Reportagem deste fim de semana sobre José Dirceu, por quem
Veja nutre um estranho fascínio, é mais um exemplo da esculhambação da imprensa
e da Justiça no País; todo o texto está ancorado em relatos de supostos
servidores da Papuda que teriam falado sem se identificar, o que configura o
chamado "off" no jornalismo; essas "fontes" teriam dito que
Dirceu vem tendo direito a picanha e lanches do McDonald's na Papuda, além de
um podólogo para tratar uma unha encravada; reportagem de Veja será usada numa
manobra para enviar Dirceu a um presídio de segurança máxima, contrariando a
decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal, que lhe garante o regime
semiaberto
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247 - A revista Veja, que já invadiu um quarto de hotel em
Brasília, numa operação feita em parceria com o bicheiro Carlos Cachoeira,
entrega, neste fim de semana, mais uma armação jornalística a seus leitores,
com o objetivo de manipular o Poder Judiciário. O alvo, mais uma vez, é o
ex-ministro José Dirceu, por quem Veja nutre um estranho fascínio, tantas as
capas que lhe foram dedicadas. Desta vez, a reportagem trata de supostos privilégios
que Dirceu estaria recebendo na Papuda.
Em resumo, os privilégios seriam picanha, lanches do
McDonald's, visitas fora de horário e acesso a um podólogo, para tratar uma
unha encravada. As provas... bem, as provas, elas não existem. Todo o texto de
Veja está ancorado em declarações em "off" de supostos servidores da
Papuda. Ou seja: supostas fontes que se mantêm no anonimato. "Nas últimas
semanas, VEJA ouviu funcionários da Papuda que, sob a condição de anonimato,
revelaram detalhes do regime especial a que estão submetidos os mensaleiros.
'Aqui já teve até picanha e peixada feitas exclusivamente pra eles', conta um
servidor", diz um trecho da reportagem.
Notícias desse naipe, sem nenhuma comprovação factual,
atingem seus objetivos. Foi a suspeita de uso de um celular no presídio,
lançada na imprensa mas negada por uma sindicância interna, que impediu a
análise do pedido de trabalho externo de José Dirceu. Foi também uma nota sobre
uma feijoada o argumento usado pelo juiz Bruno Ribeiro, filho de um dirigente
do PSDB no Distrito Federal, para mandar Delúbio Soares de volta para a Papuda.
Com a capa desta semana, Veja tem alguns objetivos. Um deles
é garantir a volta de José Genoino à prisão. "Numa conversa entreouvida
por um servidor, um médico que atendia Genoino revelou ter escutado do próprio
petista a admissão de que deixara de tomar alguns remédios para provocar uma
arritmia cardíaca e, assim, poder pleitear a prisão domiciliar", diz Veja.
A prova? Mais uma vez, uma "conversa entreouvida".
No caso de Dirceu, o que move a publicação é mais grave.
Veja pretende manipular a Justiça para que um réu condenado ao semiaberto e
recentemente inocentado da acusação de formação de quadrilha seja enviado a um
presídio de segurança máxima – o que contraria a própria decisão do Supremo
Tribunal Federal. "A Justiça está analisando um pedido do Ministério
Público para que, diante da impossibilidade de controlar os privilégios
concedidos aos mensaleiros pelo governo petista de Brasília, todos eles sejam transferidos
para um presídio federal."
Nos próximos dias, o Brasil saberá se uma reportagem da
insuspeita Veja, em off, será acolhida como prova pelo Poder Judiciário.
Esculhambação? Sim, esculhambação total.
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