Lula, uma voz em nome da justiça

Fontes: Granma (Cuba) [Imagem: Lula da Silva, com Fidel Castro e Raúl Castro durante visita do presidente brasileiro a Cuba em 25 de fevereiro de 2010. Créditos: arquivo Granma]


Em 15 de agosto de 2015, Lula da Silva incentivou o governo americano a pôr fim ao bloqueio a Cuba com estas palavras: "Os Estados Unidos travaram uma guerra [referindo-se ao bloqueio] e perderam. Aceite que perdeu e deixe os cubanos viverem em paz." Nesse contexto, o autor explora a estreita relação e os laços que unem o Brasil — e seu atual presidente — a Cuba.

A imprensa cubana registrou em suas memórias uma anedota de amor entre um homem e um povo, não o seu, mas que ele carrega no lado esquerdo do peito, onde guardam os sentimentos mais profundos e as certezas mais firmes.

Ele é esse homem, "um humilde metalúrgico que se destacou por sua inteligência e prestígio entre os sindicatos da grande nação que emergia das sombras da ditadura militar imposta pelo império ianque na década de 1960". Assim o descreveu Fidel, que, com visão clara, o via como um líder em quem depositar esperança.

E assim foi. "O metalúrgico" tornou-se "um estadista distinto e prestigioso, cuja voz é ouvida com respeito em todos os encontros internacionais".

Em setembro de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva visitou Cuba, menos de um ano após seu terceiro mandato presidencial no Brasil. Após encerrar sua reunião com o Primeiro Secretário do Comitê Central do Partido e Presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, a imprensa o questionou:

"Qual o lugar que Cuba ocupa no seu coração?", perguntaram-lhe. "Muito importante. Para mim, Cuba é muito importante", continuou. "Nós amamos a Revolução (...) e ela (a relação entre Brasil e Cuba) é muito fraterna (...) Aqui aprendi a respeitar a liderança de Fidel. Ele foi um grande modelo, um estadista, e é por isso que minha relação com Cuba é muito próxima."

Na ocasião, o fundador e presidente honorário do Partido dos Trabalhadores lamentou que o governo anterior tenha rompido relações diplomáticas com a nação caribenha e tratado a ilha "como se fosse um país inimigo". "Aprendemos e temos muito a aprender com Cuba", afirmou, "e o mais importante é que somos dois países irmãos. Juntos, seremos muito fortes."

Ele estava certo, pois ambas as nações forjaram um vínculo inquebrável que Jair Bolsonaro não conseguiu romper ao atacar desrespeitosamente o programa Mais Médicos. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em seu mais recente ataque à nação caribenha, também tentou romper essa união. Suas ações contra diversos funcionários do governo brasileiro por seu envolvimento com o Mais Médicos são nada menos que uma resposta à força que essa relação binacional representa no continente.

Os acontecimentos mais recentes nos lembram que foi Lula, ciente de que "o mundo precisa de vozes que falem em nome do que é certo, justo e sensato", que, em junho passado, na abertura da Cúpula Brasil-Caribe, condenou o bloqueio a Cuba. Já o havia feito em abril, na IX Cúpula de Líderes da CELAC, alertando para a reativação de antigas interferências.

"Cuba tem defendido uma governança global mais justa. O Brasil se opõe a quaisquer medidas coercitivas unilaterais. Rejeitamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo", declarou ele na Cúpula do G77 com a China em 2023.

Em 2021, em entrevista ao canal mexicano Once, ele se declarou admirador da Revolução Cubana e reconheceu a possibilidade de crescimento econômico caso o bloqueio fosse suspenso. Em 2014, foi um dos primeiros a pedir o fim das sanções, após o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos.

Portanto, não é de se estranhar que, diante da nova ameaça de Marco Rubio, as palavras de Lula tenham sido tão precisas. O presidente (nós) sabemos que ele está ao lado daqueles que constroem caminhos para o bem comum. "Nossa relação com Cuba é de respeito, por um povo que foi vítima de um bloqueio por 70 anos. Hoje, eles sofrem com dificuldades, por causa de um bloqueio para o qual não há justificativa. Os EUA travaram uma guerra e perderam. Aceite que perdeu e deixe os cubanos viverem em paz. Deixe os cubanos viverem suas vidas. Não tente dominar o mundo."



 

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