quarta-feira, 28 de março de 2018

Os piores momentos da bajulação a Sergio Moro no Roda Viva

O juiz Sérgio Moro participa do programa Roda Viva


O programa Roda-Viva desta segunda-feira (27) foi praticamente uma homenagem ao juiz Sergio Moro. Antes mesmo da entrevista começar, Augusto Nunes diz que convenceu Moro a participar do programa, gravado no mesmo dia em que o TRF-4 negou o recurso de Lula, para “aparar” a conversa de que ele seria um agente da CIA: “Bastaria ver o doutor Moro de perto”.

Nunes chegou a dizer que não poderia haver uma despedida “mais honrosa” para ele, que apresentava seu último programa. Complementou afirmando que Moro é um dos “protagonistas mais respeitáveis da nossa história recente”.

Sob apoio dos jornalistas, o juiz defendeu a execução da pena após segunda instância. A possibilidade do Supremo Tribunal Federal alterar essa jurisprudência, segundo o magistrado, seria um “desastre” que “levaria à impunidade”, e defendeu uma emenda constitucional caso isso aconteça.

Para o jornalista Fernando Mitre, a revisão da decisão da STF é uma “ameaça real”, já que não se sabe quanto tempo a ministra Cármen Lúcia “resistirá” às pressões. Há juristas e magistrados, diz ele, que defendem a mudança na jurisprudência. “O que interessa [a eles] é o caso do Lula, né”, interrompeu Nunes. “Eles ignoram que tem pedófilos no meio que seriam beneficiados”.

Perguntado sobre a suprema corte, Moro escolheu elogiar dois dos 11 ministros: o decano Celso de Mello e Rosa Weber, a quem deve caber o voto decisivo no julgamento do habeas corpus de Lula, marcado para o dia 4 de abril.

O jornalista Sérgio Dávila fez uma das poucas perguntas incômodas a Moro, ao questionar sobre o recebimento de auxílio-moradia, e ainda assim o jornalista pediu desculpas ao entrevistado. O juiz voltou a defender o benefício ainda que possua imóvel próprio em Curitiba e sugeriu que a imprensa indague também sobre a falta de reajuste salarial dos juízes há três anos.

Moro afirmou que nunca pediu excusas ao STF por ter divulgado os áudios grampeados de conversas entre Lula e a ex-presidenta Dilma: “Pedi excusas pela controvérsia gerada, mas jamais pela divulgação dos áudios. Aquele conteúdo não dizia respeito à vida privada, tinham questões ali que eram de interesse público, do conhecimento de todos. Houve recursos em cima disso e acabou se entendendo que eu não poderia ter feito aquela divulgação”.

O juiz falou que a imprensa no Brasil foi “majoritariamente favorável” ao desenvolvimento da operação Lava Jato e ressaltou a importância da opinião pública para “evitar obstruções nas investigações”.

Sobre as eleições de 2018, Moro disse que existem “bons políticos, outros que merecem um juízo de censura”.

O magistrado também comentou a série “O mecanismo”, criticada por colocar na boca do personagem baseado em Lula a célebre frase de Romero Jucá: “temos que estancar a sangria”. Moro falou que a série cumpre um papel importante para “chamar atenção das pessoas” e “não dá para ficar se preocupando só com detalhes, se confere ou não confere”.

Questionado sobre as acusações do advogado Tacla Duran, Moro o chamou de “mentiroso”: “Tem esse indivíduo, foragido e suspeito de crimes gravíssimos, e que levanta essas histórias sem base empírica”.

Também participaram do programa os jornalistas Ricardo Setti, Daniela Pinheiro e João Caminoto.

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