Fishman e Cecília Olliveira pescaram uma notícia falsa espalhada por Kim em seu Facebook. O ativista compartilhou para seus fãs um vídeo que “denunciava” manifestantes segurando bandeiras sindicais, virando barreiras e seguindo em direção à porta de um prédio oficial gritando as palavras de ordem “a casa é do povo”. Acima, em letras garrafais, Kim cravou: “SINDICALISTAS INVADEM PRÉDIO PÚBLICO PARA TENTAR IMPEDIR CONDENAÇÃO DE LULA”.

Era mentira: o vídeo era de outro lugar, nada a ver com Lula. Alertado por seus seguidores, Kim os ignorou, e só deletou o post depois da publicação do nosso texto – nenhuma errata, explicação ou pedido de desculpas à audiência.

Nesta semana, O Globo fez uma série excelente de reportagens que descascou mais um pouco dessa laranja podre: em uma delas, liga o MBL ao site de mentiras compulsórias Ceticismo Político. Em outra, mostra como o MBL usa um aplicativo para controlar vários perfis na rede, dando a sensação de que são pessoas que por vontade própria compartilham suas besteiras por aí. O MBL é um grupo de papelão.

Editor Executivo


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