sábado, 28 de novembro de 2020

Como os media ocidentais recrutam seus correspondentes estrangeiros

            por Bryan MacDonald
            https://www.resistir.info/

Alguma vez já se perguntou porque os media de referência ocidentais obtém narrativas tão erradas acerca da Rússia e de outros países estrangeiros?

É simples. Eles contratam os redactores com os cérebros mais completamente lavados, enviesados e cínicos para fazer a tarefa. Aqueles que são suficientemente corruptos para contar qualquer mentira necessária para confirmar a visão de mundo dos seus editores e dos proprietários dos media.

Porque as empresas 'de comunicação' seleccionam cuidadosamente os jornalistas mais convictos da veracidade e da relevância do nada que lhes resta na cabeça já muito aplicadamente esvaziada de qualquer cérebro e vida inteligente. Quanto mais enviesado ou enviesada o profissional ou a profissional, melhor. Quanto mais cínico ou cínica, mais possibilidades tem de obter o emprego. Aqueles/as suficientemente corruptos e corruptas para repetir qualquer mentira que lhe mandem – ou sinceramente convencidos e convencidas da veracidade de qualquer asneira que o mandem escrever e assinar –, esses/as podem considerar-se empregados e empregadas.

Eles são bastante frontais acerca disto.

Aqui está a prova na forma de uma Job description do New York Times para um posto de correspondente estrangeiro em Moscovo:

PROCURA-SE

Correspondente internacional

Descrição de funções

A Rússia de Vladimir Putin continua a ser tema das maiores reportagens em todo o mundo.

Ela despacha esquadrões de agentes secretos armados com gás de nervos contra seus inimigos – o mais recente foi o líder da oposição Aleksei Navalny. Faz seus ciber-agentes semearem caos e desarmonia no Ocidente para empanar seus sistemas democráticos, enquanto promove a sua falsa versão de democracia. Espalha exércitos de mercenários privados por todo o planeta para propagar a sua influência. Internamente, seus hospitais estão a encher-se de doentes com Covid enquanto o seu presidente oculta-se na sua mansão.
Se isto lhe parece um local que queira cobrir, temos boas notícias: Teremos uma vaga para um novo correspondente em Moscovo, pois no próximo ano Andy Higgins assumirá o posto de editor-chefe da Europa Oriental.

Para lhe ser permitido escrever no Times o indivíduo tem de encarar a Federação Russa como um país que é dominado por um único homem.

Além disso tem de ser um crente fervoroso nas sandices do Novichok produzidas pelo MI6. Também tem de acreditar no 'Russiagate' e nas múlltiplas idiotices produzidas em seu nome – mesmo depois de terem sido desmascaradas.

O jornalista interessado/a em tal emprego deve ter a certeza de que todas as contagens de votos na Rússia são sempre tão viciosas e fraudadas ao passo que cá entre nós, nos EUA, elas são confiáveis e hoje mais do que nunca. Exércitos de mercenários russos (que todo jornalista deve saber que sempre são muito piores que exércitos mercenários de outros países) são despachados 'secretamente' para onde o editor-chefe diga. Hospitais russos, claro, são construídos para serem muito piores que hospitais norte-americanos.

Mesmo quando for fácil verificar que Putin ("Putin, o máximo de malvadez") está a trabalhar na sua sala no Kremlin , o contrato de trabalho do jornalista correspondente do NYT estipula que estará escondido numa mansão.

Muita gente que escreve para o Times realmente não acredita nas sandices acima. Mas o emprego não exige que o candidato seja capaz – nem que deseje – avaliar e noticiar eventos do mundo real. A única exigência crucial é que, em circunstâncias decisivas, o candidato seja capaz de mentir mentiras verosímeis e de repeti-las incansavelmente.

O facto de o Times listar, logo na abertura do anúncio de emprego, todo o asneirada recentemente publicada sobre a Rússia deixa bem claro que a empresa considera indispensável que o candidato apoie e subscreva as mentiras passadas, porque isso garante que escreverá mentiras futuras.

Nenhum ser humano honestamente lúcido quererá esse emprego. Mas há os benefícios! O prestígio 'no meio', a inveja dos e das colegas, um apartamento agradável em Moscovo… e não há dúvidas de que o New York Times encontrará muitos indivíduos interessados em vender a alma por essas poucas moedas.

Deve-se destacar que entre os requisitos não negociáveis para o emprego não está "competência no uso do idioma russo falado e escrito". Nada disso. "Fluência em russo" é desejável. Desejável – não indispensável.

As empresas 'ocidentais' dos media-empresa estão pejadas de tais correspondentes viciosos, cínicos, mestres na autocensura, com pouco ou nenhum conhecimento do país acerca do qual o público (mas não os editores e editoras e respectivas empresas pagadoras!) espera que descubram e enviem notícias. Não surpreende, claro, que tal como estes correspondentes internacionais, também as populações 'ocidentais' nada saibam do que realmente se passa no mundo.

O original encontra-se em www.moonofalabama.org/...

Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ .

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