O sistema de financiamento público agora vigente no Brasil tem sérios defeitos que o tornam muito pior do que o antigo financiamento empresarial.
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Financiamento público de campanha é o pior sistema
por Andre Motta Araujo
Grande parte das delações, investigações e processos da Lava Jato está ligado ao financiamento de campanha. Como consequência desse conjunto de ações o Partido dos Homens de Bem por seu porta voz no Supremo conseguiu impor o pior de todos os sistemas de financiamento da Democracia.
Nos EUA o financiamento de campanha pode ser feito por pessoas físicas e empresas, praticamente sem limites, usando um artifício chamado Political Action Committees, onde a doação é efetuada para uma causa e não para um partido. Na prática, os recursos vão parar nas campanhas em nome de causas, não há problema legal nesse processo porque nos EUA os partidos se organizam só para as eleições, não tem a enorme estrutura que tem no Brasil.
Como consequência, as eleições americanas usam bilhões de dólares em recursos de empresas, não há ilegalidade, mas tudo tem que ser aberto e registrado.
OS DEFEITOS DO FINANCIAMENTO PÚBLICO
O sistema de financiamento público agora vigente no Brasil tem sérios defeitos que o tornam muito pior do que o antigo financiamento empresarial.
1.FINANCIAMENTO POR EMPRESAS EXIGE ESFORÇO E TRABALHO – Batalhar por recursos de empresas exige MUITO TRABALHO, empresas não doam fácil, os partidos precisam ter argumentos e assumir compromissos E ISSO FAZ PARTE DA DEMOCRACIA, é assim nos EUA e nos grandes países. Já o financiamento público vem sem nenhum esforço, cai na conta, não precisa gastar saliva, é um ganho tipo loteria, premia o não esforço. Por essa razão é uma raridade, o financiamento privado por doações é o mais comum nas democracias do mundo, o Brasil quer inovar errando em nome da moral e da ética.
2.O FINANCIAMENTO PÚBLICO É DEFINIDO MUITO TEMPO ANTES DAS ELEIÇÕES E QUANDO ESSAS ACONTECEM O QUADRO POLÍTICO JÁ É OUTRO.
Há uma defasagem de anos entre a definição de valores e a sua efetiva liberação, gerando anomalias absurdas, o partido que recebe já não é o mesmo partido do tempo da definição, é o caso do PSL que agora terá imensos recursos e poderá ter uma bancada muito menor do que aquela que definiu o valor.
O financiamento público, por exemplo, favoreceu o partido de maior bancada na Câmara, o PT, que hoje dificilmente teria empresas para doar, com isso a lei trabalhou contra os objetivos do Partido dos Homens de Bem, que tem como um dos alvos centrais a neutralização do PT, o que é uma ironia, tudo foi para combater o PT e a esquerda, acabou garantindo o financiamento desses atores, por aí se vê o nível de inteligência dos proponentes.
3.O FINANCIAMENTO PÚBLICO É MUITO MAIS DIFÍCIL DE FISCALIZAR DO QUE O PRIVADO. O doador privado terá sempre um olhar para o que está sendo feito com os recursos que doou, geralmente está próximo do candidato e observa seus movimentos e gastos. O financiamento público se mistura em um imenso balaio coletivo de milhares de candidatos, sua fiscalização é praticamente impossível e grande parte será desviado, malbaratado, desperdiçado, favorecendo um sistema de “laranjas” como capa de desvios do dinheiro público, algo que só um tolo não poderia prever, estava na cara que há “bolsos” do outro lado.
O financiamento público é um subproduto da cruzada moralista, é um mecanismo RUIM, HIPÓCRITA, MUITO MAIS PROPÍCIO À MALANDRAGEM DO QUE O SISTEMA DE FINANCIAMENTO PRIVADO, as forças que criaram esse mecanismo conseguiram resultados opostos à cruzada moralista, base da ideia.
4.O FINANCIAMENTO PÚBLICO É IMUNE A CRISES ECONÔMICAS – Quando o País está em crise as empresas têm muito menor incentivo a doar a políticos, a quem atribuem culpa pela recessão, ELES ENTÃO SERÃO PUNIDOS PELA CRISE, o que os incentiva a tentar resolver a recessão. Já com o financiamento público NÃO HÁ CRISE, o financiamento público não depende de arrecadação, emprego ou crescimento, ele vem limpinho e sem trabalho ou compromisso, o que contribui para o desligamento dos partidos e candidatos dos reais problemas do País, eles têm o seu butim garantido mesmo sem crescimento.
5.NO FINANCIAMENTO PRIVADO A DOAÇÃO É DIRECIONADA A UM CANDIDATO CONHECIDO DO DOADOR: A doação tem afinidade com o candidato, o doador geralmente conhece o candidato e aposta nele. No financiamento público o DINHEIRO VAI PARA OS DONOS DO PARTIDO que distribuem a seu critério, o mecanismo incentiva e mantém o CACIQUISMO e trabalha CONTRA A RENOVAÇÃO e CONTRA NOVOS CANDIDATOS, favorece a permanência de dinastias e castas antigas contra candidatos da renovação, é todo um mecanismo fossilizador da política. Com dinheiro público, HÁ UM INCENTIVO PARA NÃO DIVIDIR O DINHEIRO, que os “donos” de partido consideram como “seu dinheiro”, eles se agarram ao cofre como um pirata do Caribe.
O financiamento público da política vai no caminho do imenso cemitério das BOAS INTENÇÕES, que geram catástrofes e desastres, lembram o Presidente dos EUA Woodrow Wilson, um homem honrado e de caráter nobre, cheio de boas intenções e que, com sua cruzada moralista, causou mega tragédias como o Tratado de Versalhes e a Liga das Nações e com seu iluminismo plantou as sementes do fascismo, do nazismo e da Segunda Guerra Mundial, não satisfeito com isso durante sua Presidência foi aprovada a Lei Seca (16 de janeiro de 1919) que criou as bases da Máfia nos EUA.
O financiamento público da política é um dos subprodutos, um dos menos danosos, da cruzada moralista que causou imensos prejuízos à política, à sociedade, à economia do Brasil, ao seu papel internacional de grande País. No caminho de boas intenções de certas causas há uma parada na estação do Inferno, esse é o caso desse péssimo mecanismo, corruptor, concentrador, custoso ao País, um digno troféu da cruzada moralista dos “homens de bem”.
AMA

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